Mesmo sem prêmios nem uvas nobres, o vinho Pérgola lidera o mercado brasileiro com sabor doce e estratégia direta ao consumidor
O vinho mais popular do Brasil não está nas listas de melhores do ano, não é o mais premiado, nem é feito com uvas viníferas reconhecidas internacionalmente. Ainda assim, o Pérgola, vinho de mesa produzido pela Vinícola Campestre, é líder absoluto em vendas no país.
Com mais de 40 milhões de garrafas vendidas por ano, o Pérgola ocupa o primeiro lugar do mercado há uma década, segundo dados da Nielsen divulgados pela própria empresa.
A receita para esse sucesso passa longe dos rótulos refinados. O segredo, segundo a Campestre, está no sabor doce e simples que agrada ao consumidor comum.
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João Zanotto, diretor-presidente da Campestre, explica que a empresa enfrentou o preconceito contra o vinho de mesa.
Para isso, usou técnicas de grandes vinícolas, investiu na cadeia produtiva e apostou numa comunicação direta com o público, levando o produto aos consumidores do jeito que eles gostam.
A empresa fatura cerca de R$ 500 milhões com a categoria e detém 20% do mercado de vinhos de mesa, que movimenta 220 milhões de litros por ano.
Mesmo sendo a categoria mais popular, ela ainda sofre com a imagem de produto inferior. Esse desafio foi enfrentado com ações práticas.
Degustações em supermercados e marketing boca a boca
Para mudar essa percepção, a Campestre investiu em ações diretas. Há mais de 20 anos, equipes da vinícola percorrem supermercados oferecendo degustações da bebida. O objetivo é apresentar o sabor ao público e quebrar preconceitos.
Além disso, a empresa treina vendedores e distribuidores para ajudar na abordagem ao cliente. Esse trabalho de base criou uma relação de confiança com o consumidor.
Mesmo sem ser o mais barato ou o mais aclamado, o Pérgola virou sinônimo de segurança. “A pessoa sabe que vai ter uma coisa que não vai errar”, disse Zanotto.
Críticas ao sabor adocicado são comuns. Muitos comparam o vinho a um suco de uva. Para o diretor da Campestre, isso não é um problema. “É justamente esse gosto simples que as pessoas gostam”, explicou.
Zanotto afirma que até mesmo consumidores da classe A compram o vinho. Segundo ele, há quem goste de vinhos finos, mas prefira algo mais doce em algumas ocasiões. O resultado foi uma mudança no próprio setor.
Ao ver o sucesso do Pérgola, outras empresas passaram a investir em vinhos de mesa com mais qualidade, abandonando o modelo antigo de garrafões e produção descuidada. “Ajudamos muito nisso”, afirmou Zanotto.
Especialização e profissionalização
A história da Campestre começa nos anos 1960, na Serra Gaúcha. Desde o início, a empresa apostou no vinho de mesa.
A decisão estratégica foi usar as melhores uvas da região – variedades como bordô e isabel – e aplicar técnicas de vinhos finos, como controle de temperatura na fermentação.
Essa especialização foi o primeiro passo para mudar a imagem do vinho de mesa. A empresa também criou uma linha de vinhos finos, com a marca Zanotto, cultivada em Vacaria, a mil metros de altitude.
As variedades usadas nessa linha incluem sangiovese, pinot noir e sauvignon blanc. O projeto é mais caro e com retorno demorado. “Tínhamos um plano de prejuízo por dez anos, mas já são 15”, revelou Zanotto.
Pérgola: Exportação em crescimento
Mesmo com foco no mercado interno, a Campestre também aposta na exportação. Em 2023, a empresa enviou 500 mil garrafas do Pérgola para os Estados Unidos. A meta agora é dobrar esse volume. Outros mercados incluem Guiana, Paraguai e países africanos.
Assim, o vinho que muitos especialistas torcem o nariz segue firme como o favorito dos brasileiros. E agora, conquista também consumidores fora do país.
Com informações de Bloomberg Línea.
Eu uso esse vinho para temperar carne de porco, lombo ou pernil.
Voce jura que nos EUA estão trocando os vinhos californianos por essa pé****…
É um bom vinho para usar como tempero, quase tão bom e bem mais barato do que o vinagre balsâmico italiano que eu usava.