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Privatização do campo de Albacora Leste gera polêmica e exploração do Pré-Sal no Espírito Santo é alvo de crítica de Especialista

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 03/08/2023 às 08:06
Uma das operações mais controversas envolvendo o pré-sal brasileiro, a privatização do Campo de Albacora Leste, tem sido alvo de críticas e questionamentos quanto à sua legalidade e impactos econômicos.
Fonte: Bloomberg Línea

Uma das operações mais controversas envolvendo o pré-sal brasileiro, a privatização do Campo de Albacora Leste, tem sido alvo de críticas e questionamentos quanto à sua legalidade e impactos econômicos.

A recente privatização do campo de Albacora Leste, um dos principais reservatórios pré-sal do Brasil, está gerando polêmica e sendo alvo de críticas. Francismar Cunha, doutor em Geografia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), divulgou recentemente um artigo onde explica o motivo pelo qual a venda desse campo representa um verdadeiro desafio aos interesses da Petrobras e do Estado Brasileiro, além de abrir um perigoso precedente na indústria petrolífera nacional.

Privatização abre precedente para empresas atuarem no pré-sal sem seguir a legislação vigente

Segundo o estudo do especialista, a empresa privada Prio se tornará a primeira petroleira a explorar o pré-sal através do chamado regime de concessão, mesmo sem possuir as qualificações legais para fazê-lo.

Isso pode ser visto como um “atalho” para que empresas privadas acessem o pré-sal, que atualmente é restrito por lei. Essa abertura de precedente é considerada perigosa e questiona a legislação em vigor sobre o tema.

O artigo intitulado “As contradições da quarta fase da indústria do petróleo no Brasil: O caso da privatização do campo Albacora Leste e o acesso da Prio ao pré-sal” destaca que essa não é a primeira vez que a privatização do campo é objeto de denúncias.

O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) já havia apontado que a venda de 90% do bloco por US$ 1,658 bilhão, concluída em 2023, foi um negócio desfavorável para a Petrobras, considerando a potencialidade do bloco.

Além disso, Cunha ressalta que a venda do campo de Albacora Leste parece violar a lei do regime de Partilha, que regulamenta os contratos do pré-sal pós-2010.

Segundo essa legislação, qualquer petroleira que queira explorar o pré-sal deve passar por um processo de habilitação pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e participar das rodadas licitatórias sob o regime de Partilha.

No entanto, essa exigência não ocorreu no caso da venda para a Prio.

A privatização do campo de Albacora Leste permitiu à Prio explorar e produzir no pré-sal sem a devida qualificação, operando sob o regime de Concessão.

Isso contraria a modalidade prevista para exploração dos campos no polígono do pré-sal, que deveria ser a Partilha, para proteger os interesses nacionais de exploração.

Venda do campo de Albacora Leste contraria a lei do regime de Partilha e prejudica Petrobras e o Estado Brasileiro

Diante desse cenário, Francismar Cunha defende que a venda do campo seja revista, visto que parece se basear em “interpretações abusivas ou, até mesmo, da negação das regulações vigentes”.

Ele argumenta que essa operação acelera o desmembramento da Petrobras e permite a entrada duvidosa de novos agentes na indústria petrolífera brasileira, especialmente no pré-sal.

Para entender a complexidade jurídica criada por essa privatização, é importante compreender os dois formatos previstos em lei para exploração de petróleo no Brasil: o Regime de Concessão e o Regime de Partilha.

Enquanto o primeiro atribui à empresa o risco de investir em um bloco e encontrar ou não petróleo ou gás natural, o segundo envolve o Estado recebendo uma parte da produção futura das empresas interessadas em consórcio.

No caso específico do pré-sal, onde os riscos são menores, a lei determina que a modalidade para exploração seja a Partilha, visando preservar os interesses nacionais.

No entanto, a venda do campo de Albacora Leste permitiu que a Prio explorasse sob o regime de Concessão, desconsiderando a exigência da Partilha.

Essa discussão promete continuar nos âmbitos jurídico e político, por envolver questões sensíveis sobre a exploração de recursos naturais e a participação de empresas privadas em áreas estratégicas do país.

Resta aguardar os desdobramentos dessa controvérsia e verificar se haverá revisão na privatização do campo de Albacora Leste, conforme sugerido pelo especialista em Geografia.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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