Preço do etanol continua disparando nos postos de combustíveis com escassez de açúcar e aumento do álcool anidro e quem “paga a conta” são os brasileiros
Após um ano de pandemia, o consumidor se depara com uma realidade bem diferente quanto ao preço do etanol nos postos de combustíveis. O biocombustível chegou a custar, em março do ano passado, R$ 1,99 o litro, aproximadamente, mas, atualmente, a realidade é bem diferente e o litro do etanol chegou a absurdos de quase R$ 5,00 em alguns postos de combustíveis. Segundo informações da União da Indústria da Cana de Açúcar (Única), o preço do etanol pode continuar subindo e deve se normalizar a partir da primeira quinzena de junho.
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Podemos dizer que um grande influenciador na alta do preço do etanol tem relação com a alta da gasolina, após reajustes da Petrobras, que já elevou o combustível em mais de 53% somente neste ano e, aliada à entressafra da cana-de-açúcar, tem feito o preço do biocombustível disparar.
Por que a alta da gasolina influencia no preço do etanol? Quando o preço da gasolina sobe, mais motoristas optam pelo etanol, a demanda aumenta, e o preço sobe.
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“O etanol é um produto do agro e, como sempre, existem safras e entressafras. É normal ter um aumento de preço durante essa época do ano. O que não é normal é o aumento da gasolina, que acaba puxando o preço do etanol para cima pelo aumento da demanda”, diz Guilherme Moreira, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Com a disparada do preço do etanol, abastecer com a gasolina se torna mais vantajoso
O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), mostra que o etanol teve uma variação de 14,48% nos preços nesse mês. Na distribuidora, o litro sai a R$ 3,12, segundo levantamento de 10 de maio.
Com o preço do etanol disparando nas bombas dos postos de combustíveis, abastecer com gasolina na capital e no estado de São Paulo já compensa mais para os motoristas.
Apesar do consumidor reconhecer que a gasolina é um combustível poluente se comparado ao etanol, a troca torna-se inevitável no aspecto econômico. “Não tem jeito. Para quem roda mais de 200 quilômetros por dia, tem que trocar de combustível”, afirma Adriano Ribeiro, que trabalha como motorista de aplicativo.
A conta a ser feita pelo motorista na hora de abastecer é mais simples ainda. Basta dividir o preço do etanol pelo da gasolina. Se o resultado for de até 70%, compensa mais encher o tanque com álcool. Caso contrário, a gasolina compensa mais.
Segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), da Fipe, que mede a inflação para as famílias da cidade de São Paulo, o etanol foi o quinto produto com a maior alta de preço entre janeiro e fevereiro, com 4,28%.
O que dizem os donos dos postos de combustíveis e os produtores de etanol
O presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo) do Estado de São Paulo, José Alberto Paiva Gouveia, destacou o posicionamento dos postos sobre o tema.
“O posto repassa o que vem de aumento e trabalha com margem bruta. Eu trabalho, por exemplo, com R$ 0,45 de margem por litro vendido. Então, se o litro custar R$ 6,00, R$ 5,00 ou R$ 4,00, eu ganho R$ 0,45 a cada litro que eu vendo. Inclusive, para o posto, é muito melhor quando o preço do litro está baixo porque o consumidor vai gastar mais litros e vou ganhar mais em litros. O preço quem faz é o usineiro”, diz.
Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), os preços do etanol refletem a realidade do mercado na busca de um equilíbrio entre oferta e demanda. O recomeço da safra pode ser um fator de queda no preço do etanol e que a partir da primeira quinzena de junho ocorra uma queda nos valores do combustívelmas, mas o cenário ainda é muito incerto.
“Por ter livre flutuação, o valor é afetado, entre outros fatores, pelo período da entressafra de cana-de-açúcar, pela recomposição operacional dos estoques das distribuidoras, pelo valor da gasolina e pelas cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional”, diz Unica.