O primeiro túnel submerso do Brasil avança com promessa de mobilidade, mas traz consigo impactos ambientais, aumento do orçamento e riscos à biodiversidade. A obra bilionária já recebeu licença prévia e terá leilão em setembro de 2025.
O primeiro túnel submerso do Brasil, que ligará as cidades de Santos e Guarujá, avança em meio a fortes expectativas de mobilidade, mas também a críticas pelo impacto ambiental.
A obra prevê o desmatamento de 105 mil metros quadrados de Mata Atlântica, incluindo manguezais e áreas de restinga, além de riscos para a fauna marinha e para a qualidade do ar e da água.
Com investimento atualizado para R$ 6,8 bilhões e estimativa de gerar 9 mil empregos, o projeto recebeu em agosto de 2025 a licença ambiental prévia da Cetesb. O próximo passo é o leilão de concessão, marcado para 5 de setembro na B3, em São Paulo.
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Desmatamento de Mata Atlântica e manguezais
Segundo o Relatório de Impacto Ambiental (Rima), elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), e revelado pelo portal Diário do Litoral, a construção exigirá a remoção de vegetação nativa equivalente a dez campos de futebol.
Desse total, 44 mil metros quadrados são de mangue, fundamentais para a biodiversidade e para a proteção da linha de costa.
Dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra de Santo Amaro, a previsão é de desmatamento de 3.640 metros quadrados de manguezal, situação que acende alerta em ambientalistas.
Esses ambientes servem como berçário natural de diversas espécies marinhas e ajudam a reduzir o impacto de enchentes e da erosão.
Estudos apontam ainda risco para a alimentação de tartarugas-verdes juvenis, que dependem da oferta de algas presentes na região.
A alteração da cadeia alimentar pode comprometer a sustentabilidade de diferentes espécies marinhas.
Impacto do túnel na vida marinha e no turismo

Além da supressão da vegetação, o processo de dragagem para instalação dos módulos do túnel pode agravar a turbidez da água no estuário.
Isso ocorre porque sedimentos contaminados por metais pesados — despejados por indústrias ao longo de décadas — tendem a se espalhar, ameaçando a saúde dos animais aquáticos.
A visibilidade reduzida aumenta ainda as chances de colisões de botos, golfinhos e até baleias com embarcações.
Especialistas alertam que esse cenário pode afetar diretamente o ecoturismo da região, um dos atrativos para moradores e visitantes do litoral paulista.
Poluição, poeira e ruídos da obra
O relatório também prevê aumento da emissão de poluentes atmosféricos, como dióxido de nitrogênio (NO2) e dióxido de enxofre (SO2), liberados durante o asfaltamento e a pavimentação das vias de acesso.
Durante a construção, moradores próximos devem enfrentar o impacto de ruídos, vibrações e poeira suspensa pelas escavações e transporte de materiais.
A FIPE alerta que as vibrações podem causar recalques em imóveis vizinhos, levantando preocupações sobre possíveis danos estruturais.
Contaminação do lençol freático
Outro ponto de preocupação é a possibilidade de contaminação do lençol freático.
Os sedimentos retirados durante a dragagem contêm materiais pesados que podem infiltrar no solo e comprometer a qualidade da água subterrânea.
A Cetesb, responsável pelo licenciamento, deverá acompanhar de perto a obra para mitigar riscos de longo prazo ao abastecimento de água e à saúde pública.
Efeitos sobre o Porto de Santos
O Porto de Santos, o maior da América Latina, também será afetado.
Durante a instalação dos módulos submersos e o processo de reaterro, parte do tráfego marítimo no estuário terá de ser interrompida.
Isso pode obrigar a redistribuição de cargas para outros portos do Sudeste e Sul, aumentando custos logísticos e impactando a rotina de uma das principais portas de entrada e saída de mercadorias do país.
Próximos passos do projeto Santos-Guarujá
Com a emissão da licença prévia, a obra segue para o leilão de concessão na próxima sexta-feira (05).
De acordo com as informações, o governo estadual espera que a Parceria Público-Privada viabilize o início das obras ainda em 2026.
Em nota, a Secretaria de Parcerias em Investimentos informou que a análise ambiental “levou em conta contribuições recebidas em audiências públicas e atualizações recentes do projeto”.
O órgão também destacou que a estimativa de geração de 9 mil empregos diretos e indiretos foi mantida.
A polêmica, no entanto, continua: até que ponto a promessa de mobilidade compensa os danos ambientais e sociais previstos? Quais alternativas poderiam atender às necessidades da região sem colocar em risco ecossistemas tão sensíveis?


Imagino o editor ambientalóide escrevendo essa reportagem… Não pode usar carro… Tem que usar ônibus lotado
Parei de ler quando ele falou de boto no porto de Santos. Que saudades da época que as crianças eram obrigada a ir a escola
O local está apodrecido a anos por favelas que invadiram a “prainha” que vegetaçao é essa que estâo falando? É brincadeira né…O tunel conaeguirá limpar a podridao instalada no local👍🏻