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Projeto de lei quer vetar usinas que utilizam queima de resíduos como fonte de energia em Joinville

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 11/06/2025 às 10:35
Projeto de lei quer vetar usinas que utilizam queima de resíduos como fonte de energia em Joinville
Imagem gerada por inteligência artificial
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Texto propõe banir tecnologias de queima de resíduos sólidos, como pirólise e plasma, e reacende debate entre defensores da reciclagem, usinas de energia e metas ambientais do Brasil.

A Câmara Municipal de Joinville está analisando um projeto de lei que pretende proibir a implantação de usinas que utilizem a queima de resíduos sólidos urbanos como forma de destinação final. A proposta inclui a vedação de tecnologias com recuperação energética — como pirólise, gaseificação, plasma e coprocessamento — e tem como justificativa central a preservação do trabalho de catadores de materiais recicláveis, além de alertas sobre riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

Projeto de lei menciona exclusão de catadores e perda de materiais recicláveis

O projeto afirma que a adoção de processos de incineração, mesmo com aproveitamento energético, retira do fluxo da reciclagem materiais que ainda poderiam gerar renda para catadores. De acordo com a justificativa, resíduos com potencial de reaproveitamento têm sido descartados de forma misturada, o que inviabiliza sua separação posterior e reduz a participação desses profissionais na cadeia produtiva.

A proposta cita a Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevista na Lei nº 12.305/2010, que reconhece a importância das cooperativas e associações de catadores no sistema de gestão de resíduos. Ainda segundo o texto, muitos desses trabalhadores não são ouvidos nas decisões públicas e enfrentam dificuldades para acessar os materiais necessários para manter sua atividade.

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Riscos à saúde e ao meio ambiente também são apontados no projeto de lei

Outro argumento usado no projeto de lei se refere à emissão de poluentes durante a queima de resíduos em usinas. O documento aponta que compostos como dioxinas e furanos, liberados durante o processo de incineração de lixo urbano, são classificados como substâncias cancerígenas por organizações internacionais de saúde.

A justificativa também menciona a proximidade de possíveis usinas com áreas residenciais e ecossistemas sensíveis em Joinville. Para os autores da proposta, esse cenário aumentaria os riscos sanitários para a população e poderia afetar a biodiversidade local.

Projeto de lei considera recuperação energética uma substituição ineficaz

O texto do projeto argumenta que o uso de tecnologias de queima de resíduos em usinas não constitui uma solução definitiva para o problema do lixo urbano. Em vez de incentivar a separação e o reaproveitamento de materiais, a incineração consumiria resíduos recicláveis e produziria novos tipos de poluição.

Com isso, o projeto de lei busca impedir qualquer instalação na cidade que utilize o lixo como fonte de energia, mesmo que o processo envolva tecnologias avançadas. Segundo os autores, a prática comprometeria políticas locais de incentivo à reciclagem e à inclusão de catadores.

Associação do setor de energia critica o conteúdo do projeto

A proposta recebeu oposição da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), que atua em defesa do uso de tecnologias para aproveitamento energético. A entidade afirma que o projeto desconsidera fundamentos legais e compromissos ambientais assumidos pelo Brasil.

A ABREN argumenta que a proibição genérica da queima de resíduos interfere em competências atribuídas à União, como a formulação da política energética nacional. A associação também cita a própria Lei nº 12.305/2010, que admite o aproveitamento energético como forma de destinação final de resíduos.

Entidade diz que reciclagem e recuperação energética podem coexistir

Yuri Schmitke, presidente da ABREN, afirma que a implementação de usinas não substitui a atividade dos catadores. Segundo ele, a recuperação energética atua no tratamento dos rejeitos que não são recicláveis e que, quando destinados a aterros, contribuem para a emissão de metano — um gás com efeito estufa significativo.

A associação aponta que diversos países utilizam a incineração com critérios técnicos rigorosos e defende que o Brasil deve avançar nesse sentido. Para a ABREN, rejeitar todas as formas de queima de resíduos compromete metas ambientais, como as previstas na Lei do Combustível do Futuro, que incentiva o uso de resíduos como alternativa a combustíveis fósseis.

Inclusão de catadores é defendida com outras soluções

A ABREN reconhece a importância da inclusão dos catadores no sistema de gestão de resíduos, mas sugere que isso seja feito por meio de programas de capacitação, infraestrutura adequada e investimentos públicos. A entidade afirma que a criação de usinas com tecnologias seguras pode coexistir com políticas de reciclagem.

Segundo a associação, o projeto de lei de Joinville impede a aplicação de soluções integradas e dificulta o cumprimento de metas de redução de emissões. A entidade ressalta a necessidade de decisões baseadas em evidências técnicas e não apenas em posicionamentos políticos.

O projeto de lei segue em análise pelas comissões da Câmara Municipal. A proposta ainda não tem data definida para ser votada em plenário. O debate em torno da queima de resíduos em usinas continua mobilizando entidades do setor, representantes públicos e trabalhadores da reciclagem em Joinville.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

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