Os câmbios automáticos podem dar dor de cabeça. Veja quais transmissões problemáticas mais geram custo no Brasil e como evitar prejuízo ao comprar um usado.
Os câmbios automáticos de alguns veículos no Brasil viraram verdadeiras dores de cabeça para os motoristas, e isso se explica. Especialistas e usuários relatam falhas, trocas bruscas e custos de manutenção elevados em várias transmissões, particularmente entre 2010 e 2017, no mercado nacional.
O problema atinge carros de grandes montadoras e modelos populares — portanto, vale atenção redobrada quando for escolher um usado.
O avanço da tecnologia e a busca por conforto fizeram com que os câmbios automáticos se tornassem cada vez mais comuns, mas a promessa de “dirigir sem pisar na embreagem” nem sempre se concretizou com tranquilidade.
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Sistemas como CVT (transmissão continuamente variável), de dupla embreagem (“DSG” ou “DCT”) ou automatizados simples passaram a apresentar falhas ainda mais visíveis no trânsito pesado das cidades brasileiras.
Os câmbios automáticos que mais causaram problemas
1. Fiat Dualogic/GSR
Esse câmbio automatizado foi usado em modelos como Palio, Punto, Linea, Argo e até na Strada.
Os relatos apontam “solavancos” nas trocas e hesitação em acelerações, a ponto de o usuário sentir que “o carro pensava antes de engatar” a marcha.
Um erro grave no sensor de seleção de marchas fez com que o câmbio entrasse em neutro sem aviso, levando a um recall de 11.897 unidades em 2018.
Os custos de manutenção eram altos — peças como embreagem ou atuadores podiam custar até R$ 6 mil ou mais.
Portanto, ao analisar um usado com esse câmbio, verifique histórico de manutenções e evite se não tiver confiança.
2. Ford PowerShift
A Ford apostou na transmissão de dupla embreagem em modelos como Fiesta, Focus e EcoSport. Mas o sistema sofreu com superaquecimento, trepidações, ruídos e travamentos completos.
A fabricante evitou recall formal, mas estendeu a garantia da transmissão para cinco anos.
Reparos podem ultrapassar R$ 10 mil.
Logo, esse câmbio automático é outro que exige cautela ao comprar usado.
3. Volkswagen i‑Motion
Empregado em modelos mais populares como Gol, Fox, Polo, Voyage, o i‑Motion foi uma tentativa de democratizar o automático.
Porém, sofreu com embreagem com desgaste precoce, trancos perceptíveis e falta de controle em manobras lentas.
Manutenção desses componentes pode variar de R$ 4 mil a R$ 7 mil em muitos casos.
Logo, apesar de barato à época, esse tipo de câmbio automático pode significar elevados riscos de custo.
4. PSA AL4
Usado por marcas francesas como Peugeot e Citroën, em modelos como 206, 307, C3, a AL4 era uma transmissão automática de quatro marchas que gerou reclamações sobre imprecisão, patinagem e consumos elevados.
Reparos podiam variar de R$ 1,5 mil até R$ 12 mil, dependendo da gravidade.
Ou seja, um exemplo clássico de câmbio automático cuja simplicidade aparente escondia falhas que se tornaram pesadas para o bolso.
5. Volkswagen DSG (DQ200)
Considerado tecnologicamente evoluído, o DSG de dupla embreagem da Volkswagen prometia desempenho e agilidade.
Porém, no Brasil, apresentou fragilidades como vibrações, falhas mecatrônicas e desgaste acelerado, especialmente em versões com módulo “a seco” (sem banho de óleo).
O que todo comprador de carro usado com câmbio automático deve checar
- Verifique histórico de manutenção, especialmente se o modelo possui câmbios automáticos com histórico questionável.
- Faça um teste drive: perceba se há trancos nas trocas, hesitação ou vibração — sinais de que o câmbio automático pode estar comprometido.
- Consulte fóruns, recall e listas de reclamações no Procon para o modelo em questão.
- Prefira veículos com revisões em concessionárias ou oficinas especializadas em transmissão automática.
- Considere o custo de manutenção: mesmo se o veículo estiver barato, um reparo em câmbio automático pode ultrapassar R$ 10 mil ou mais.
Por que, afinal, os câmbios automáticos geram tanta dor de cabeça?
Alguns fatores explicam: a complexidade das transmissões automáticas — com mais peças móveis, sensores, módulos eletrônicos — eleva o risco de falha e o custo de reparo.
Além disso, adaptações insuficientes ao uso urbano intenso brasileiro, trânsitos frequentes e manutenção preventiva negligenciada agravam o problema.
Enquanto isso, muitos consumidores assumem que “câmbio automático” é sinônimo de conforto absoluto — mas, na prática, sem manutenção, o oposto pode se aplicar.
Vale optar pelo automático, mas com cabeça
Os câmbios automáticos introduziram um nível de praticidade desejado por muitos motoristas, sobretudo em cidades e trânsito pesado.
Entretanto, como vimos, nem todas as transmissões automáticas se mostraram confiáveis.
Se você está pensando em comprar um carro usado com câmbio automático, ou se já possui um, atenção, manutenção e informação são essenciais.
Cuidados essenciais ao comprar carros automáticos usados
Comprar carros automáticos usados pode ser uma ótima opção para quem busca conforto e praticidade no dia a dia, mas exige cuidados redobrados.
O câmbio automático, embora ofereça trocas suaves e condução mais agradável, é um dos componentes mais sensíveis e caros de um veículo — e justamente por isso, merece atenção especial antes da compra.
Verifique o histórico de manutenção
Um dos primeiros passos é conferir o histórico de manutenção do carro.
O câmbio automático precisa de trocas periódicas de fluido, realizadas com o óleo e o filtro corretos, conforme as recomendações do fabricante.
Ignorar esse cuidado é uma das principais causas de falhas, como trancos nas trocas de marcha, deslizamentos ou dificuldade para engatar.
Antes de fechar negócio, é essencial pedir notas fiscais e registros dessas manutenções.
Faça um teste de rodagem completo
Outro ponto importante é o teste de rodagem. Durante o teste, o motorista deve observar se há ruídos anormais, trancos, demora na resposta do acelerador ou variações bruscas de rotação.
Qualquer comportamento estranho pode indicar desgaste interno do câmbio, e nesses casos o reparo costuma ser caro — em alguns modelos, o conserto ou substituição pode ultrapassar R$ 10 mil, dependendo da complexidade da transmissão.
Consulte um mecânico especializado
Também é recomendável levar o veículo a um mecânico de confiança ou a uma oficina especializada em câmbios automáticos para uma avaliação completa.
Com ferramentas específicas, o profissional consegue identificar falhas eletrônicas, vazamentos e códigos de erro que não aparecem em uma simples análise visual.
Desconfie de ofertas muito baratas
Além disso, é importante desconfiar de preços muito abaixo da média do mercado.
Um carro automático usado muito barato pode esconder problemas graves no sistema de transmissão, o que transforma a aparente economia em um prejuízo considerável.
Prevenção é o melhor investimento
Em resumo, comprar um carro automático usado pode ser um ótimo investimento, desde que a avaliação seja feita com cautela e conhecimento técnico.
Um pequeno descuido pode resultar em altos gastos com reparos de câmbio, enquanto uma compra bem planejada garante conforto e durabilidade por muitos anos.
Com informações do Vrum.