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Promessa do futuro, heranças do passado: o desafio de explorar minerais críticos no Brasil

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 30/08/2024 às 00:50
“terras raras”, “minerais críticos”, “mineração”, “mineradora”
foto/reprodução: ia

Com grandes reservas e pouca estratégia, a extração de minérios para a transição energética traz os mesmos dilemas de outros ciclos exploratórios

Os chamados minerais críticos, essenciais para a transição energética, são o novo foco das grandes potências econômicas. Materiais como lítio, níquel, cobalto, cobre, grafite e terras raras têm se tornado vitais para a segurança econômica e a transformação rumo a uma economia de baixo carbono. Países como China e Estados Unidos priorizam esses minérios para garantir sua segurança econômica, enquanto a União Europeia e o Canadá veem neles a chave para um futuro sustentável, de acordo com o site jota.

O Brasil, com suas vastas reservas de nióbio, grafite, terras raras e níquel, está em posição privilegiada. O país possui 94,12% das reservas globais de nióbio, 22,42% das de grafite, 16,15% das de terras raras e 16% do níquel mundial. Esses recursos naturais, essenciais para a fabricação de baterias e linhas de transmissão de energia, posicionam o Brasil como um jogador crucial na corrida por uma economia verde.

Desafios de um velho conhecido: a falta de estratégia e o risco de repetir erros

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foto/reprodução: notíciasdemineraçãobrasil

Apesar do imenso potencial, o Brasil enfrenta desafios históricos na exploração mineral. A falta de uma estratégia clara e a dependência de exportações de matérias-primas sem valor agregado ameaçam repetir os erros de ciclos anteriores de exploração. Elaine Santos, pesquisadora da USP, destaca a falta de coesão entre governo, empresas e outros atores na definição de uma estratégia nacional. O país se depara com a escolha entre seguir o caminho tradicional de grande exportador de minérios ou desenvolver uma indústria verde localmente, que poderia garantir maior desenvolvimento econômico de longo prazo e criar empregos de qualidade.

Além disso, o conhecimento geológico do país ainda é limitado. Apenas 48% do território brasileiro está mapeado, e as áreas mais ricas em minerais, como a Amazônia, são as menos estudadas. Esse cenário dificulta a exploração eficiente e segura das jazidas, elevando os riscos para investidores e o potencial de danos ambientais.

Riscos e regulação: lições dos desastres passados

A exploração mineral no Brasil carrega um histórico de desastres ambientais e falhas regulatórias. Os rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho e o colapso da exploração de sal-gema em Maceió evidenciam as fragilidades do setor. Esses eventos não só causaram destruição ambiental, mas também afetaram profundamente comunidades locais, reforçando a necessidade de uma regulação mais rigorosa e de um modelo sustentável para a exploração de minerais estratégicos.

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A pressão para explorar regiões sensíveis, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação, adiciona uma camada de complexidade ao desafio. Ambientalistas alertam para a necessidade de proteção dessas áreas e de um licenciamento ambiental mais rigoroso. No entanto, a inclusão de projetos em áreas de risco, como a exploração de ouro na Volta Grande do Xingu, mostra que o país ainda tem um longo caminho a percorrer para equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e social.

O Brasil está à beira de uma nova era de exploração mineral, com potencial para liderar a transição energética global. No entanto, sem uma estratégia clara e sustentável, corre o risco de repetir os mesmos erros do passado, onde as riquezas naturais beneficiaram poucos e deixaram um rastro de desigualdade e degradação ambiental.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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