Agricultores denunciam risco de colapso com inundação de carne e açúcar brasileiros.
Protestos em toda a França marcaram a sexta-feira (26), quando quase 3 mil agricultores ocuparam ruas e praças para denunciar os riscos do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. Segundo o Diário do Povo, as manifestações foram organizadas pelo sindicato FNSEA e receberam apoio de jovens agricultores, que temem o impacto da entrada de produtos agrícolas mais baratos vindos do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
O temor é de que a abertura do mercado europeu ao Mercosul provoque um colapso no setor agrícola francês, especialmente na pecuária e na produção de açúcar e arroz, reduzindo a margem de lucro dos produtores locais.
A pressão aumenta sobre o presidente Emmanuel Macron, que já vinha sendo criticado por não impor salvaguardas mais rígidas nas negociações.
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Medo de concorrência desleal no campo
Os agricultores franceses apontam que, com custos de produção menores nos países do Mercosul, a entrada de carne e açúcar nessas condições colocaria em risco a sobrevivência das fazendas europeias. Muitos relatam que já enfrentam dificuldades financeiras, sem margem para competir com produtos importados.
Um dos líderes locais, Pascal Verriele, agricultor há quatro décadas, afirmou que “não há mais visibilidade nem manobra para manter as propriedades ativas”, destacando que a abertura comercial ameaça toda a estrutura rural da França.
Mobilização nacional em diversas cidades
As manifestações foram realizadas em mais de 70 localidades, incluindo a entrada do Palácio de Versalhes e pontos estratégicos de Paris. Agricultores ergueram fogueiras, soltaram sinalizadores verdes e usaram tratores para bloquear acessos, num esforço para dar visibilidade às demandas do setor.
Segundo os organizadores, quase 3 mil produtores rurais participaram diretamente, mostrando que a insatisfação extrapola regiões específicas e já alcança caráter nacional. A promessa é de ampliar os atos ao longo do inverno europeu caso não haja resposta concreta do governo francês.
Governo sob pressão e resposta esperada
Arnaud Rousseau, presidente do FNSEA, afirmou que a mobilização é um recado direto a Emmanuel Macron. Segundo ele, os agricultores esperam posicionamento firme contra os termos atuais do acordo, que consideram prejudiciais à produção francesa. O sindicato também alertou que novas ondas de protestos poderão ser convocadas, mantendo o clima de tensão.
A França, que historicamente defende medidas de proteção agrícola, agora enfrenta o dilema de equilibrar seus interesses internos com os compromissos assumidos pela União Europeia nas negociações comerciais.
O acordo Mercosul–UE e suas implicações
O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, que abrange economias com PIB conjunto de US$ 4,3 trilhões, prevê a redução de tarifas e a ampliação de cotas de importação. Embora especialistas apontem que há cláusulas de salvaguarda em análise pela Comissão Europeia, agricultores franceses seguem inseguros.
Segundo produtores locais, cotas de importação isentas de tarifas também concedidas à Ucrânia já pressionam o setor, acentuando o receio de uma inundação de produtos agrícolas estrangeiros. Essa percepção reforça a ideia de que o campo europeu pode sofrer um impacto irreversível caso as condições não sejam revistas.
Os protestos em toda a França evidenciam o choque de interesses entre abertura comercial e proteção agrícola. Para os agricultores, o risco de falência de milhares de propriedades não é apenas econômico, mas também social, já que impacta diretamente a segurança alimentar e a identidade cultural do país.
E você, acredita que o acordo Mercosul–UE pode realmente colocar em risco a agricultura francesa? Ou vê a abertura comercial como uma oportunidade inevitável para o bloco europeu? Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir diferentes visões sobre esse impasse.