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Proteínas de leite sem vaca: tecnologia usa bactérias para criar queijos e iogurtes veganos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 22/07/2025 às 14:08
queijos, iogurtes
Foto: Reprodução
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Uma nova tecnologia pode mudar completamente o mercado de laticínios. Cientistas conseguiram produzir proteínas do leite sem usar vacas, com ajuda de bactérias modificadas. Isso abre caminho para queijos e iogurtes veganos com o mesmo valor nutricional dos produtos tradicionais, mas de forma sustentável.

Cientistas conseguiram algo inédito: usar bactérias para produzir proteínas essenciais do leite, sem qualquer ingrediente de origem animal.

Essa descoberta abre caminho para queijos e iogurtes veganos que imitam os produtos tradicionais em nível molecular, sem lactose, crueldade animal ou impacto ambiental elevado.

Caseína sem origem animal

O estudo, publicado na Trends in Biotechnology, apresenta dois métodos de produção da caseína. Essa proteína é fundamental nos laticínios e muito valorizada por seu valor nutricional e funcionalidade.

Ela fornece aminoácidos essenciais e é usada tanto na alimentação infantil quanto adulta.

Com um mercado global avaliado em US$ 2,7 bilhões em 2023, a busca por alternativas sem origem animal vem crescendo.

A solução pode estar justamente no uso de microrganismos modificados para produzir essas proteínas.

Desafio da fosforilação

As indústrias já utilizam microrganismos para fabricar suplementos e enzimas. Mas reproduzir a caseína com todas as suas características exigiu algo a mais.

A principal dificuldade está na fosforilação, processo que adiciona grupos fosfato às proteínas.

Essa etapa é essencial para que a caseína se ligue ao cálcio, formando as micelas — estruturas que garantem estabilidade ao leite e ajudam no transporte de cálcio e fosfato no corpo.

Duas estratégias inovadoras

Para superar esse desafio, os cientistas adotaram duas abordagens.

Primeiro, modificaram bactérias para coexpressar três proteínas quinases de Bacillus subtilis. Essas enzimas são capazes de fosforilar proteínas, imitando o processo natural.

Depois, criaram uma versão fosfomimética da αs1-caseína. Nessa versão, os resíduos de serina normalmente fosforilados foram substituídos por ácido aspártico.

O objetivo foi simular a carga negativa da fosforilação e suas propriedades funcionais.

Resultados promissores

Os testes feitos com as duas versões da caseína bacteriana mostraram bons resultados. A capacidade de se ligar ao cálcio foi alta, e tanto a digestibilidade quanto a estrutura das proteínas ficaram comparáveis às da caseína bovina.

A versão fosforilada imita com mais fidelidade a proteína do leite natural. Já a versão fosfomimética oferece uma solução mais simples para alcançar funcionalidades semelhantes.

Apesar dos avanços, os pesquisadores alertam que ainda são necessárias análises quantitativas adicionais.

O objetivo é entender melhor o potencial dessas proteínas microbianas e viabilizar sua produção em larga escala para alimentos sustentáveis e livres de crueldade.

Estudo disponível em CELL.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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