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Proposta da reforma administrativa causa racha entre deputados e governo por prever corte de salários iniciais e fim de benefícios de servidores

Publicado em 06/10/2025 às 11:46
A reforma administrativa divide governo e deputados ao propor corte de salários e revisão de benefícios de servidores públicos, com foco em premiar o desempenho e reduzir gastos, reacendendo o debate sobre o futuro do serviço público no Brasil.
A reforma administrativa divide governo e deputados ao propor corte de salários e revisão de benefícios de servidores públicos, com foco em premiar o desempenho e reduzir gastos, reacendendo o debate sobre o futuro do serviço público no Brasil.
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Proposta da reforma administrativa apresentada na Câmara mira reduzir gastos com pessoal, corta salários de entrada, restringe benefícios e fixa novas regras para carreiras, mas enfrenta resistência do governo e de líderes partidários.

A reforma administrativa voltou ao centro do debate em Brasília com a apresentação, na Câmara, de um texto que corta salários iniciais, limita benefícios e redesenha regras de progressão e gestão de pessoal. A iniciativa, relatada por Pedro Paulo, tenta disciplinar despesas e impor parâmetros comuns a União, estados e municípios, mas provocou um racha imediato entre integrantes do governo e deputados que participaram do grupo de trabalho, segundo a Folha de S. Paulo.

O desconforto político cresceu porque o parecer trouxe medidas consideradas impopulares, como redução de 50% dos salários de entrada, criação de tabela salarial única e fim de licenças e penduricalhos. Mesmo após concessões ao Ministério da Gestão, a avaliação nos bastidores, relatada pela Folha de S. Paulo, é de que a votação não deve avançar no curto prazo.

O que a proposta muda no serviço público

O eixo central da reforma administrativa é conter a trajetória de gastos com pessoal e aproximar carreiras de métricas de desempenho.

O texto prevê que a progressão não será automática e que o servidor levará, no mínimo, 20 anos para chegar ao topo da carreira.

A intenção, é vincular remuneração a entregas e avaliações periódicas.

Outro pilar é a tabela salarial única para os entes federativos. A medida busca padronizar pisos e tetos dentro de famílias de cargos, reduzindo disparidades regionais.

Críticos alertam para perda de autonomia local e para o risco de judicialização em larga escala.

Por que o texto rachou governo e Câmara

Integrantes do governo e parlamentares da base consideram que a reforma administrativa deveria tramitar com mais debate técnico em comissão especial.

A leitura é que o pacote, como está, afronta categorias com forte poder de pressão, o que pode inviabilizar a articulação em ano pré-eleitoral.

Do lado do relator, o argumento é que as regras espelham exigências já aplicadas ao nível federal, como limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A divisão política, porém, é explícita. Apenas cinco dos 17 membros do grupo de trabalho assinaram a proposta.

Salários iniciais e progressão: o ponto mais sensível

O corte de salários iniciais em 50% é o item que mais mobiliza reações. Defensores dizem que entradas mais baixas, com trilha de evolução longa, alinham o Brasil a modelos internacionais e reduzem o prêmio salarial sobre o setor privado na porta de entrada.

A progressão mínima de 20 anos para o topo também divide opiniões.

Para apoiadores, desacopla a remuneração do mero tempo de serviço e privilegia mérito. Para críticos, engessa carreiras, desconsidera assimetrias regionais e pode ampliar contenciosos em tribunais de contas e justiça comum.

Teto de gastos locais, cargos e comissionados

O texto leva o teto de gastos ao Legislativo e ao Judiciário de estados e municípios, além de limitar o número de secretarias onde a máquina consome mais do que arrecada.

A proposta fixa que até 5% dos cargos providos poderão ser comissionados, chegando a 10% em cidades pequenas, com metade ocupada por servidores efetivos.

Para defensores, isso reduz nomeações políticas e dá previsibilidade à folha. Para prefeitos e assembleias, é intromissão federativa que pode conflitar com realidades locais. A Folha de S. Paulo relatou que líderes municipais temem paralisar estruturas administrativas que já operam no limite.

Benefícios e penduricalhos: o que pode acabar

A reforma administrativa propõe extinguir licença-prêmio, adicional por férias não usufruídas e verbas indenizatórias sem lei nacional específica.

Também acaba com férias acima de 30 dias e com a aposentadoria compulsória como punição disciplinar, prática criticada por órgãos de controle.

Para apoiadores, é uma limpeza de privilégios e um recado de isonomia. Para opositores, demoniza o funcionalismo e pode esvaziar carreiras estratégicas.

Categorias com poder de mobilização, como magistrados e procuradores, tendem a pressionar pela retirada ou suavização desses pontos, o que pode desidratar o pacote no caminho ao plenário.

Desempenho, bônus e honorários

O projeto condiciona bônus anual de até quatro salários a avaliações de desempenho, vinculando parte da remuneração a metas institucionais.

A Folha de S. Paulo destaca o debate sobre métricas mensuráveis, calibragem de metas e riscos de incentivos distorcidos em áreas onde o trabalho é cooperativo.

Quanto aos honorários de sucumbência na advocacia pública, a gestão dos valores passaria à administração, com submissão ao teto constitucional e vinculação a produtividade. Entidades da carreira argumentam, segundo a Folha de S. Paulo, que a mensuração individual ignora a natureza coletiva dos processos e pode afetar a atração de talentos.

Cenário de tramitação e probabilidade de avanço

Mesmo com apoio do presidente da Câmara ao debate, a reforma administrativa enfrenta ceticismo dentro e fora do governo.

A aposta de líderes é que pontos mais duros caiam ou sejam suavizados em negociação. Sindicatos e associações já se articulam para contestar trechos e empurrar a discussão para 2026.

A retirada do estatutário temporário por até dez anos foi um gesto ao Planalto, mas não bastou para pacificar.

A tendência, segundo a Folha de S. Paulo, é fatiar o texto ou priorizar consensos mínimos, como ajustes de avaliação e transparência, deixando medidas estruturais para um ambiente político menos polarizado.

A reforma administrativa apresentada tenta recalibrar gasto com pessoal, premiar desempenho e cortar benefícios vistos como privilégios.

O custo político, porém, é alto. Sem ampla coordenação entre governo, bases e carreiras, o risco é aprovar pouco e frustrar muito.

Se prosperar, pode redefinir incentivos e trajetórias de carreira no setor público. Se travar, renova a sensação de paralisia diante de um tema recorrente.

E você, acredita que a reforma administrativa deve reduzir salários iniciais e restringir benefícios para equilibrar as contas, ou vê nisso um ataque à atratividade do serviço público que pode piorar a entrega à sociedade? Qual ponto você mudaria primeiro: salários de entrada, fim de penduricalhos ou avaliação com bônus? Deixe sua opinião nos comentários.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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