Ceará se destaca nas renováveis e transição energética com visão da FIEC e parceria da Enel, fortalecendo a liderança regional em energia limpa e sustentável.
A transição energética tornou-se, ao longo das últimas décadas, um dos temas mais estratégicos do planeta. Desde o final do século XX, governos, empresas e instituições científicas têm buscado substituir combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia, com o propósito de reduzir impactos ambientais e promover o desenvolvimento sustentável.
No Brasil, essa transformação ganhou força especialmente no Nordeste, onde as condições naturais favoráveis e as políticas públicas de incentivo criaram um cenário propício à inovação.
Dessa forma, a região se consolidou como referência nacional e internacional em energia limpa.
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Com isso, a busca por soluções sustentáveis deixou de ser uma tendência futura e passou a ser um movimento presente, com efeitos diretos sobre a economia, o meio ambiente e o bem-estar social.
Nesse contexto, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Ricardo Cavalcante, apresentou, durante o evento “Ceará na Rota da Transição Energética”, promovido pela Enel Ceará, uma reflexão sobre o papel do Ceará e do Nordeste na nova era das energias renováveis.
O encontro reuniu representantes do setor público e privado, além de especialistas, reforçando o protagonismo regional na construção de uma matriz energética mais limpa e inclusiva.
A trajetória histórica da transição energética
Historicamente, a busca por novas fontes de energia acompanha o desenvolvimento das civilizações. Desde a Revolução Industrial, o mundo passou por diversas mudanças na matriz energética: do carvão mineral para o petróleo, depois para o gás natural, e mais recentemente, dessas fontes fósseis para as energias renováveis, como a solar, a eólica e o hidrogênio verde.
Cada etapa surgiu como resposta às demandas econômicas, tecnológicas e ambientais de seu tempo.
No caso brasileiro, o movimento ganhou força a partir da década de 1970, quando a crise do petróleo revelou a dependência externa do país.
A partir daí, o governo passou a incentivar a diversificação da matriz energética, priorizando a hidreletricidade e, posteriormente, investindo em energia solar e eólica.
Com o passar dos anos, esses investimentos se expandiram, e o Nordeste se destacou pela sua capacidade natural de geração.
Graças a ventos constantes e intensa radiação solar, a região transformou-se em um laboratório de energia limpa.
Além disso, a estabilidade climática e a disponibilidade de grandes áreas para instalação de parques solares e eólicos atraíram investidores nacionais e internacionais.
Assim, o Ceará consolidou-se como um dos líderes dessa transformação, tornando-se símbolo de uma transição energética bem-sucedida e de uma economia voltada à sustentabilidade e à inovação.
Ceará e o protagonismo em energia limpa
Durante sua apresentação, Ricardo Cavalcante destacou o papel estratégico do Ceará e do Nordeste no cenário da transição energética mundial.
Segundo ele, o Nordeste já se tornou um ativo global de energia limpa, registrando um crescimento de 95,3% na geração de energia entre 2016 e 2024.
Atualmente, a região ocupa a segunda posição em produção de energia no Brasil, sendo a eólica responsável por 61% da matriz e a solar por 16%.
Além disso, o presidente da FIEC ressaltou que o potencial da região vai além dos números, já que o sol e o vento nordestinos são considerados “uma bênção natural”.
De fato, a constância dos ventos e a posição solar favorável proporcionam uma produção de energia mais eficiente e previsível.
Como resultado, o Ceará figura entre os estados mais promissores do mundo para investimentos em energias renováveis.
Por outro lado, a infraestrutura moderna, como o Porto do Pecém, e a presença de centros de pesquisa e inovação fortalecem a capacidade de o Estado exportar tecnologia limpa e conhecimento energético.
Hidrogênio verde e novas fronteiras tecnológicas
Além dos avanços em energia solar e eólica, Ricardo Cavalcante enfatizou o papel do hidrogênio verde (H2V) como pilar da nova economia energética.
Produzido a partir de fontes renováveis, o H2V tem potencial para substituir combustíveis fósseis em diversos setores, inclusive na indústria pesada e no transporte marítimo.
O Ceará desponta como protagonista nesse processo, pois abriga cinco dos seis hubs de hidrogênio verde do Nordeste, com projetos já aprovados para exportação de amônia pelo Porto do Pecém.
Assim, o Estado se posiciona para atender à crescente demanda global por energia limpa, especialmente de países da Europa e da Ásia.
Além disso, a ascensão do hidrogênio verde se conecta ao aumento do consumo de energia provocado pela Inteligência Artificial (IA).
Estudos indicam que, até 2030, a IA poderá consumir cerca de 21% da energia mundial, o que reforça a necessidade de soluções sustentáveis.
Nesse contexto, Fortaleza desponta como centro tecnológico de destaque, devido à sua conectividade global por cabos de fibra ótica e à capacidade de atrair Data Centers movidos a energia limpa.
Consequentemente, essa integração entre energia e tecnologia fortalece o Ceará como ecossistema de inovação energética, onde universidades, empresas e centros de pesquisa colaboram para desenvolver soluções sustentáveis e competitivas.
Formação de talentos e inovação industrial
Segundo Ricardo Cavalcante, a transição energética representa uma transformação no mercado de trabalho.
O setor demanda profissionais altamente qualificados, preparados para lidar com novas tecnologias e práticas sustentáveis.
Com esse objetivo, o Sistema FIEC tem investido fortemente em educação técnica e inovação.
O SENAI Ceará já formou milhares de trabalhadores para o setor de energia.
Apenas no último ano, quase 4 mil pessoas se qualificaram para atuar em projetos da Enel, e, neste ano, o número de formações já ultrapassa 90 mil profissionais em diversas áreas industriais.
Esses resultados demonstram o compromisso do Estado com o desenvolvimento do capital humano.
Além disso, o Sistema FIEC apoia a instalação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no Ceará e incentiva MBAs e institutos especializados em energia e hidrogênio verde.
Assim, o Ceará não apenas recebe investimentos, mas também produz conhecimento e tecnologia própria, consolidando-se como polo nacional de educação energética e inovação industrial.
Impactos sociais e oportunidades econômicas
Além dos aspectos tecnológicos e econômicos, a transição energética tem forte impacto social.
De acordo com Cavalcante, as novas fontes de energia podem transformar regiões historicamente desfavorecidas, gerando emprego, renda e oportunidades de crescimento sustentável.
O presidente da FIEC afirmou que “a revolução do campo virá pela energia”.
Segundo ele, terrenos antes improdutivos podem se tornar fontes de renda por meio da instalação de painéis solares.
Assim, comunidades rurais passam a participar ativamente da economia verde, contribuindo para o desenvolvimento local.
Além disso, esse processo estimula o turismo tecnológico e o empreendedorismo regional, pois cidades que antes dependiam da agricultura tradicional agora atraem empresas do setor energético.
Dessa forma, o avanço das energias renováveis cria um ciclo virtuoso de inovação, inclusão e prosperidade.
O futuro das renováveis e transição energética do Ceará
A presença de lideranças empresariais, autoridades públicas e especialistas no evento da Enel Ceará demonstrou a união de esforços em torno da transição energética.
A integração entre indústria, comércio e governo é essencial para consolidar o Ceará como um dos polos mais avançados do país em energia limpa.
De acordo com Ricardo Cavalcante, a transição não é um fenômeno distante — ela já está em andamento e exige planejamento, inovação e cooperação contínua.
O Ceará está pronto para receber investimentos e liderar a nova economia verde, baseada em sustentabilidade, tecnologia e qualificação profissional.
Ao concluir sua fala, Cavalcante reforçou que o otimismo deve caminhar lado a lado com o realismo.
A revolução energética está acontecendo agora, e os próximos anos serão decisivos para o Brasil consolidar sua posição como potência em energias renováveis.
Por fim, o evento “Ceará na Rota da Transição Energética” simboliza a união entre visão estratégica e ação concreta.
Com recursos naturais abundantes, infraestrutura moderna e capital humano qualificado, o Ceará reafirma seu papel de liderança e inspira o mundo na jornada das energias renováveis e da transição energética.



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