Cotação do petróleo recua após rumores sobre aumento de produção da Opep+ e diante do risco de paralisação do governo dos EUA, que pode afetar o mercado global de energia.
Na manhã desta quarta-feira, 1º de outubro de 2025, os preços do petróleo iniciaram o dia em baixa, refletindo a combinação de incertezas globais. O mercado reagiu tanto às negociações da Opep+ sobre possíveis aumentos na produção quanto às preocupações com a paralisação parcial do governo dos Estados Unidos.
Às 07h08 (horário de Brasília), o Brent para dezembro registrava queda de 0,33%, cotado a US$ 65,81 o barril, enquanto o WTI para novembro recuava 0,34%, para US$ 62,16 o barril. Esses números se somam às perdas expressivas dos dois dias anteriores, quando as referências internacionais caíram mais de 3% na segunda-feira e 1,5% na terça, marcando a maior sequência de quedas desde agosto.
Impacto da Opep+ e riscos de excesso de oferta
Segundo analistas, a pressão sobre os preços vem principalmente do lado da oferta. A Opep+ avalia autorizar em novembro um aumento de até 500 mil barris por dia, três vezes mais do que o avanço registrado em outubro. Fontes internas ao grupo confirmaram que o debate gira entre 274 mil e 411 mil barris, mas não descartam a cifra maior.
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Em comunicado oficial, no entanto, a Opep+ classificou como “enganosos” os relatórios que já tratavam o aumento de 500 mil barris como definido. Apesar da negação, os investidores seguem cautelosos diante da postura mais ofensiva da Arábia Saudita e de seus aliados, que buscam recuperar participação no mercado internacional.
Outro fator que mexeu com as expectativas foi a divulgação de dados do Instituto Americano de Petróleo (API). O relatório mostrou uma queda de 3,67 milhões de barris nos estoques de petróleo bruto, mas ao mesmo tempo um aumento de 1,3 milhão de barris na gasolina e de 3 milhões nos destilados.
Para a especialista Sugandha Sachdeva, da SS WealthStreet, esse movimento reduz parte do otimismo. “Embora os estoques de petróleo bruto dos EUA estejam em tendência de queda, o ritmo de redução diminuiu, moderando o sentimento otimista”, avaliou.
Paralisação nos EUA aumenta tensão
Enquanto isso, em Washington, a crise política adiciona incerteza. A paralisação parcial do governo americano, iniciada nesta quarta-feira, coloca em risco setores estratégicos e pode custar US$ 400 milhões por dia. Entre os impactos previstos estão a suspensão de pagamentos a tropas, o afastamento de 750 mil servidores federais, a interrupção de pesquisas científicas e até atrasos em viagens aéreas.
Essa paralisia deve também adiar a divulgação do aguardado relatório de folha de pagamento não agrícola de setembro, dado importante para medir a força da economia norte-americana e, consequentemente, a demanda futura por combustíveis.
Além da pressão nos EUA, pesquisas industriais na Ásia reforçaram o clima de preocupação. Setores estratégicos apresentaram retração em setembro, puxados pela queda na demanda chinesa, pela desaceleração do crescimento norte-americano e pelo temor de novas tarifas comerciais.
Diante desse quadro, especialistas avaliam que os preços do petróleo seguem vulneráveis às decisões da Opep+, aos rumos da economia global e às tensões políticas que influenciam diretamente o consumo de energia.