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Prefeitura de cidade sul-coreana contrata robô como funcionário — mas ele “entra em colapso” e despenca escada abaixo após um ano

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 11/07/2025 às 13:05
Prefeitura de cidade sul-coreana contrata robô como funcionário — mas ele “entra em colapso” e despenca escada abaixo após um ano
Foto: Prefeitura de cidade sul-coreana contrata robô como funcionário — mas ele “entra em colapso” e despenca escada abaixo após um ano
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Robô funcionário público sofre ‘acidente’ após um ano de serviço na Coreia do Sul. Caso levanta debate sobre falha na inteligência artificial e uso de robôs por prefeituras.

Um incidente inusitado reacendeu o debate global sobre os limites da automação no setor público. Na cidade de Gumi, Coreia do Sul, um robô que atuava como funcionário da prefeitura foi encontrado caído no fundo de uma escadaria interna do prédio governamental. Segundo relatos oficiais, o equipamento, que funcionava como um “supervisor assistente”, teria apresentado comportamento anormal momentos antes de despencar. O caso está sendo tratado como um acidente, mas levanta sérias questões sobre a confiabilidade da inteligência artificial em funções operacionais cotidianas.

Robô funcionário público era visto como exemplo de inovação pública

A cidade de Gumi, com cerca de 420 mil habitantes, foi pioneira ao implementar um projeto que colocava a tecnologia no centro da administração pública. Desde agosto de 2023, o robô — desenvolvido pela empresa Bear Robotics — circulava entre os andares do prédio principal da prefeitura, realizando tarefas como entrega de documentos, leitura de anúncios e até mesmo interações breves com cidadãos.

Descrito como o primeiro robô funcionário público da Coreia do Sul, o equipamento foi desenvolvido para operar com base em sistemas de localização e inteligência artificial, usando sensores para navegar com segurança pelos corredores. Seu desempenho, até então, era considerado positivo pela administração municipal, que pretendia expandir o uso do projeto para outros setores.

O acidente: falha na inteligência artificial ou colapso de sistema?

O episódio ocorreu em 26 de junho de 2024, por volta das 16h da tarde. Funcionários relataram que o robô estava “parado em um canto”, exibindo comportamentos incomuns, como movimentos aleatórios e repetitivos. Pouco depois, ele caiu do alto de uma escadaria, sendo encontrado em partes no térreo.

Hipótese mais aceita entre especialistas é a de que o robô tenha sofrido alguma pane e tenha caído antes de autocorrigir! (foto: Divulgação)

A prefeitura de Gumi confirmou o incidente e iniciou uma investigação para determinar a causa da queda. Especialistas avaliam se houve falha na inteligência artificial, erro de navegação ou defeito mecânico. O caso ainda está sob análise, enquanto especialistas avaliam possíveis falhas técnicas e operacionais.

Apesar de o robô não representar perigo para terceiros, o caso teve ampla repercussão nacional e internacional. Internautas comentaram o caso com humor e ironia, chegando a fazer analogias com o conceito de ‘burnout’, um termo relacionado ao esgotamento emocional, embora aplicado aqui de forma figurada para máquinas.

A adoção crescente de robôs no setor público

O uso de robôs em ambientes públicos não é uma novidade, especialmente em países tecnologicamente avançados como a Coreia do Sul. Segundo dados da Federação Internacional de Robótica (IFR), o país tem uma das maiores densidades de robôs industriais no mundo, com mais de 900 robôs por 10 mil trabalhadores no setor manufatureiro.

Esse avanço também começa a transbordar para a administração pública. Robôs estão sendo utilizados para patrulhamento em áreas urbanas, recepção em prédios governamentais, coleta de lixo e suporte logístico em hospitais públicos. O caso de Gumi era visto como um modelo piloto para cidades de médio porte.

Contudo, o acidente com o robô na Coreia do Sul expõe fragilidades técnicas que ainda precisam ser consideradas antes de uma adoção em larga escala.

Robô funcionário público: limites e riscos da automação no serviço governamental

A presença de um robô funcionário público levanta questões sobre responsabilidade técnica, ética e legal. Quem responde em caso de falhas? A prefeitura, o fabricante ou o próprio sistema de IA? Ainda que os benefícios de eficiência sejam atraentes, o episódio em Gumi serve de alerta para os riscos embutidos no uso de tecnologias emergentes em ambientes críticos.

No Brasil, algumas experiências com robôs no setor público já foram registradas, principalmente em áreas de atendimento ao cidadão e automação de processos judiciais. Entretanto, diferentemente da Coreia, ainda há uma barreira cultural e estrutural que limita a expansão mais agressiva dessa tendência.

Robô acidente na Coreia do Sul: caso repercute em especialistas e veículos internacionais

Após a repercussão do acidente, veículos como BBC, The Guardian, Xataka e TechCrunch noticiaram o ocorrido. Diversos especialistas em inteligência artificial também comentaram o incidente. Especialistas em robótica apontam que falhas em sensores e algoritmos de navegação ainda são desafios recorrentes em robôs autônomos.

Segundo estudos publicados pela IEEE e instituições como a Universidade de Stanford, erros em mapeamento espacial, leitura de obstáculos e integração de comandos simultâneos podem levar a comportamentos inesperados, como colisões, travamentos ou deslocamentos incorretos em direção a áreas inseguras — incluindo escadas ou espaços restritos. Esses problemas geralmente estão ligados à calibração inadequada de sensores ou limitações no treinamento de algoritmos para ambientes complexos e dinâmicos.

Prefeitura usa robô supervisor: inovação ou marketing?

Por outro lado, o projeto também gerou questionamentos entre alguns cidadãos e especialistas, especialmente sobre o custo-benefício de empregar robôs em funções administrativas.

Embora o valor investido pela prefeitura de Gumi não tenha sido oficialmente divulgado, iniciativas semelhantes em cidades asiáticas já levantaram debates sobre se os recursos alocados para robótica poderiam ser melhor direcionados para áreas prioritárias como saúde, educação ou mobilidade urbana.

O colapso do robô reforça dúvidas sobre o real benefício de tais iniciativas. Muitos cidadãos questionam se os recursos não poderiam ser melhor empregados em áreas como educação, saúde ou mobilidade urbana. A própria prefeitura de Gumi ainda não anunciou se pretende substituir o robô por outro modelo ou se o projeto será encerrado.

Falha na inteligência artificial: desafio crescente

Casos como esse evidenciam os desafios do avanço da inteligência artificial em contextos do mundo real. Segundo estudos publicados por instituições como a IEEE e Stanford, falhas operacionais em robôs móveis são comuns mesmo após longos períodos de testes em ambientes controlados.

Além de falhas mecânicas e de software, a interação com humanos, ambientes dinâmicos e obstáculos inesperados continua sendo um dos maiores desafios para a robótica autônoma. O episódio em Gumi se insere nessa estatística e reforça a importância de sistemas de contingência e protocolos de emergência.

O futuro da automação no serviço público

Apesar do incidente, é provável que o uso de robôs em repartições públicas continue crescendo. A busca por eficiência, economia e modernização de processos torna esse caminho quase inevitável. No entanto, é fundamental que a implantação dessas soluções venha acompanhada de testes rigorosos, supervisão humana e análises de risco realistas.

Cidades como Dubai, Tóquio e Cingapura já têm robôs operando em diversas funções públicas com bons resultados. No entanto, esses projetos normalmente são acompanhados por equipes técnicas robustas e monitoramento constante — algo que pode não estar presente em todas as iniciativas.

Mais do que tecnologia, é preciso responsabilidade

O caso do robô acidente na Coreia do Sul, embora tenha chamado atenção pelo inusitado, é um reflexo dos desafios reais enfrentados quando se busca aplicar inteligência artificial no cotidiano da administração pública. A falha na inteligência artificial não é apenas um problema técnico, mas também de planejamento, expectativa e governança.

A proposta de ter um robô funcionário público pode, sim, trazer benefícios, desde que embasada em critérios sólidos de segurança, eficiência e ética. A prefeitura que usa robô supervisor deve estar ciente de que inovação exige mais do que investimento: exige responsabilidade com a sociedade e comprometimento com o bem comum.

O incidente em Gumi não marca o fim da automação pública, mas sim um lembrete de que, mesmo com robôs, o fator humano — no planejamento, supervisão e correção de erros — continua sendo essencial.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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