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Qual motor elétrico gasta menos na estrada? A resposta envolve bobinas, 8 polos e ausência de ímãs raros

Escrito por Ana Alice
Publicado em 21/08/2025 às 18:07
Descubra qual motor elétrico consome menos energia na estrada e como o EESM supera o PSM em eficiência e autonomia em alta velocidade.
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Comparação de motores elétricos mostra como a ausência de ímãs, o uso de bobinas e a eficiência em alta velocidade podem alterar o consumo de energia em rodovias e impactar diretamente a autonomia dos veículos elétricos.

O motor síncrono excitado eletricamente (EESM) tem vantagem de consumo em alta velocidade quando comparado ao motor síncrono de ímã permanente (PSM).

A avaliação é destacada por Paul Turnbull, engenheiro da Munro Associates, ao analisar o conjunto do Nissan Ariya e explicar como a arquitetura com rotor bobinado, sem ímãs de terras raras, se comporta em regime de rodovia.

Diferença entre PSM e EESM na eficiência energética

Em trajetos urbanos, a eficiência dos dois tipos costuma ser elevada, com ganhos mais perceptíveis para o PSM em baixas rotações.

Em rodovias, porém, o quadro muda: segundo Turnbull, o EESM passa a consumir menos energia para entregar a mesma potência, favorecendo a autonomia em viagens longas.

A diferença nasce de como cada motor cria o campo magnético no rotor. No PSM, o campo é fixo graças aos ímãs permanentes.

No EESM, o campo é gerado por bobinas alimentadas eletricamente no próprio rotor. Já no assíncrono, usado em menor escala em carros elétricos recentes, o campo aparece por indução.

Embora todos trabalhem em torno do mesmo princípio — interação entre campos magnéticos de estator e rotor —, a forma de excitação altera o consumo conforme a rotação cresce.

Descubra qual motor elétrico consome menos energia na estrada e como o EESM supera o PSM em eficiência e autonomia em alta velocidade.
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Por que a estrada muda a eficiência dos motores

Em velocidades elevadas, o PSM enfrenta o chamado campo oposto induzido. À medida que o rotor gira mais rápido, a tensão induzida nele — que não pode ser controlada diretamente, pois vem dos ímãs — cria uma oposição que o inversor precisa compensar com mais corrente no estator.

Isso eleva perdas elétricas e térmicas e, por consequência, o gasto energético do conjunto. No EESM, o campo do rotor é ajustável.

O inversor pode reduzir a excitação das bobinas do rotor quando a rotação sobe, evitando que o sistema “lute” contra um campo magnético excessivo.

Esse controle diminui a corrente necessária no estator, reduz perdas por efeito Joule e melhora a eficiência justamente onde o consumo costuma ser mais crítico.

Estrutura interna do motor elétrico

Motores de carros elétricos compartilham uma estrutura básica. O estator é um cilindro oco com enrolamentos que criam o campo magnético girante.

O rotor, posicionado no interior, acompanha esse campo e entrega torque ao eixo. No Ariya analisado por Turnbull, o rotor do EESM traz oito polos formados por bobinas de cobre.

Como o rotor está em movimento, a alimentação dessas bobinas ocorre por contatos deslizantes, solução comum quando não é possível utilizar cabos fixos.

Descubra qual motor elétrico consome menos energia na estrada e como o EESM supera o PSM em eficiência e autonomia em alta velocidade. ( Reprodução/ Munro Live YouTube)
Descubra qual motor elétrico consome menos energia na estrada e como o EESM supera o PSM em eficiência e autonomia em alta velocidade. ( Reprodução/ Munro Live YouTube)

Essa arquitetura implica dois consumos elétricos distintos: corrente no estator, para formar o campo principal, e corrente no rotor, para excitar as bobinas.

À primeira vista, isso sugeriria um gasto superior ao PSM, que não requer energia no rotor.

No uso real, porém, o cenário de estrada favorece o EESM porque a possibilidade de ajustar a excitação reduz a demanda total do sistema a velocidades sustentadas.

Eficiência na cidade e na rodovia

Em trechos urbanos, com paradas frequentes e rotações mais baixas, o PSM costuma ser ligeiramente mais eficiente.

O campo fixo dos ímãs oferece alto torque específico e respostas imediatas, características úteis em baixa velocidade.

Já em rodovia, a vantagem migra para o EESM, cujo controle do fluxo do rotor evita as perdas associadas ao campo oposto induzido. Na prática, isso se traduz em menor consumo energético em cruzeiro e maior alcance por carga em viagens.

Impacto da ausência de ímãs de terras raras

Outro ponto relevante é a independência de ímãs de terras raras. O EESM não utiliza neodímio nem outros elementos cuja cadeia de suprimento é concentrada e sujeita a variações de preço, tarifas e restrições comerciais.

Essa escolha reduz a exposição a riscos geopolíticos e simplifica o descarte ou a reciclagem do motor no fim do ciclo de vida.

Montadoras que utilizam o EESM

Além do Nissan Ariya avaliado por Turnbull, o EESM aparece em projetos de diferentes fabricantes. BMW, Renault e a própria Nissan adotam variações do rotor bobinado em suas famílias elétricas.

Descubra qual motor elétrico consome menos energia na estrada e como o EESM supera o PSM em eficiência e autonomia em alta velocidade. ( Reprodução/ Munro Live YouTube)
Descubra qual motor elétrico consome menos energia na estrada e como o EESM supera o PSM em eficiência e autonomia em alta velocidade. ( Reprodução/ Munro Live YouTube)

Em alguns casos, como nos modelos com tração integral do Ariya, há EESMs nos dois eixos para distribuir torque com precisão.

Em outros, a solução combina um EESM principal e um segundo motor reservado a demandas de tração temporárias. No ecossistema Renault, o conceito de rotor bobinado vem sendo aplicado a compactos e médios.

No caso da BMW, o foco está em sistemas de propulsão integrados — motores, eletrônica de potência e transmissão — otimizados para reduzir perdas a altas velocidades, cenário em que o EESM tende a entregar seu melhor.

Autonomia em viagens de longa distância

A eficiência em velocidades de cruzeiro costuma ser o fator que mais pesa na autonomia em viagens, sobretudo em países com longas ligações rodoviárias.

Se o trem de força consegue reduzir a corrente necessária para manter 100 km/h ou 120 km/h, as perdas elétricas caem e o consumo em kWh/100 km melhora.

Essa é exatamente a faixa em que o EESM, por poder modular a excitação do rotor, obtém vantagem sobre o PSM.

Além disso, a gestão térmica trabalha com folga maior quando as correntes são menores.

Menos calor significa menor atuação de sistemas de arrefecimento e, portanto, mais economia indireta, completando o ciclo de ganhos obtidos pelo controle ativo do fluxo magnético.

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Descubra qual motor elétrico consome menos energia na estrada e como o EESM supera o PSM em eficiência e autonomia em alta velocidade. ( Reprodução/ Munro Live YouTube)

Diferenças técnicas e escolha do consumidor

Com um vocabulário técnico cada vez mais presente nas fichas de veículos elétricos, compreender a diferença entre PSM e EESM ajuda a interpretar promessas de eficiência e alcance.

Para quem roda majoritariamente em cidade, ambos entregam bons resultados.

Para quem enfrenta rodovias com frequência, a arquitetura excited tende a apresentar consumo mais baixo em cruzeiro, sobretudo quando associada a inversores modernos capazes de ajustar a excitação com rapidez e precisão.

Enquanto isso, a redução da dependência de materiais críticos segue como componente estratégico para a indústria, o que explica a expansão do EESM em diferentes marcas e segmentos.

A avaliação de Paul Turnbull, no canal da Munro Associates, mostra de forma prática como o motor do Ariya se comporta em condições que mais impactam a autonomia em viagem.

No Brasil, onde deslocamentos por rodovia são comuns, entender qual tipo de motor oferece melhor desempenho em cada situação pode ajudar consumidores e fabricantes a planejar melhor o uso da eletrificação.

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Ana Alice

Redatora e analista de conteúdo. Escreve para o site Click Petróleo e Gás (CPG) desde 2024 e é especialista em criar textos sobre temas diversos como economia, empregos e forças armadas.

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