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Prejuízo bilionário: cortes de energia renovável afetam o RN

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 23/09/2025 às 09:50
Parque eólico em área rural com céu parcialmente nublado.
Vista aérea de turbinas eólicas em operação sob céu parcialmente nublado.
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Entenda como os cortes de energia renovável geram prejuízos bilionários e afetam a geração limpa no Rio Grande do Norte.

O Rio Grande do Norte, portanto, um dos estados brasileiros com maior protagonismo na geração de energia limpa, enfrenta atualmente desafios significativos devido aos cortes de energia renovável.

Dessa forma, essa prática, conhecida internacionalmente como curtailment, reduz ou interrompe a geração de energia mesmo quando as usinas têm capacidade disponível.

No Brasil, o problema vem crescendo nos últimos anos e, consequentemente, gerando prejuízos bilionários ao setor, além de impactar diretamente a economia local.

Historicamente, o Brasil desenvolveu suas políticas de energia com foco na expansão de fontes limpas e renováveis.

Desde a década de 1990, a energia eólica começou a ganhar relevância, especialmente no Nordeste, região que apresenta ventos constantes e, portanto, favoráveis à geração elétrica.

Com o passar dos anos, os parques eólicos cresceram exponencialmente, acompanhados pelo avanço da energia solar fotovoltaica e de outras fontes renováveis, como biomassa e hidrelétrica de pequeno porte.

Assim, esse cenário consolidou o Rio Grande do Norte como líder nacional em matriz elétrica sustentável, com quase 99% da potência outorgada proveniente de fontes renováveis.

Apesar do crescimento robusto, os cortes de energia renovável tornam-se um obstáculo crítico.

A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) estima que o curtailment tenha gerado perdas de até R$ 5 bilhões nos últimos três anos.

No Rio Grande do Norte, que concentra cerca de 10 GW de capacidade instalada em energia eólica, os impactos se mostram particularmente graves.

Por isso, parques eólicos paralisados, contratos fragilizados e investimentos comprometidos refletem uma crise estrutural que ameaça a continuidade de diversos empreendimentos.

Causas e impactos econômicos dos cortes de energia renovável

Os cortes de energia renovável ocorrem por diferentes motivos.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aponta três principais: razões energéticas, requisitos de confiabilidade elétrica e indisponibilidade elétrica.

No entanto, especialistas como o ex-senador Jean Paul Prates observam que o problema atual vai além dessas causas tradicionais.

Além disso, ele explica que a incapacidade de escoar energia e a limitação da demanda geram uma situação inédita, considerada por muitos como a primeira grande crise do setor eólico no país.

Segundo Prates, os parques eólicos e solares do Norte e Nordeste recebem cortes muito maiores que a margem habitual, afetando significativamente o fluxo de caixa das empresas.

O impacto econômico não se limita a números.

Além disso, empresários do setor alertam que algumas empresas registram prejuízos superiores a 50% do fluxo de caixa, e muitas podem enfrentar inviabilidade financeira caso o cenário persista.

Portanto, Sérgio Azevedo, presidente da Comissão Temática de Energias Renováveis da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), destaca que os cortes prejudicam não apenas a operação dos parques, mas também a confiança dos investidores.

Consequentemente, a consequência imediata é o risco de desinvestimentos, com projetos migrando para estados como Bahia, Ceará e Piauí, que oferecem melhores condições de escoamento de energia.

O contexto histórico da crise nos cortes de energia renovável remonta ao desenvolvimento acelerado do setor eólico e solar no Nordeste.

Além disso, a expansão dessas fontes renováveis não recebeu investimentos equivalentes em infraestrutura de transmissão e em sistemas capazes de absorver grandes volumes de energia de forma constante.

Com isso, o crescimento da capacidade instalada criou gargalos operacionais, que se traduzem hoje em cortes frequentes e elevados.

Consequências sociais e econômicas para o RN

Os impactos sociais acompanham os efeitos econômicos.

Assim, o setor de energia renovável gera empregos, capacita mão de obra e transforma cidades inteiras.

Por exemplo, municípios como João Câmara, Parazinho e regiões do Mato Grande tiveram suas economias impulsionadas com a chegada de parques eólicos e solares.

No entanto, a paralisação de empreendimentos devido aos cortes ameaça esses avanços.

Isso mostra que o curtailment afeta não apenas empresas, mas toda a cadeia econômica e social relacionada à energia limpa.

Especialistas sugerem que soluções tecnológicas poderiam minimizar o problema.

Dessa forma, a digitalização das redes elétricas, sistemas de armazenamento de energia e estabilizadores permitem que a energia gerada pelas eólicas e solares seja usada de forma regular.

Isso acontece mesmo diante de variações na demanda.

Esses mecanismos já funcionam em países como Estados Unidos, China e na Europa, provando que é possível integrar fontes intermitentes de forma segura e eficiente ao sistema elétrico.

No entanto, no Brasil, a adoção dessas soluções ainda avança lentamente, retardando a plena utilização da energia renovável disponível.

Outra estratégia consiste em atrair grandes consumidores de energia, como data centers e indústrias de alto consumo.

Eles poderiam absorver o excedente gerado e reduzir a necessidade de cortes.

Além disso, o Rio Grande do Norte, com seu potencial em hidrogênio verde e conexão digital por cabos submarinos, poderia se consolidar como polo atrativo para investimentos energéticos.

Assim, a combinação de infraestrutura adequada, incentivos fiscais e políticas públicas de longo prazo poderia transformar o estado em referência nacional e internacional na geração de energia limpa.

Medidas governamentais e desafios regulatórios

O Ministério de Minas e Energia, por meio do Grupo de Trabalho do Curtailment, criado em 2025, tenta estruturar medidas para enfrentar o problema.

Entre as ações previstas estão diagnósticos técnicos, propostas regulatórias e operacionais, priorização de obras de transmissão e instalação de equipamentos que aumentem a confiabilidade da rede.

Ainda assim, especialistas e empresários afirmam que a resposta do governo avança lentamente frente à magnitude do desafio.

O debate sobre o curtailment envolve também questões de lobby e interesses econômicos.

Jean Paul Prates aponta que grupos ligados a termelétricas a gás pressionam para limitar a energia renovável.

Eles recebem incentivos para atuar como solução emergencial.

Dessa forma, esse cenário evidencia a complexidade do problema.

Ele envolve não apenas aspectos técnicos, mas também política, economia e decisões estratégicas sobre o futuro energético do país.

Mesmo diante desses desafios, o balanço da energia eólica e solar no RN permanece positivo.

Assim, o estado consolidou-se como líder na geração limpa, gerando empregos e aumentando a arrecadação municipal.

Apesar dos cortes de energia renovável, a região mantém potencial de crescimento.

Isso ocorre desde que investimentos em infraestrutura, regulamentação adequada e políticas de incentivo garantam a absorção plena da energia gerada.

Perspectivas e futuro da energia renovável

Em resumo, os cortes de energia renovável no RN refletem um problema complexo, envolvendo limitações de transmissão, falta de absorção de demanda, interesses econômicos e desafios regulatórios.

Ao mesmo tempo, a crise evidencia a importância estratégica do estado no cenário nacional de energias limpas.

Isso reforça a necessidade de soluções tecnológicas e políticas consistentes.

Assim, o futuro da geração renovável depende da capacidade de integrar o crescimento do setor com a infraestrutura existente.

Isso garante que o potencial de energia limpa seja plenamente aproveitado e que o desenvolvimento econômico e social da região continue avançando.

O momento atual oferece oportunidades.

Portanto, com a combinação certa de investimentos públicos e privados, o Rio Grande do Norte pode se tornar um exemplo global de integração eficiente de fontes renováveis intermitentes.

Dessa forma, a experiência adquirida com esta crise pode servir de base para políticas mais inteligentes, inovação tecnológica e fortalecimento do setor energético em todo o Brasil.

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Curtailment ou Constrained-off? Entenda os Cortes de Energia no Setor Elétrico! – MegaWhat Educação

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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