Maior fazenda de cacau do mundo na Bahia terá US$ 300 milhões de investimentos e promete gerar novos empregos e renda. Entenda porque dono da Schmidt Agrícola recebe o nome de ‘Rei do Cacau‘.
Um novo e ambicioso projeto foi anunciado no dia 28 de abril e promete transformar radicalmente o mercado global de cacau. Trata-se da instalação da maior fazenda de cacau do mundo, que será construída no cerrado do oeste da Bahia, região que até então não era tradicionalmente associada ao cultivo dessa commodity. À frente do projeto está o empresário Moisés Schmidt, da Schmidt Agrícola, que ganhou destaque nacional e internacional ao ser apelidado de Rei do Cacau após revelar um aporte impressionante de US$ 300 milhões no setor. A iniciativa não apenas reposiciona o Brasil como um player estratégico na produção mundial de cacau, como também sinaliza uma nova era para a agricultura de alto desempenho na Bahia.
Com tecnologia de ponta, técnicas modernas de cultivo e foco em escala industrial, a expectativa é que o empreendimento impulsione a economia local e altere o equilíbrio da oferta global da matéria-prima usada na produção de chocolates e derivados.
Brasil pode se tornar principal player no mercado de cacau global
O investimento milionário será voltado para Riachão das Neves (BA), uma área maior que a ilha de Manhattan, tenrificada, irrigada e voltada à produção de cacaueiros de alto rendimento. Segundo o Rei do Cacau, acredita que o país se tornará o celeiro de cacau do mundo e está confiante de que o Brasil pode ganhar grande destaque e protagonismo no segmento.
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O plano envolve a implantação de cacaueiros em 10 mil hectares, com uma densidade de 1.600 árvores por hectare, enquanto plantações convencionais possuem cerca de 300. A expectativa é revolucionar a produtividade: os primeiros 400 hectares já mostram produtividade de 3.000 kg por hectare, o que está 10 vezes acima da média nacional e 6 vezes superior à da Costa do Marfim. O objetivo é chegar aos 4 mil kg por hectare.
A maior fazenda de cacau do mundo na Bahia utiliza tecnologia de irrigação por microaspersão, manejo agrícola de precisão e propagação de mudas via seleção positiva. Para garantir mudas de alta qualidade, o empresário também criou o BioBrasil, o maior viveiro de mudas de cacau do mundo, com capacidade de produção de até 10 milhões de mudas anualmente.
Megaprojeto conta com parcerias de gigantes do setor
Segundo Tales Rocha, agrônomo da TRF Consultoria, o método utilizado na fazenda é revolucionário. Dentro de 5 anos, tudo o que se sabe sobre a produção de cacau poderá estar ultrapassado. O empreendimento do “Rei do Cacau” está atraindo o interesse de gigantes do setor.
A Cargill, por exemplo, participa da fase inicial do cultivo e negocia a expansão da parceria. A maior fornecedora de produtos de cacau e chocolate do mundo, Barry Callebaut, também fechou acordo para instalar uma fazenda de 5 mil hectares na Bahia. Já a Mars, fabricante de M&Ms e Snickers, montou um campo de testes próximo ao projeto.
Para o produtor, o investimento se mantém viável mesmo a preços de US$ 4 mil por tonelada, e se torna altamente rentável acima de US$ 6 mil, patamar atual do mercado. Atualmente, cerca de 5 milhões de toneladas de cacau por ano são consumidos mundialmente, mas a demanda pode alcançar até 10 milhões em 2050, segundo a International Cocoa Organization.
Principais desafios da maior fazenda de cacau do mundo na Bahia
Apesar do entusiasmo, o empreendimento também traz algumas preocupações. Karina Peres Gramacho, fitopatologista da CEPLAC, alerta para os riscos do uso massivo de clones genéticos, que podem favorecer a propagação de doenças como a Vassoura-de-Bruxa, responsável por dizimar plantações na década de 80.
Além disso, há dúvidas sobre a qualidade sensorial do cacau cultivado a pleno sol. Contudo, testes da Mars e do Centro de Inovação do Cacau mostram que não há perda de qualidade perceptível, reforçando que o diferencial maior está no cuidado com a pós-colheita, como fermentação e secagem.
Segundo Moisés Schmidt, há tecnologia, profissionais capacitados e agora uma oportunidade histórica para que o Brasil domine essa nova era da cacauicultura.