Fenômeno silencioso ameaça uma das praias mais tradicionais do litoral paulista, transformando o cotidiano dos moradores e desafiando a gestão pública local.
A Praia do Gonzaguinha, um dos cartões-postais mais conhecidos do litoral paulista, vive atualmente um processo contínuo de diminuição de sua faixa de areia, resultado direto do avanço do mar e da intensificação da erosão costeira.
Localizada em São Vicente, a primeira cidade fundada no Brasil, a praia se tornou símbolo de um problema que afeta diversas regiões litorâneas do país: a redução do espaço de lazer e convívio devido à ação do mar sobre o território urbano.
Segundo registros históricos e relatos de moradores antigos, a Praia do Gonzaguinha já foi consideravelmente mais extensa.
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Na década de 1950, por exemplo, era comum ver moradores montando redes para jogos de tênis sobre a areia, em um cenário que hoje parece distante diante da realidade atual.
Com a constante diminuição da faixa arenosa, a preocupação se tornou rotina para quem vive na orla ou frequenta o local.
Erosão costeira ameaça praias brasileiras
De acordo com o Mapa de Risco à Erosão Costeira do Estado de São Paulo, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) em 2017, a Praia do Gonzaguinha figura entre os trechos mais vulneráveis do litoral paulista.
O estudo identificou áreas que já apresentam erosão acentuada e traçou cenários preocupantes para o futuro próximo, colocando em alerta tanto a população quanto as autoridades municipais.
A erosão costeira é um fenômeno natural, provocado principalmente pela força das ondas, que deslocam sedimentos da praia em direção ao mar, diminuindo gradualmente o espaço disponível na orla.
No entanto, especialistas ressaltam que a intensificação desse processo nas últimas décadas está diretamente relacionada à intervenção humana.
Entre os fatores agravantes, destacam-se o desmatamento das áreas próximas ao litoral, o avanço desordenado da urbanização e a ocupação de espaços originalmente destinados à vegetação de restinga e manguezais, que funcionam como barreiras naturais de proteção.
Mudanças climáticas e impacto no litoral
As mudanças climáticas também exercem influência significativa sobre o avanço do mar, sobretudo pelo aumento do nível dos oceanos e a frequência de eventos extremos, como tempestades e ressacas.
Em 2023, dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontaram que o nível médio dos oceanos subiu cerca de 20 centímetros desde o início do século XX.
Para cidades litorâneas como São Vicente, esse cenário representa desafios crescentes para a gestão pública e para a preservação dos espaços de lazer.
Prejuízos para turismo e moradores
O impacto da erosão costeira não se limita ao meio ambiente.
O desaparecimento gradual da faixa de areia afeta diretamente o turismo, a economia local e o cotidiano dos moradores, que perdem áreas de convivência e lazer, além de enfrentarem riscos crescentes de danos a imóveis e estruturas próximas à orla.
Segundo levantamento da prefeitura de São Vicente divulgado em abril de 2025, a redução da faixa de areia já resultou em perdas para o setor hoteleiro e de restaurantes, que depende do movimento de turistas durante todo o ano.
Alternativas e desafios para conter o avanço do mar
O Instituto de Pesquisas Ambientais reforça que a erosão costeira tende a se agravar sem a adoção de medidas eficazes de contenção e recuperação das áreas atingidas.
Entre as alternativas recomendadas por especialistas estão a recomposição da vegetação nativa, a implementação de estruturas de contenção, como espigões e enrocamentos, além da reurbanização planejada para respeitar os limites naturais da praia.
Contudo, as ações ainda ocorrem de forma pontual e insuficiente para reverter o quadro na Praia do Gonzaguinha.
Além dos fatores naturais, a influência da ação humana é amplamente reconhecida por pesquisadores.
O desmatamento em áreas de proteção, a construção de prédios e avenidas sobre a faixa de areia e a ocupação irregular dos manguezais são apontados como agravantes do problema, pois contribuem para o desequilíbrio dos ecossistemas costeiros e aceleram o processo erosivo.
O próprio Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já emitiu alertas sobre a necessidade de maior fiscalização e recuperação ambiental nessas regiões.
Conscientização ambiental e participação comunitária
Outro aspecto relevante é o papel da conscientização ambiental da população.
Campanhas educativas e projetos de participação comunitária vêm sendo realizados para informar moradores e turistas sobre a importância de preservar a vegetação de restinga e evitar intervenções irregulares na faixa de areia.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente de São Vicente, em maio de 2025 foram promovidas atividades voltadas à recuperação de áreas degradadas e à valorização dos recursos naturais locais.
Em meio a esse cenário de avanço do mar e recuo da faixa de areia, a Praia do Gonzaguinha representa um alerta para o futuro das praias brasileiras mais populares.
A situação chama atenção não apenas pela importância turística do local, mas pelo impacto direto na vida dos moradores, comerciantes e frequentadores do litoral de São Paulo.
Com a erosão costeira avançando ano após ano e a cada ressaca trazendo novas perdas, moradores e autoridades debatem alternativas para conter a diminuição da faixa de areia e garantir a sobrevivência de um dos destinos mais tradicionais do estado.
Em um contexto onde o mar avança e as soluções ainda parecem distantes, a Praia do Gonzaguinha se transforma em símbolo de resistência e alerta para outras regiões costeiras.
Diante desse cenário, quais medidas você acredita serem mais urgentes para proteger as praias queridinhas dos brasileiros e evitar que mais áreas sejam engolidas pelo mar?