Com grandes reservas e pouca estratégia, a extração de minérios para a transição energética traz os mesmos dilemas de outros ciclos exploratórios
Os chamados minerais críticos, essenciais para a transição energética, são o novo foco das grandes potências econômicas. Materiais como lítio, níquel, cobalto, cobre, grafite e terras raras têm se tornado vitais para a segurança econômica e a transformação rumo a uma economia de baixo carbono. Países como China e Estados Unidos priorizam esses minérios para garantir sua segurança econômica, enquanto a União Europeia e o Canadá veem neles a chave para um futuro sustentável, de acordo com o site jota.
O Brasil, com suas vastas reservas de nióbio, grafite, terras raras e níquel, está em posição privilegiada. O país possui 94,12% das reservas globais de nióbio, 22,42% das de grafite, 16,15% das de terras raras e 16% do níquel mundial. Esses recursos naturais, essenciais para a fabricação de baterias e linhas de transmissão de energia, posicionam o Brasil como um jogador crucial na corrida por uma economia verde.
Desafios de um velho conhecido: a falta de estratégia e o risco de repetir erros
Apesar do imenso potencial, o Brasil enfrenta desafios históricos na exploração mineral. A falta de uma estratégia clara e a dependência de exportações de matérias-primas sem valor agregado ameaçam repetir os erros de ciclos anteriores de exploração. Elaine Santos, pesquisadora da USP, destaca a falta de coesão entre governo, empresas e outros atores na definição de uma estratégia nacional. O país se depara com a escolha entre seguir o caminho tradicional de grande exportador de minérios ou desenvolver uma indústria verde localmente, que poderia garantir maior desenvolvimento econômico de longo prazo e criar empregos de qualidade.
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Além disso, o conhecimento geológico do país ainda é limitado. Apenas 48% do território brasileiro está mapeado, e as áreas mais ricas em minerais, como a Amazônia, são as menos estudadas. Esse cenário dificulta a exploração eficiente e segura das jazidas, elevando os riscos para investidores e o potencial de danos ambientais.
Riscos e regulação: lições dos desastres passados
A exploração mineral no Brasil carrega um histórico de desastres ambientais e falhas regulatórias. Os rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho e o colapso da exploração de sal-gema em Maceió evidenciam as fragilidades do setor. Esses eventos não só causaram destruição ambiental, mas também afetaram profundamente comunidades locais, reforçando a necessidade de uma regulação mais rigorosa e de um modelo sustentável para a exploração de minerais estratégicos.
A pressão para explorar regiões sensíveis, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação, adiciona uma camada de complexidade ao desafio. Ambientalistas alertam para a necessidade de proteção dessas áreas e de um licenciamento ambiental mais rigoroso. No entanto, a inclusão de projetos em áreas de risco, como a exploração de ouro na Volta Grande do Xingu, mostra que o país ainda tem um longo caminho a percorrer para equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e social.
O Brasil está à beira de uma nova era de exploração mineral, com potencial para liderar a transição energética global. No entanto, sem uma estratégia clara e sustentável, corre o risco de repetir os mesmos erros do passado, onde as riquezas naturais beneficiaram poucos e deixaram um rastro de desigualdade e degradação ambiental.