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Quando ver TV era evento com vizinhos e pipoca: a surpreendente história da televisão no Brasil desde 1950 até a era dos smartphones

Publicado em 25/10/2025 às 22:28
Da estreia da TV Tupi nos anos 50 sob comando de Assis Chateaubriand à era dos smartphones, a história da televisão no Brasil revela como o país transformou o ato de assistir em um espelho da sua própria modernização cultural.
Da estreia da TV Tupi nos anos 50 sob comando de Assis Chateaubriand à era dos smartphones, a história da televisão no Brasil revela como o país transformou o ato de assistir em um espelho da sua própria modernização cultural.
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Da estreia da TV Tupi em 1950 à era dos smartphones, a história da televisão no Brasil revela como um aparelho transformou o lazer, a cultura e a convivência entre gerações.

Nos primeiros anos da história da televisão no Brasil, ver TV era um acontecimento coletivo. Vizinhos levavam pipoca, bolo e café para a casa de quem tinha o único aparelho da rua, e todos se reuniam na sala para assistir às primeiras transmissões. O aparelho era símbolo de status e curiosidade tecnológica. O país se tornava, em 1950, o quarto do mundo a ter emissora própria, atrás apenas dos Estados Unidos, Inglaterra e França.

Essa novidade, porém, nasceu cheia de improvisos. Câmeras com defeito, atrasos na estreia e falta de planejamento técnico marcaram a transmissão inicial da TV Tupi, criada por Assis Chateaubriand. Ainda assim, o impacto foi imediato o Brasil entrava oficialmente na era da imagem em movimento, e começava uma revolução nos hábitos domésticos e culturais.

O nascimento da televisão brasileira

No dia 18 de setembro de 1950, às 17h30, uma menina de apenas seis anos, Sônia Maria Dór, abriu as transmissões com a frase: “Boa noite, está no ar a televisão brasileira.”

A primeira exibição da TV Tupi, no Alto do Sumaré, em São Paulo, teve falhas técnicas e improviso, mas fez história.

Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, investiu pesado: comprou 200 televisores nos Estados Unidos e os instalou em praças e locais públicos para que as pessoas pudessem ver o novo invento.

Poucas residências tinham acesso à TV começando pela casa do próprio Chatô e de seus patrocinadores.

O primeiro modelo nacional foi fabricado em 1951 pela Semp, custando o equivalente a R$ 46 mil atuais. Era o tamanho de um armário e exigia quatro homens para levantar.

TV como evento social e símbolo de status

Nos anos 50, quem possuía um televisor virava o centro do bairro. As janelas se abriam para o quintal, e famílias inteiras se reuniam para assistir aos programas ao vivo, muitos deles adaptados do rádio como radionovelas e musicais.

A programação era curta: a maior parte do dia mostrava apenas a imagem de um índio, símbolo da TV Tupi, com música de fundo. Quando o sinal voltava, era festa e expectativa.

Ter televisão era luxo e poder. O hábito de cobrir o aparelho com forros de crochê feitos à mão mostrava o cuidado com o “tesouro” da casa.

Assistir em grupo reforçava laços comunitários, transformando cada programa em ritual de convivência.

Da imagem em preto e branco às cores que mudaram o país

Enquanto a BBC e outras redes europeias testavam transmissões desde os anos 30, o Brasil demorou quase duas décadas para popularizar os aparelhos.

E as cores só chegaram de fato em 1972, com a primeira transmissão colorida feita do Rio Grande do Sul, durante um evento experimental.

Antes disso, quem queria “cor” improvisava: colocava telas plásticas coloridas sobre a TV.

Havia opções azuis, vermelhas e até modelos “arco-íris”, que tingiam a imagem inteira de tons artificiais um luxo excêntrico para a época.

A televisão em cores virou sinônimo de modernidade e consolidou o meio como principal veículo de comunicação do país nos anos 70 e 80.

A TV como espelho cultural do Brasil

Com a chegada das cores e a popularização dos aparelhos, a televisão se tornou o palco das grandes transformações culturais brasileiras.

Novelas, musicais, telejornais e humorísticos criaram referências que atravessaram décadas. Os artistas do rádio migraram para a tela, e o público ganhou rostos e expressões para as vozes que já conhecia.

A partir dos anos 70, os aparelhos ficaram mais acessíveis. Mesmo assim, em 1977 uma TV ainda custava doze vezes mais do que um modelo popular de 40 polegadas hoje, segundo estudo da USP.

Mas o investimento valia a pena: a TV unificou sotaques, hábitos e imaginários, tornando-se espelho do Brasil urbano e moderno.

Da sala de estar às telas de bolso: o declínio do protagonismo

YouTube Video

Hoje, 97% dos lares brasileiros têm pelo menos uma televisão, mas o protagonismo mudou. Smartphones, tablets e plataformas de streaming transformaram o modo de assistir e o hábito coletivo deu lugar ao consumo individual. O sofá lotado de vizinhos virou tela compartilhada via aplicativo.

Ainda assim, a televisão permanece como símbolo de união e memória nacional.

Foi diante dela que o país viu Copas do Mundo, desastres, novelas e eleições, e é dela que ainda vêm os grandes eventos de audiência simultânea, capazes de parar o país por alguns minutos.

Mais do que um objeto, a televisão é um retrato do Brasil em transformação.

Do índio da TV Tupi ao controle remoto por voz, do improviso em preto e branco à ultra definição em 4K, o país acompanhou cada passo da modernização tecnológica ao ritmo da vida cotidiana.

A história da televisão no Brasil é, no fundo, a história de como aprendemos a ver o mundo e a nos ver refletidos na tela.

E você, ainda se lembra de quando ver TV era um evento com vizinhos e pipoca? Ou já faz parte da geração que assiste tudo pelo celular? Conte nos comentários queremos saber qual é a sua lembrança mais marcante diante da tela.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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