Nova rota marítima liga Brasil e China em 2025: Porto do Pecém reduz viagem em 30 dias, movimenta 1.200 contêineres semanais e revoluciona exportações.
O comércio marítimo entre Brasil e China ganhou um novo capítulo em 2025. O Porto do Pecém, no Ceará, inaugurou uma rota direta com o gigante asiático, reduzindo o tempo de viagem em cerca de 30 dias e consolidando o terminal nordestino como um dos principais hubs logísticos internacionais do país.
Até então, a conexão Brasil–China dependia de escalas intermediárias em portos europeus, africanos ou do Canal de Suez, o que elevava custos e ampliava prazos. Agora, com a operação direta, a viagem que antes levava cerca de 60 dias passou a ser realizada em 30 dias, colocando o Brasil em vantagem competitiva no transporte de alimentos, frutas, proteínas e produtos industrializados.
O salto de movimentação com a chegada da nova rota marítima liga Brasil e China
A expectativa é de que o Porto do Pecém movimente 1.200 contêineres por semana apenas nessa nova rota com a China. Isso significa um crescimento imediato de 10% no volume operacional total do porto, segundo estimativas da Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP S/A).
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Na prática, essa ampliação representa milhares de toneladas adicionais de cargas movimentadas por mês, incluindo frutas tropicais como melão, manga e mamão, além de proteínas congeladas e produtos industrializados.
Para o Nordeste, a novidade coloca a região no radar das cadeias logísticas globais, ampliando sua relevância além do mercado interno brasileiro.
O papel da China no comércio brasileiro
A China é o maior parceiro comercial do Brasil há mais de uma década. Em 2024, o fluxo bilateral superou US$ 150 bilhões, sendo que a maior parte das exportações brasileiras corresponde a commodities agrícolas (soja, carne bovina, celulose) e minerais (minério de ferro).
No entanto, o desafio sempre foi a logística: o transporte marítimo era caro e demorado, criando gargalos para produtos perecíveis, como frutas frescas, e elevando o custo final para exportadores.
Com a rota direta do Porto do Pecém, esse obstáculo começa a ser superado. Para produtores nordestinos de frutas, por exemplo, significa que será possível chegar ao mercado chinês em condições de frescor muito melhores, competindo com fornecedores tradicionais como Chile, Peru e Filipinas.
O impacto nas exportações de frutas e proteínas
O Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de frutas em 2024, movimentando US$ 1,28 bilhão. No primeiro semestre de 2025, os embarques já haviam crescido 27% em volume, alcançando 546 mil toneladas. Parte desse crescimento será potencializado pela nova rota com a China.
Frutas frescas que antes enfrentavam risco de perdas durante a viagem agora têm mais chances de chegar intactas. Melões e mangas produzidos no Ceará e no Rio Grande do Norte, por exemplo, poderão ser embarcados diretamente em Pecém rumo a portos chineses em metade do tempo.
Além disso, a rota abre caminho para proteínas animais congeladas, especialmente frango e carne bovina, cuja demanda na China segue em expansão. Com menos dias de viagem, os custos de armazenagem em contêineres refrigerados também caem, aumentando a competitividade brasileira.
Pecém como hub internacional
O Porto do Pecém já vinha se destacando como uma plataforma logística internacional. Localizado em posição estratégica, próximo às rotas do Atlântico Norte e ao Canal do Panamá, o terminal é fruto de uma parceria entre o Governo do Ceará e o Porto de Roterdã, na Holanda.
Essa conexão europeia permitiu que Pecém adotasse práticas de gestão de classe mundial, tornando-se um dos portos mais eficientes do Brasil. A nova rota com a China é um passo além: transforma o porto cearense em ponto de convergência entre Europa, Ásia e Américas.
Benefícios para o Nordeste e para o Brasil
Para o Nordeste, os impactos são imediatos:
- Mais competitividade para frutas e pescados da região.
- Geração de empregos em transporte, armazenagem e serviços logísticos.
- Atração de investimentos em terminais frigoríficos e infraestrutura.
Para o Brasil como um todo, a rota ajuda a diversificar a logística de exportação, reduzindo a dependência de portos do Sudeste e Sul, como Santos e Paranaguá. Isso descentraliza o comércio exterior e torna o país mais resiliente em momentos de crise logística global.
O xadrez geopolítico da logística
A nova rota também deve ser lida em um contexto de geopolítica marítima. Nos últimos anos, a China vem ampliando sua presença em portos estratégicos no mundo, investindo em infraestrutura e rotas comerciais.
O fato de um porto nordestino brasileiro estabelecer uma ligação direta com a China não é apenas um avanço comercial, mas também um gesto político de aproximação. Para o Brasil, representa oportunidade de consolidar-se como fornecedor confiável em tempos de disputa global por alimentos e matérias-primas.
Riscos e desafios
Apesar do otimismo, a operação enfrenta desafios. O primeiro é a sustentação da demanda: para que a rota seja financeiramente viável, é preciso manter volumes consistentes de exportação e importação.
Outro ponto é a infraestrutura portuária local. Embora Pecém tenha se modernizado, o crescimento acelerado exigirá novos investimentos em armazenagem frigorífica, dragagem e ampliação de terminais.
Além disso, há o risco da dependência excessiva da China, algo que já preocupa setores do agro. Para equilibrar, o Brasil precisa aproveitar a nova rota como oportunidade de expandir também para outros destinos asiáticos, como Japão, Coreia e Sudeste Asiático.
A inauguração da rota direta entre Porto do Pecém e China em 2025 é mais do que um avanço logístico: é um divisor de águas para o comércio exterior brasileiro. Reduzir o tempo de viagem em 30 dias e movimentar 1.200 contêineres por semana significa abrir espaço para bilhões em novos negócios, especialmente em setores sensíveis como frutas frescas e proteínas congeladas.
O movimento consolida o Ceará como plataforma logística internacional e reforça o papel do Brasil como protagonista da segurança alimentar global. Em tempos de disputas comerciais e de desafios de abastecimento, a rota Pecém–China simboliza um futuro de maior integração, velocidade e competitividade.