1. Início
  2. / Construção
  3. / Por que você nunca verá fios nos postes da Dinamarca — e no Brasil eles estão por toda parte?
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Por que você nunca verá fios nos postes da Dinamarca — e no Brasil eles estão por toda parte?

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 12/06/2025 às 18:40
Por que você nunca verá fios nos postes da Dinamarca — e no Brasil eles estão por toda parte?
Imagem gerada por inteligência artificial
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Enquanto a Dinamarca enterra quase todos os cabos de energia por segurança e estética, o Brasil mantém redes aéreas por custo e falta de planejamento. Entenda os motivos.

A infraestrutura urbana de um país não é definida apenas pelo que se vê. Em locais como a Dinamarca, a decisão de enterrar os cabos de energia tornou-se uma política pública consolidada. Já no Brasil, a fiação aérea continua sendo o modelo mais comum, mesmo em grandes centros urbanos. A diferença entre os dois sistemas não é apenas visual — envolve segurança, confiabilidade, planejamento e custo.

A opção por fios enterrados transforma o ambiente urbano, reduz riscos de interrupções por fenômenos climáticos e preserva a paisagem. No entanto, essa escolha exige investimentos altos, escavações complexas e planejamento de longo prazo.

Cabos enterrados são política nacional na Dinamarca desde 2008

Na Dinamarca, a diretriz para enterrar os cabos de energia de alta tensão foi formalizada em 2008. O país estabeleceu que todas as novas linhas de 400 kV deveriam ser instaladas no subsolo. A medida foi adotada para preservar paisagens naturais, aumentar a confiabilidade do sistema e diminuir os riscos de falhas durante tempestades ou acidentes.

Pai e filho sorrindo ao fundo de arte promocional da Shopee para o Dia dos Pais, com produtos e caixas flutuantes em cenário laranja vibrante.
Celebre o Dia dos Pais com ofertas incríveis na Shopee!
Ícone de link VEJA AS OFERTAS!
YouTube Video

Hoje, o sistema elétrico dinamarquês é considerado um dos mais confiáveis da Europa, com disponibilidade acima de 99,99%. Esse nível é possível, em parte, porque os fios estão protegidos de fatores externos, como quedas de árvores, ventos fortes ou vandalismo.

Além da segurança, o motivo estético também é valorizado. Áreas costeiras, zonas rurais e locais históricos têm prioridade na transição para cabos subterrâneos, a fim de preservar o patrimônio visual do país.

Brasil mantém fios aéreos por custo e dificuldades operacionais

Ao contrário da Dinamarca, o Brasil ainda adota majoritariamente o sistema de fiação aérea, visível em postes que cortam cidades inteiras. A principal razão é o custo elevado da instalação subterrânea. Especialistas estimam que enterrar cabos de energia pode custar até 10 vezes mais do que manter redes aéreas.

O processo exige escavações profundas, alteração do tráfego urbano, remoção de calçadas e realocação de outras infraestruturas subterrâneas, como água, esgoto e telecomunicações. Em cidades densamente povoadas, essas intervenções causam transtornos que tornam o modelo subterrâneo menos viável no curto prazo.

A ausência de uma política nacional abrangente também é um fator. No Brasil, a implantação de cabos enterrados ocorre de forma isolada, geralmente em regiões centrais de capitais ou em bairros com alto padrão de urbanização. Há experiências pontuais em São Paulo, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte, mas sem expansão em larga escala.

Segurança e manutenção também diferenciam os modelos

As redes subterrâneas oferecem mais segurança contra quedas de árvores, alagamentos e curtos-circuitos provocados por tempestades. O fornecimento de energia é mais estável e a necessidade de manutenção emergencial é menor.

No entanto, quando ocorrem falhas, a manutenção de cabos enterrados é mais complexa. Exige sondagens técnicas, acesso ao subsolo e maior tempo de reparo, já que os defeitos não são visíveis. Já nos sistemas aéreos, técnicos conseguem identificar falhas rapidamente e realizar consertos com equipamentos móveis, o que reduz o tempo de resposta em emergências.

Estética urbana: o fio que atravessa a paisagem

Em termos visuais, as diferenças entre os modelos são evidentes. Cidades com fios aéreos enfrentam poluição visual, com postes sobrecarregados por redes de eletricidade, telecomunicações e iluminação pública. A presença desses cabos também interfere em projetos de arborização, reduzindo a altura das árvores e afetando a sombra nas calçadas.

Na Dinamarca, ao contrário, a ausência de fios contribui para a valorização das áreas urbanas e turísticas. Ruas limpas, sem interferência visual, tornam o ambiente mais agradável e organizado. Esse fator, embora menos mensurável economicamente, tem peso na qualidade de vida e na percepção da população sobre o espaço urbano.

Custo-benefício no longo prazo ainda é debatido no Brasil

Embora o custo inicial de enterrar fios seja alto, estudos mostram que a durabilidade dos cabos enterrados compensa esse investimento ao longo do tempo. Em média, esses cabos duram mais de 40 anos e requerem menos intervenções.

Por outro lado, a adaptação do modelo dinamarquês ao Brasil esbarra na falta de planejamento urbano integrado, nas dificuldades de coordenação entre entes públicos e privados, e na urgência de resolver problemas imediatos da infraestrutura básica.

Comparativo entre os dois países

CritérioDinamarcaBrasil
Tipo predominante de redeCabos enterradosFios aéreos
Política pública nacionalSim, desde 2008Não existe
Custo inicialAlto, mas planejadoBaixo, preferido em áreas urbanas
Estética urbanaSem poluição visualPoluição visual presente
ManutençãoRara, mas complexaFrequente, porém rápida
Segurança e confiabilidadeMuito altaVariável, afetada por intempéries

A decisão da Dinamarca de enterrar seus cabos de energia reflete um modelo de urbanismo planejado, com foco em segurança, estética e eficiência de longo prazo. Já o Brasil opta por manter os fios visíveis devido ao custo, à complexidade operacional e à falta de políticas nacionais de infraestrutura subterrânea.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x