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Por que viver no Rio de Janeiro ficou ‘impossível’?

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 26/06/2025 às 19:57
Rio de Janeiro vive crise fiscal, desemprego em alta e violência crescente, tornando cada vez mais difícil morar no estado. Entenda o colapso.
Rio de Janeiro vive crise fiscal, desemprego em alta e violência crescente, tornando cada vez mais difícil morar no estado. Entenda o colapso.
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Estado com o segundo maior PIB do país sofre com violência crescente, crise fiscal profunda e deterioração dos serviços públicos, levando à fuga de moradores e empresas em ritmo alarmante.

Por que viver no Rio de Janeiro ficou ‘impossível’? Viver no Rio de Janeiro tem se tornado um desafio crescente nos últimos anos.

O estado, que já foi símbolo de desenvolvimento econômico e prestígio político no Brasil, enfrenta atualmente uma das piores crises sociais e econômicas do país.

Apesar de deter o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com cerca de R$ 1 trilhão, e ser o terceiro estado mais populoso, o Rio apresenta taxas alarmantes de desemprego, aumento expressivo da violência e uma degradação visível nos serviços públicos.

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Esse conjunto de fatores tem impulsionado a saída de empresas, reduzido a atividade econômica e alimentado um ciclo de instabilidade.

Crise econômica e dependência dos royalties do petróleo

De acordo com o canal “Sem Economês”, que analisou a trajetória econômica e social do estado, a dependência quase exclusiva de setores voláteis como o petróleo contribuiu para a vulnerabilidade fiscal fluminense.

A arrecadação com royalties petrolíferos, que chega a ultrapassar R$ 27 bilhões anuais, não tem sido suficiente para conter o avanço do déficit público, tampouco para manter o equilíbrio das contas estaduais.

Segundo o canal, a previsão de rombo nas finanças públicas do Rio entre 2026 e 2028 já ultrapassa os bilhões de reais, afetando investimentos essenciais em áreas como saúde, educação, transporte e segurança.

Perda de prestígio político e industrialização enfraquecida

A perda de protagonismo do Rio de Janeiro começou a se delinear em 1960, quando deixou de ser a capital federal com a inauguração de Brasília.

Conforme destacou o canal, essa mudança interrompeu um ciclo de prosperidade impulsionado pela presença dos principais órgãos do poder público, que atraíam investimentos, infraestrutura moderna e mão de obra qualificada.

A transferência da capital resultou não apenas na evasão de servidores públicos, mas também na retração de recursos federais e de grandes projetos.

Nas décadas seguintes, especialmente a partir dos anos 1970, a ascensão de São Paulo como polo industrial e financeiro agravou a situação fluminense.

Dados históricos demonstram que, enquanto a indústria paulista crescia e consolidava sua posição, a fluminense registrava queda na participação no PIB industrial do país, encolhendo de 28% para cerca de 15% entre as décadas de 1930 e 1970.

Como explicou o “Sem Economês”, essa desindustrialização precoce levou à perda de complexos produtivos, know-how e mão de obra qualificada, fatores que foram cruciais para o declínio econômico.

Boom do petróleo e novo colapso

Mesmo com a descoberta das reservas do pré-sal na Bacia de Santos, no início dos anos 2000, e o impulso da indústria petrolífera, o crescimento foi pontual e não estruturou uma base econômica diversificada.

O canal observou que, entre 1999 e 2005, a indústria fluminense cresceu 8,7% ao ano, liderada por setores ligados ao petróleo, construção naval e logística.

No entanto, a concentração excessiva nesse segmento agravou a exposição do estado às oscilações do preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Essa vulnerabilidade ficou evidente a partir de 2014, quando a cotação do petróleo caiu mais de 60% em poucos meses, impactando diretamente a arrecadação estadual.

Paralelamente, a Operação Lava Jato revelou um esquema de corrupção envolvendo empresas públicas e privadas, com forte impacto na Petrobras e no setor de engenharia pesada.

Segundo o “Sem Economês”, esse escândalo paralisou obras estratégicas como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), gerando desemprego em massa e retração de investimentos.

Austeridade forçada e deterioração urbana

A crise fiscal se aprofundou nos anos seguintes.

O estado passou a registrar atrasos salariais, suspensão de serviços básicos e aumento das dívidas com fornecedores.

Entre 2014 e 2017, o desemprego cresceu 157%, atingindo mais de 10% da população economicamente ativa.

Mesmo com algum crescimento do PIB em 2024, impulsionado pela recuperação pós-pandemia, os indicadores sociais e econômicos continuam preocupantes.

O canal cita que o Rio foi um dos estados com maior número de desocupados em 2024, ficando entre os cinco piores índices do país.

A deterioração da infraestrutura urbana é outro reflexo do colapso das contas públicas.

Serviços como transporte, drenagem de águas pluviais e saneamento básico operam com recursos insuficientes, o que tem aumentado os episódios de enchentes e deslizamentos.

Segundo o próprio canal, cerca de 600 mil residências apenas na capital fluminense estão localizadas em áreas de risco, evidenciando a fragilidade da ocupação urbana.

Violência crescente e perda de controle do território

Além disso, a violência tem se tornado um dos principais fatores que inviabilizam a permanência de famílias e empresas no estado.

Em 2023, o Rio de Janeiro registrou uma média de nove homicídios por dia, número superior ao de São Paulo, que possui uma população quase três vezes maior.

Conforme ressaltou o “Sem Economês”, a atuação do crime organizado — incluindo milícias e facções — assumiu contornos de poder paralelo, especialmente em regiões periféricas.

Nessas áreas, são comuns práticas como toques de recolher e cobrança de taxas a moradores, o que dificulta a presença do Estado e a implementação de políticas públicas duradouras.

Turismo em queda e êxodo populacional no Rio de Janeiro

Esse ambiente de insegurança também afeta diretamente setores estratégicos como o turismo, historicamente um dos pilares da economia fluminense.

A instabilidade leva à redução no número de visitantes, fechamento de hotéis, queda na ocupação de restaurantes e perdas expressivas de receita para trabalhadores da área.

Mesmo com os atrativos naturais reconhecidos internacionalmente, o Rio enfrenta dificuldades em diversificar sua oferta turística devido à percepção de insegurança.

A população tem respondido a esse cenário com uma crescente evasão.

Mais de 100 mil pessoas deixaram o estado nos últimos 13 anos em busca de melhores condições de vida, mercado de trabalho e serviços públicos em outras unidades da federação.

A perda populacional, combinada com o fechamento de empresas e retração de investimentos, compromete ainda mais a capacidade de recuperação econômica do estado.

Como apontou o canal “Sem Economês”, a atual crise no Rio de Janeiro não é resultado de um único fator isolado, mas sim da convergência de décadas de má gestão, falta de planejamento, dependência de setores instáveis e corrupção sistêmica.

O resultado é um ambiente hostil à permanência de cidadãos, com serviços públicos em colapso, economia fragilizada e violência em níveis alarmantes.

Diante de um cenário tão complexo e persistente, o que seria necessário para tornar possível novamente viver no Rio de Janeiro?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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