Aportes em previdência privada caem 11,7% em 2025, enquanto resgates crescem. Descubra os impactos e riscos para investidores.
Aportes em previdência privada despencam e revelam novo cenário no mercado
Os aportes em previdência privada caíram 11,7% entre janeiro e julho de 2025, segundo relatório divulgado pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) nesta segunda-feira (22).
No período, os investidores aplicaram R$ 100,5 bilhões, valor bem abaixo dos R$ 113,8 bilhões registrados em 2024.
Enquanto isso, os resgates avançaram 15,3%, alcançando R$ 88,9 bilhões.
Esse movimento reduziu a captação líquida para R$ 11,6 bilhões, em um momento em que o setor administra impressionantes R$ 1,7 trilhão em ativos, equivalentes a 13,7% do PIB brasileiro.
VGBL segue dominando o mercado
Apesar da queda nos aportes, o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) segue como o queridinho dos brasileiros.
Entre os mais de 13,6 milhões de planos ativos, 8,5 milhões são VGBL, o que corresponde a 63% do total.
Já o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) reúne 3,1 milhões de contratos (23%), enquanto os planos Tradicionais representam pouco mais de 2 milhões.
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No total, 11,2 milhões de pessoas possuem previdência privada no Brasil, sendo a maioria em planos individuais (8,9 milhões), contra 2,3 milhões em coletivos.
Arrecadação mostra concentração no VGBL
A concentração no VGBL se reflete também na arrecadação.
Dos R$ 100,5 bilhões aplicados no setor até julho, 92% (R$ 92,1 bilhões) foram destinados a esse tipo de plano.
Enquanto isso, os PGBL representaram 7% (R$ 6,7 bilhões), e os Tradicionais apenas 2% (R$ 1,6 bilhão).
Essa preferência ocorre porque o VGBL é visto como mais flexível, já que não exige declaração completa no Imposto de Renda e oferece maior liberdade para resgates, o que atrai perfis de investidores distintos.
Por que os aportes caíram e os resgates cresceram?
A queda nos aportes da previdência privada pode estar relacionada a fatores econômicos mais amplos.
Com a inflação pressionando o orçamento familiar e a instabilidade nos mercados financeiros, muitos brasileiros optaram por resgatar seus investimentos para lidar com gastos imediatos.
Ao mesmo tempo, a busca por alternativas mais rentáveis em renda fixa e Tesouro Direto, impulsionadas pela taxa de juros elevada, contribuiu para o recuo nos aportes.
Além disso, especialistas destacam que o aumento de resgates é comum em períodos de incerteza, quando os investidores preferem liquidez rápida a compromissos de longo prazo.
Governo Federal acompanha evolução do setor
Embora o relatório da Fenaprevi não traga medidas diretas do Governo Federal, o desempenho da previdência privada costuma influenciar discussões sobre o sistema previdenciário como um todo.
Isso porque o acúmulo de ativos do setor – 13,7% do PIB – mostra sua relevância como alternativa complementar à previdência social.
Especialistas afirmam que acompanhar esse cenário é essencial para avaliar a sustentabilidade do sistema e a confiança do investidor brasileiro no longo prazo.
O que esperar daqui para frente?
Com o segundo semestre em andamento, o mercado aguarda para ver se os aportes vão reagir diante de possíveis cortes na taxa Selic.
Se os juros recuarem, a tendência é que os investidores voltem a procurar a previdência privada como forma de diversificação e planejamento de aposentadoria.
Por outro lado, se a economia permanecer instável, os resgates podem continuar elevados, pressionando a captação líquida do setor.
De qualquer forma, a previdência privada segue como um dos instrumentos mais importantes de poupança de longo prazo no Brasil, mesmo diante da queda de 11,7% nos aportes em 2025.