Com alta de 5,81% em outubro, o preço das carnes segue em escalada e promete pesar no bolso dos brasileiros neste fim de ano. Entenda os motivos e as projeções para 2025.
Se tem uma coisa que o brasileiro adora, é aquele churrasco caprichado no fim de semana. Mas a alegria de preparar a famosa picanha ou uma costela suculenta está ficando cada vez mais cara. O aumento nos preços das carnes em outubro foi de 5,81%, a maior alta em quatro anos, superando até mesmo a média da inflação dos últimos 12 meses, que ficou em 4,76%. E as projeções para os próximos meses não trazem boas notícias: a tendência é que o custo das carnes suba ainda mais.
Por que os preços das carnes estão subindo tanto?
O aumento no preço das carnes está diretamente ligado ao encarecimento do gado nas fazendas, que já acumulou uma alta de 33% nos últimos dois meses. Esse salto nos custos ocorre em meio a uma seca severa que tem prejudicado as pastagens, reduzindo a oferta de animais para abate. E como a lei da oferta e da procura não perdoa, com menos gado disponível, os preços inevitavelmente sobem.
O cenário internacional também tem um papel importante. As exportações de carne bovina brasileira estão em alta, especialmente para os Estados Unidos. Com o real desvalorizado, o Brasil se torna um destino ainda mais atraente para os importadores. Isso cria uma competição direta entre o mercado externo e o consumidor nacional, pressionando ainda mais os preços das carnes por aqui.
- Investimento bilionário que custou R$ 295,8 milhões o km e a mão de obra de mais de 10 mil trabalhadores e 4 mil vigas de concreto reforçados por fio de aço de alta tensão
- Mercado em alerta, minério de ferro evapora na bolsa: China impacta nas ações da mineradora Vale e siderúrgicas brasileiras
- Nova lei do IPVA em 2025 promete alívio para milhares de brasileiros: veja como estado vai reduzir o imposto para pessoas com deficiência
- Disputa de território no coração do Nordeste: Justiça bate o martelo e Aracaju é obrigada a devolver parte de seu território à Sergipe em decisão histórica, que envolve bairros e áreas protegidas
Preço da carne bovina, frango e carne suína também deve aumentar
A alta no preço das carnes é um dos fatores que mais têm pesado no índice geral de inflação. Em outubro, o impacto foi tão significativo que obrigou o Banco Central a elevar a taxa Selic para 11,25%, na tentativa de controlar a escalada dos preços.
Mas o que isso significa para o seu bolso? Com o custo da carne bovina em disparada, outras fontes de proteína, como o frango e a carne suína, também devem ficar mais caras. Isso acontece porque, diante do preço salgado da carne bovina, muitos consumidores acabam migrando para opções mais baratas, o que aumenta a demanda e, consequentemente, os preços dessas alternativas.
Previsões nada animadoras para 2025
Se você acha que o cenário atual já está complicado, as projeções para 2025 indicam que o aumento nos preços das carnes será ainda mais intenso. Estima-se que o custo da carne bovina suba até 16,8% no próximo ano, enquanto o frango e a carne suína devem registrar aumentos de 11% e 13%, respectivamente.
Isso significa que o churrasco, que já pesa no orçamento, pode se tornar um verdadeiro luxo. E não é só isso: a inflação projetada para 2025 é de cerca de 4%, mas os preços dos alimentos devem subir mais de 7,4%, puxados principalmente pelas carnes. Se as previsões se confirmarem, estaremos diante do maior aumento nos preços das carnes em cinco anos, desde a alta recorde de 17,97% em 2020.
O que está por trás do cenário de 2025?
Vários fatores contribuem para as projeções de aumento no preço das carnes para 2025. Entre eles, a combinação de um dólar mais valorizado — o que encarece os insumos para a produção de ração, por exemplo — e a oferta restrita de gado no mercado interno. A valorização do dólar também impacta o custo de importação de máquinas e tecnologia para o setor agropecuário, encarecendo ainda mais a produção.
Outro ponto crítico é o clima. A seca severa que afetou as pastagens em 2023 pode se repetir nos próximos anos, criando um cenário de incertezas e volatilidade nos preços. A falta de chuvas não só prejudica a qualidade das pastagens como também reduz a produtividade das fazendas, dificultando a recuperação do estoque de gado.
O futuro da carne no Brasil
Embora as projeções mostrem um cenário desafiador, é importante lembrar que o mercado de carnes no Brasil é altamente dinâmico. Medidas como a expansão das pastagens irrigadas e o investimento em tecnologia para melhorar a produtividade podem ajudar a reduzir os custos no médio e longo prazo.
No entanto, enquanto essas soluções não se tornam realidade, o consumidor precisará se adaptar ao novo normal dos preços. Com o aumento nos preços das carnes pressionando a inflação, o desafio será equilibrar a alimentação de qualidade com o controle do orçamento.