Analistas avaliam que retomada gradual da produção em oito países da OPEP+ deve impactar o mercado de petróleo e gás, mesmo diante de demanda global ainda resiliente
O preço do petróleo pode sofrer nova queda nas próximas semanas, segundo previsões publicadas pela Reuters e Yahoo Finance, com base em análises do banco Goldman Sachs e outros especialistas do setor de energia. Após a decisão da OPEP+ de elevar a produção em agosto e sinalizar novo aumento em setembro, o mercado começa a reagir à perspectiva de maior oferta, mesmo diante de uma demanda global ainda resiliente.
A decisão marca a quarta alta consecutiva de produção em 2025, encerrando gradualmente os 2,2 milhões de barris/dia de cortes voluntários feitos anteriormente para conter o excesso de oferta no mercado. O objetivo agora é normalizar a capacidade ociosa, recuperar fatias do mercado global e impor disciplina à produção de petróleo por parte dos EUA, especialmente no setor de xisto.
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O Goldman Sachs projeta que, de março a setembro deste ano, a produção combinada de oito membros da OPEP+ deve subir em 1,67 milhão de barris por dia, atingindo o patamar de 33,2 milhões de barris diários. A Arábia Saudita lidera esse movimento, sendo responsável por mais de 60% do aumento.
Cenário global sinaliza disputa por mercado e possível queda nos preços
A reabertura da produção ocorre em um momento de recuperação econômica moderada e de demanda energética resiliente, sobretudo por parte da China, maior importadora mundial de petróleo. Ainda assim, analistas do setor alertam que a elevação da oferta pode pressionar o preço do petróleo, que atualmente gira em torno de US$ 68 o barril (WTI) e US$ 69,50 (Brent).
O banco BNP Paribas revisou sua previsão e reduziu em US$ 5 o preço do Brent até o fim de 2025, passando a estimar US$ 55 por barril, enquanto o Goldman mantém projeção de US$ 59 no quarto trimestre deste ano e US$ 56 para 2026. Apesar da estabilidade atual, analistas veem risco de baixa se houver nova rodada de liberação de oferta por parte dos membros da OPEP+.
Durante o pico da tensão entre Israel e Irã, os preços chegaram a subir temporariamente, superando US$ 80 por barril, mas a posterior trégua anunciada por autoridades dos EUA esfriou o risco geopolítico, retirando o chamado “prêmio de guerra” do valor dos contratos futuros.
Demanda segue firme, mas volatilidade preocupa investidores
Mesmo com o aumento da produção, a demanda global por petróleo e gás continua acima do esperado, de acordo com o banco americano. A instituição projeta crescimento de 600 mil barris por dia em 2025 e de 1 milhão por dia em 2026, impulsionado por uma economia mundial mais robusta, aumento do consumo na Ásia e possível desvalorização do dólar.
Ainda assim, há fatores que mantêm o mercado volátil. A possível liberação de mais 1,65 milhão de barris/dia de cortes no próximo ano, combinada à chance de recessão nos EUA, estimada em 30% pelos economistas do próprio Goldman Sachs, trazem riscos significativos para o preço do petróleo em 2026.
Além disso, a indústria de energia deve observar com atenção o comportamento das reservas estratégicas e o avanço da produção em países fora da OPEP, como Estados Unidos e Canadá. Se a produção alternativa crescer mais do que o previsto, os preços podem sofrer pressão adicional no segundo semestre.
Aumento da produção pode influenciar preço do combustível em diversos países
O possível impacto no preço do combustível é uma preocupação direta para governos e consumidores. Com o aumento da produção e uma leve estabilização da demanda, a expectativa é de que os valores nos postos possam ter algum alívio, especialmente em países com política de preços atrelada ao mercado internacional.
Contudo, os custos logísticos, variações cambiais e a composição tributária local ainda são fatores que impedem a queda imediata nos preços ao consumidor final. O Brasil, por exemplo, segue acompanhando o movimento global, mas mantém atenção à sua balança energética e ao papel da Petrobras na definição dos reajustes internos.
Segundo analistas consultados pelo Yahoo Finance e pela Reuters, o equilíbrio entre oferta e demanda continuará frágil nos próximos trimestres, com momentos de alta volatilidade, principalmente diante de choques geopolíticos ou revisões abruptas na política de produção da OPEP+.