Em uma das maiores cidades da Califórnia, um semáforo custou cerca de US$ 2,4 milhões, aproximadamente R$ 13 milhões na cotação atual, e levou quase sete anos para funcionar. O caso expõe como sobreposições de autoridade e exigências técnicas podem inflar prazos e gastos em obras simples.
Em Fresno, Califórnia, um cruzamento com acesso direto à rodovia 180 ganhou um semáforo que demorou 7 anos para ser entregue e só foi ativado em outubro de 2025. Foram US$ 2,4 milhões e uma espera que começou em 2018. O equipamento ficou 10 meses apagado, com a estrutura pronta, enquanto a comunidade enfrentava filas e placas de pare provisórias.
O cruzamento das avenidas Fowler e Olive é estratégico para quem entra e sai da 180. Quando o sinal finalmente acendeu, moradores e comerciantes relataram alívio no fluxo e menos manobras arriscadas.
O episódio virou metáfora de como camadas de burocracia e disputas de competência travam entregas de baixo custo relativo, mas alto impacto no dia a dia urbano.
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Como um semáforo vira obra de sete anos
O planejamento começou em 2018. A lista de etapas incluiu aquisição de terrenos, remoção de árvores, compra de equipamentos e adequações ao padrão urbano exigido. A soma de exigências alongou cronograma e orçamento.
Mesmo com a infraestrutura montada, o sinal ficou 10 meses inoperante. Reportagens locais descrevem o equipamento coberto por plástico preto, enquanto motoristas dependiam de soluções improvisadas.
O custo total informado foi de US$ 2,4 milhões. A projeção inicial da autoridade do condado falava em um projeto de até US$ 3 milhões, com entrega estimada para o início de 2025, o que mostra a oscilação entre previsões e execução.
Quem manda: cidade, condado e a “esfera de influência”
Embora o projeto seja do Condado de Fresno, a área do cruzamento fica na “esfera de influência” do município. Isso exigiu que tudo fosse construído segundo padrões técnicos da cidade e que a prefeitura assinasse a liberação final. A manutenção futura também ficará a cargo da cidade. Camadas de governança, um único ativo.
Esse arranjo ajuda a explicar o atraso: um ente projeta e paga, outro padroniza e homologa, e ambos influenciam decisões. Um desenho institucional com riscos claros de atrito e retrabalho.
Autoridades locais reconhecem que o planejamento deveria ter ocorrido antes, na época da expansão para o leste da rodovia 180, o que teria evitado parte do gargalo.
Quanto custou em reais e quem financiou
Ao câmbio recente de outubro de 2025, o dólar oscilou perto de R$ 5,37–R$ 5,40. Assim, US$ 2,4 milhões são aproximadamente R$ 13 milhões, valor que ajuda a dimensionar a obra para o público brasileiro.
Parte da conta foi coberta por subsídios estaduais, segundo relatos oficiais e da imprensa local. Ainda assim, a percepção pública foi de excesso de custo e tempo para um equipamento rotineiro.
Em paralelo, Fresno é uma metrópole de cerca de 550 mil habitantes e polo do agronegócio no Vale de San Joaquin, com 1,88 milhão de acres agrícolas no condado. A dependência do carro torna sinais eficientes ainda mais críticos.
O contraste a 2,5 km: três meses do traçado à ativação
A 1,5 milha (≈ 2,4 km) dali, na esquina de Temperance e McKinley, um outro semáforo foi do marco no asfalto à ativação em três meses. Diferença central: menos camadas burocráticas e jurisdição mais simples.
O paralelo evidencia como sobreposições de competência e exigências divergentes esticam prazos. Em infraestrutura de baixo valor unitário, a governança pesa tanto quanto o capex.
Para o usuário, o que importa é o tempo de espera no cruzamento. Para o gestor, a lição é clara: processo importa e pode custar milhões.
Trânsito, segurança e experiência do motorista
Durante os 10 meses de inoperância, motoristas conviveram com engarrafamentos e incerteza. Comerciantes locais relatam melhora imediata na fluidez após a ativação, reduzindo saídas arriscadas e manobras de retorno.
Segundo o condado, o objetivo era diminuir emissões e atacar o atraso severo no pico, típico de áreas com alto fluxo e poucos acessos controlados à rodovia. Semáforos bem temporizados têm impacto direto na segurança viária.
A avaliação técnica sugere ganhos de segurança e tempo, mas a comunicação falhou ao explicar causa e cronograma aos usuários, ampliando a percepção de desperdício.
O que a história ensina ao Brasil
Para quem debate burocracia nas obras públicas no Brasil, o caso de Fresno funciona como estudo de caso: quando normas de entes distintos se sobrepõem, semáforos viram projetos de alto atrito. Governança enxuta e critérios de decisão claros tendem a reduzir prazos.
Há também um recado sobre padronização: exigir padrões de quem vai operar e manter faz sentido. O risco é quando essa exigência não vem acompanhada de cronogramas realistas e responsáveis bem definidos.
Por fim, transparência sobre custos e marcos públicos ajudam a mitigar desgaste. Relatar etapas vencidas, pendências e justificativas técnicas reduz a sensação de obra parada.
Você acha que o caso é de burocracia que saiu cara ou cautela legítima para garantir padrão urbano e segurança? Deixe seu comentário: prazos “blindados” por normas valem R$ 13 milhões e sete anos para um único semáforo?