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Por que poço artesiano, telhado na garagem e calçada irregular podem dar multa pesada e até embargo na sua obra no Brasil

Publicado em 02/10/2025 às 09:03
Multa pesada em obras pode vir por poço artesiano irregular, calçada fora do padrão, telhado na garagem ou falta de área permeável; entenda riscos.
Multa pesada em obras pode vir por poço artesiano irregular, calçada fora do padrão, telhado na garagem ou falta de área permeável; entenda riscos.
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No Brasil, regras urbanísticas e ambientais variam por cidade e descumpri-las pode gerar multa pesada, embargo e até demolição; entenda, de forma prática, o que mais pega em poço artesiano, cobertura na frente do lote, calçada irregular, área permeável, muro do vizinho, servidão de passagem e corte de árvores.

A multa pesada não vem do nada: ela é o desfecho de um conjunto de regras que muita gente ignora por desconhecimento. Poço artesiano furado sem outorga, telhado cobrindo a garagem na área de recuo, calçada com rampa tomando toda a largura e lote totalmente cimentado são alguns exemplos comuns que podem resultar em autuação, embargo e custos extras difíceis de reverter.

Segundo o arquiteto Ralph Dias, a maior armadilha está em achar que “o terreno é meu, faço o que eu quiser”. Não é assim: a lei separa o que é público, privado e de uso comum; há recuos obrigatórios, faixas técnicas na calçada e autorizações ambientais específicas. Quem planeja antes economiza tempo, dinheiro e dor de cabeça.

Poço artesiano: quando o “é meu” encontra o interesse público

Muita gente acredita que a água subterrânea do lote é “propriedade privada”. Na prática, é bem público: a perfuração depende de outorga e de estudos técnicos.

Poço mal executado pode contaminar aquíferos, salinizar água em áreas litorâneas e interferir no abastecimento de vizinhos.
Ralph Dias alerta que a autorização costuma ser estadual e exige relatório hidrogeológico, localização e controle de consumo.

Sem isso, a multa pesada é provável, e a obra pode ser embargada até a regularização.

Outro ponto que poucos consideram é o custo recorrente: além do projeto e da perfuração, pode ser obrigatório instalar hidrômetro e enviar relatórios.

Negligenciar o processo gera risco jurídico e técnico; em casos de irregularidade, o fechamento do poço pode ser determinado.

Calçada: espaço público com responsabilidades do morador

A calçada não “pertence” ao imóvel; é área pública com uso e manutenção sob responsabilidade do frentista.

Três faixas costumam organizar o espaço: de serviço (postes, árvores, tampas), de circulação livre e de acesso. Desníveis, pisos escorregadios e rampas ocupando toda a largura podem ferir normas de acessibilidade e gerar multa pesada.

Mesmo em cidades com fiscalização fraca, o risco permanece: acidentes por piso inadequado recaem sobre o responsável pela calçada.

Ralph Dias recomenda consultar o padrão municipal de revestimento, prever piso tátil quando exigido e respeitar caixas de passagem das concessionárias.

Telhado na frente do lote: recuo frontal não é “área livre para cobrir”

Um erro frequente é fechar do portão até a fachada com telha fixa para proteger o carro. O recuo frontal é, em regra, área não edificável; cobertura fixa conta como área construída e pode puxar embargo e multa pesada.

As cidades variam, mas é comum recuo frontal mais largo que os laterais; Alguns códigos aceitam avanço do pavimento superior controlado ou coberturas removíveis/pergolados em condições específicas.

Sem previsão clara na lei local, a orientação segura é não cobrir.

Área permeável: cimento demais, problema na certa

Cimentar o lote inteiro parece prático, mas é ilegal em muitos planos diretores. Percentual mínimo de área permeável costuma ser exigido para infiltração, conforto térmico e controle de enchentes.
Além de multa pesada, o imóvel perde valor: aumenta o calor interno, piora a drenagem e limita o paisagismo.

O ideal é aprovar o projeto já com a porcentagem correta, evitando “puxadinhos” posteriores que viram passivo na hora da venda.

Servidão de passagem: quando a rede “precisa” cruzar seu terreno

Se o lote vizinho estiver encravado ou sem alternativa técnica para acessar a rede pública, a lei pode autorizar passagem forçada de tubulações pelo seu terreno.

Isso não é abuso; é regra para garantir saneamento e uso adequado do solo.

Para não transformar o direito do vizinho em transtorno permanente, Ralph Dias sugere: definir traçado técnico, registrar a servidão na matrícula e preservar a área de passagem de construções futuras.

Em certos casos, há possibilidade de indenização; avalie com advogado.

Muro do vizinho: apoio proibido, litígio garantido

Apoiar pergolado, telhado ou chuveirão no muro do vizinho é receita para conflito.

Cada proprietário constrói o seu muro para dentro do próprio lote, salvo acordo formal de muro “meio a meio” solução que, na prática, exige autorização conjunta para qualquer intervenção.
A regra simples é: não usar o que não é seu.

Se o vizinho construiu antes, isso não transfere o direito de uso. Evite infiltrações e trincas do outro lado, economize brigas e fuja da multa pesada.

Corte de árvores: licença antes de qualquer serrote

Árvore em lote não é obstáculo; é patrimônio ambiental. Corte sem autorização pode gerar multa pesada e obrigação de compensação.

O trâmite envolve vistoria técnica, verificação de espécie, risco de queda e, quando autorizado, plantio compensatório.
Muitas vezes, integrar a árvore ao projeto valoriza a casa e melhora o microclima. Se houver risco real, documente tudo, peça a licença e execute o corte com empresa habilitada.

Outras amarras que você precisa considerar

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Planos diretores definem coeficiente de aproveitamento, gabarito e usos permitidos (residencial, misto, comercial).

Faixas de proteção próximas a rios, lagos e mar costumam ter regras ambientais adicionais.
Antes de comprar, levante zoneamento, recuos e restrições; antes de construir, aprove o projeto com responsável técnico.

Pular etapas pode baratear no início, mas sai caro quando chegam a multa pesada, o embargo e a ordem de demolição.

A obra segura começa no papel. O caminho é projeto aprovado, licenças ambientais em dia, respeito a recuos e calçada acessível e decisões técnicas documentadas.

Assim, você evita multa pesada, protege o seu patrimônio e ganha tempo.

Na sua cidade, o que mais dá autuação: poço irregular, calçada fora do padrão ou cobertura no recuo? Você já precisou regularizar algo no meio da obra?

Conte nos comentários com o nome da cidade e o que aconteceu — vamos aprender com os casos reais.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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