Ricardo Alban: economia brasileira desacelera, nos EUA inflação controlada e PIB cresce compatível.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, destaca a importância da redução dos juros para impulsionar a economia. Alban ressalta que a queda da taxa básica de juros, Selic, é fundamental para estimular os investimentos e o consumo, contribuindo para a recuperação econômica do país. Ele acredita que o Banco Central está preparado para adotar uma postura mais assertiva em relação à política monetária, promovendo cortes mais significativos na taxa de juros.
Além disso, o presidente da CNI enfatiza que a redução dos juros é uma medida essencial para tornar o crédito mais acessível e barato, estimulando o crescimento da indústria e da economia como um todo. Ele destaca a necessidade de o Banco Central adotar uma postura menos conservadora e mais alinhada com as tendências globais, a fim de impulsionar o desenvolvimento econômico do país. Alban ressalta a importância de acompanhar de perto as decisões do COPOM e as mudanças na taxa de juros, Selic, para garantir um ambiente econômico mais favorável para os negócios e investimentos.
Impacto positivo da redução da taxa básica de juros
O presidente da CNI enfatiza que a inflação em queda constante e as expectativas de inflação recuando estão contribuindo para a melhoria da economia brasileira. O IPCA encerrou o ano de 2023 em 4,6%, dentro do intervalo previsto na política de meta de inflação, representando uma redução em relação aos 5,8% registrados em 2022. Dessa forma, reduzir a taxa de juros mais rapidamente não representa uma ameaça ao cumprimento das metas de inflação.
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Adiar a aceleração na redução da Selic seria uma decisão prejudicial que afetaria negativamente a atividade econômica no Brasil. A atual taxa de juros real no Brasil está prejudicando em demasia a atividade econômica. A acumulação dos juros reais sobre as cadeias produtivas já confirma que se trata de um dos custos Brasil mais representativos, de acordo com Alban.
A tendência é de continuidade na queda da inflação. As expectativas indicadas no Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, projetam uma inflação de 3,8% ao final de 2024. Um mês atrás, a expectativa era de 3,9%. Além disso, as expectativas indicam que a meta de inflação de 2024 (3% ao ano, podendo variar entre 1,5% e 4,5% ao ano) será cumprida com folga.
O presidente da CNI avalia que apesar das quatro reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual realizadas na Selic desde agosto, a taxa de juros real, que desconsidera os efeitos da inflação, ainda continua elevada. No momento, está em 7,65% ao ano, o que representa uma diferença de 3,15 ponto percentual em relação à taxa de juros neutra, que é de 4,5% ao ano, de acordo com o Banco Central.
Comparação com outras economias
Alban destaca que, enquanto no Brasil o Banco Central está promovendo uma redução exagerada da economia, nos Estados Unidos a redução da inflação tem ocorrido de forma compatível com um significativo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2023, o índice de preços, utilizado pelo Banco Central Norte-Americano (Fed) como base, o PCE, situou-se em 2,6%, frente a 5,4% em 2022. Além disso, o crescimento do PIB atingiu 2,5% em 2023, superando os 1,9% registrados em 2022.
Nesse contexto, mesmo tendo uma taxa de juros real de apenas 2,7% ao ano, as expectativas apontam que o Fed iniciará a redução da taxa de juros no primeiro trimestre de 2024. Isso reforça ainda mais a urgência de que o Banco Central Brasileiro acelere os cortes da Selic, segundo Alban. Ele destaca a necessidade de que o Banco Central, de forma independente, se una ao esforço necessário para obter um crescimento econômico sustentável no Brasil.
O montante atual da taxa de juros tem afetado negativamente a atividade econômica. Os países desenvolvidos estão prestes a reduzir suas taxas de juros, o que torna ainda mais crucial acelerar os cortes da Selic, sob pena de se distanciar ainda mais do patamar de juros praticado por esses países, afirma Ricardo Alban.
Política monetária prejudicial à atividade econômica
Ricardo Alban salienta que o Produto Interno Bruto (PIB) permaneceu estagnado no terceiro trimestre de 2023 e a expectativa é que tenha recuado no último trimestre desse ano, uma vez que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) apresentou uma redução de 0,2% em outubro e permaneceu estável em novembro.
No setor industrial, a situação é crítica. Segundo o IBGE, a produção da indústria de transformação acumulou uma queda de 0,9% entre janeiro e novembro de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022. O setor ainda opera 2,3% abaixo do nível de produção pré-pandemia. Além disso, a queda da atividade econômica também atingiu os setores de serviços e comércio.
O varejo vem alternando entre meses de queda e crescimento modesto. Após uma queda de 0,3% nas vendas em outubro, houve um aumento de apenas 0,1% em novembro. Já o setor de serviços acumulou uma queda de 2,2% em três meses consecutivos, entre agosto e outubro, apesar de ter avançado 0,4% em novembro.
Fonte: Portal da Indústria