A primeira usina dedicada à produção de etanol de milho do Nordeste começa a operar em Balsas (MA), com foco no abastecimento local e na exportação de subprodutos como DDGS.
A produção de etanol de milho no Brasil acaba de ganhar um reforço estratégico com a inauguração da primeira usina do tipo no Nordeste. Ela está localizada em Balsas, no sul do Maranhão.
O empreendimento, operado pela Inpasa, mira o fortalecimento da produção regional e o abastecimento dos estados vizinhos, além de abrir caminho para a exportação de subprodutos.
Segundo o vice-presidente de trade da companhia, Gustavo Mariano, a escolha por Balsas considerou dois pontos fundamentais: a disponibilidade de matéria-prima e o potencial de consumo da região.
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“Um dos predicados foi a disponibilidade agrícola aqui na região, o crescimento e o desenvolvimento exponencial que vem tendo essa região para poder suprir, porque não adianta nada a gente colocar uma usina dessa se a gente não tiver um agro forte por trás”, explicou.
Inpasa inaugura 1º usina de etanol de milho do Nordeste
A decisão da Inpasa leva em conta que o Maranhão é o maior produtor de milho do Nordeste e do Matopiba (região que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
De acordo com estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2024/2025 deve alcançar 2,9 milhões de toneladas no estado.
Além disso, a demanda por combustíveis no Maranhão é um fator decisivo.
O consumo interno ainda não atingia níveis de paridade em relação ao potencial do mercado, o que tornou a instalação da usina um movimento estratégico para atender à necessidade local.
“Nos chamou muita atenção o fato de que o Maranhão era um dos poucos estados que não atingia paridade de consumo. E a gente olhava para dentro e percebia que é um estado que tem uma capacidade enorme de absorver biocombustível”, destacou Mariano.
Capacidade produtiva e fases do projeto
O projeto foi desenvolvido em duas etapas. A primeira, já em operação, tem capacidade para produzir 500 milhões de litros de etanol, entre as versões anidro e hidratado.
A segunda fase será concluída em setembro, ampliando a capacidade produtiva em mais 425 milhões de litros.
Ao todo, a usina terá potencial para processar quase 1 bilhão de litros do biocombustível por ano.
Essa escala reforça a importância da unidade no abastecimento de postos do Maranhão e de estados vizinhos. Além disso, reduz a dependência de combustíveis vindos de outras regiões.
DDGS: subproduto com potencial de exportação a partir do etanol de milho
Além do etanol, a usina de Balsas produzirá o DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis, em tradução para o português), um subproduto rico em proteínas, utilizado principalmente na alimentação animal.
A estimativa é que sejam geradas 490 mil toneladas de DDGS por ano.
Esse volume não apenas atende à demanda interna, mas também abre espaço para exportações.
Entre setembro de 2024 e maio deste ano, o Brasil conseguiu a abertura de nove novos mercados para o DDGS. Entre eles, a China, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
“A gente tem a intenção de fazer exportação de produto aqui através do Porto de Itaqui. O escoamento de ferrovia, integração intermodal aqui no Estado, com certeza absoluta, faz uma diferença enorme para a gente também. Primeira fase já funcionando, a partir de setembro, quando a gente estiver com a capacidade completa de produção, a gente deve aumentar ainda mais a nossa posição e aí sim utilizar mais as instalações do Porto de Itaqui, que hoje nós já utilizamos”, disse Mariano.
A implantação da usina também contou com incentivos fiscais do governo do Maranhão, que concedeu uma renúncia de aproximadamente 90% da carga tributária.
Outros estados chegaram a disputar o projeto, mas a localização estratégica e o apoio estadual foram determinantes para que Balsas fosse escolhida.
O governador Carlos Brandão ressaltou, durante a inauguração, o impacto positivo esperado para a economia local em torno da usina de etanol de milho.
Ele afirmou que a chegada da usina deve atrair novos investimentos, especialmente no setor de proteína animal.
“É um capítulo de atração de novos investimentos, porque a partir de agora a gente vai atrair frigorífico de frango, frigorífico de suíno, frigorífico de bovino, para que a gente possa agregar mais valor [nos produtos]”, disse.