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Produtor de soja dos EUA cobra o presidente Donald Trump: ‘Precisamos de ações agora, não apenas de palavras’

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 20/09/2025 às 13:24
Produtor de soja dos EUA pressiona Trump: tarifas e perda de mercado chinês ampliam crise no campo e ameaçam sustento de milhares de famílias.
Produtor de soja dos EUA pressiona Trump: tarifas e perda de mercado chinês ampliam crise no campo e ameaçam sustento de milhares de famílias.
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Produtores americanos enfrentam perdas bilionárias com tarifas e falta de mercado, enquanto trabalhadores somem e a crise ameaça a sobrevivência no campo.

A pressão sobre os agricultores americanos cresce a cada safra. De um lado, a política de imigração do governo Trump vem restringindo a entrada de trabalhadores.

Do outro, tarifas comerciais reduziram drasticamente as exportações de soja para a China, principal mercado consumidor mundial.

O resultado é um cenário de perdas bilionárias, estoques represados e um futuro incerto para milhares de famílias que dependem do campo.

Queda drástica na força de trabalho

Dados do Bureau of Labor Statistics revelam que a força de trabalho agrícola nos Estados Unidos caiu 7% entre março e julho.

O recuo representa 155 mil trabalhadores a menos em apenas quatro meses. Informações do Pew Research apontam uma perda ainda maior: cerca de 150 mil trabalhadores imigrantes entre janeiro e julho.

Essa redução atinge diretamente propriedades que dependem da mão de obra temporária para a colheita.

No Congresso, um parlamentar republicano da Pensilvânia prepara um projeto de lei para tentar aliviar a crise. Porém, especialistas já alertam que a medida pode chegar tarde demais para muitos produtores.

Tarifas derrubam exportações

A situação se complica ainda mais com os efeitos da guerra comercial.

O governo Trump impôs tarifas que desencadearam medidas retaliatórias da China.

Dados da American Soybean Association mostram a gravidade: em 2024, Pequim gastou mais de US$ 3 bilhões em soja americana apenas no segundo trimestre. Neste ano, até agora, não comprou nada.

O vazio deixado pelos chineses afeta de forma brutal os produtores. Caleb Ragland, presidente da American Soybean Association, descreveu o impacto como um “um incêndio de grandes proporções” para o setor.

Ele lembrou que a China responde por 61% do consumo mundial de soja e que 25% da produção dos EUA era destinada a esse mercado.

Estamos começando a colheita e temos 0 vendido para a China. Isso significa que 25% de nossas vendas simplesmente desapareceram. Com as tarifas, nosso preço ficou 20% mais alto que o da soja brasileira. Então, os chineses estão comprando de outros fornecedores. As famílias de agricultores estão sofrendo”, afirmou.

Prejuízos em alta

Com o mercado travado, a oferta sobra e os preços despencam. Ragland citou o caso de Chicago, onde a soja chegou a pouco mais de US$ 9 por bushel.

Em locais com custos de transporte maiores, como Dakota do Norte, o valor caiu para pouco acima de US$ 8.

O problema se agrava porque o custo médio de produção gira em torno de US$ 12 por bushel. Ou seja, cada unidade vendida gera prejuízo. “O agricultor americano já enfrenta altos custos de produção. Com tarifas sobre insumos como fertilizantes e equipamentos, a situação piora. As tarifas sobre aço, por exemplo, encarecem diretamente o maquinário agrícola”, destacou Ragland.

Longo prazo ameaçado

A conta é pesada. Estimativas indicam que agricultores podem perder mais de US$ 200 por acre com a atual safra. Ragland, que cultiva 1.200 acres de soja, calcula prejuízo de US$ 240 mil neste ciclo. “Não existe Airbnb ou labirinto de milho que compense perdas desse tamanho. São investimentos de longo prazo em terra, maquinário e infraestrutura. Não dá para entrar e sair do setor de um ano para outro”, ressaltou.

Além disso, ele lembrou que a relação comercial com a China levou mais de 40 anos para ser construída. “Foi uma parceria extremamente importante. Não precisamos de barreiras artificiais que nos tornem menos competitivos. Precisamos de mercado aberto. A soja é o principal produto agrícola de exportação do nosso país. Se perdermos esse espaço, não há substituto à altura”, completou.

Caminhos incertos

Alguns agricultores americanos tentam diversificar a renda. Experiências com turismo rural, hospedagem e atividades de lazer em fazendas ganharam espaço. Mas, para a maior parte dos produtores de grãos, essas alternativas não compensam os prejuízos milionários.

O temor é de que muitos não consigam se manter no negócio. “Temos famílias inteiras dedicadas à produção. Não se trata apenas de estatísticas, mas de sobrevivência de comunidades inteiras”, alertou Ragland.

O setor agropecuário sempre foi visto como base da economia e da identidade americana. Porém, as pressões simultâneas da falta de mão de obra e da perda de mercados internacionais colocam esse pilar em risco.

Pressão sobre o governo

Enquanto agricultores enfrentam perdas, cresce a pressão sobre autoridades em Washington. Parlamentares discutem medidas emergenciais, mas a complexidade do problema exige soluções de médio e longo prazo.

É necessário equilibrar segurança na política de imigração, sem sufocar a oferta de trabalhadores no campo, além de rever os impactos das tarifas sobre insumos e exportações.

A cada colheita, a urgência aumenta. Os estoques crescem, os preços caem, e os produtores veem seus compromissos financeiros se acumularem.

Para Ragland e os mais de 500 mil agricultores de soja do país, a resposta precisa vir rápido. “Nós sabemos produzir. Nós temos qualidade. O que falta é oportunidade. Precisamos competir em condições justas. Sem isso, a agricultura americana vai sangrar e perder o espaço que conquistou ao longo de décadas”, concluiu.

Com informações de ABC News.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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