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Por que os prédios de Santos são tortos? Engenharia explica o mistério dos prédios inclinados

Escrito por Rafaela Fabris
Publicado em 24/09/2024 às 14:01
Por que os prédios de Santos são tortos? Engenharia explica o mistério dos prédios inclinados
Engenharia revela os motivos por trás das construções inclinadas na orla da cidade (Imagem: Reprodução)

Entenda como erros de planejamento urbano e fundações inadequadas, aliados ao tipo de solo, resultaram em um dos maiores desafios da engenharia no litoral de São Paulo

Os famosos prédios de Santos são conhecidos não só pela bela vista para o mar, mas também por um “detalhe” que chama muita atenção: eles são tortos! Sim, você não leu errado, e se você acha que isso é exagero, saiba que não estamos falando de pequenos desvios. A explicação para esse fenômeno, por incrível que pareça, está na própria engenharia e no tipo de solo onde esses edifícios foram construídos. Mas antes que você imagine prédios caindo pela cidade, vamos entender o que realmente acontece e por que isso virou até ponto turístico!

Nos anos 1940, Santos passou por um grande boom imobiliário, especialmente na região da orla. O problema? Ninguém deu muita bola para o tipo de solo onde estavam construindo. A cidade está sobre uma planície sedimentar composta por uma camada fina de areia sobre uma espessa camada de argila mole, o que, para qualquer engenharia civil, é um pesadelo. Esses dois tipos de solo são péssimos para dar sustentação a estruturas pesadas, como os edifícios altos que começaram a surgir na época.

Engenharia explica, fundação rasa e recalque

A maioria dos prédios de Santos foi erguida com fundações rasas, o que significa que não tinham uma base profunda o suficiente para alcançar camadas de solo mais estáveis. Isso, aliado ao peso dos edifícios e a proximidade entre eles, criou uma situação de “bulbos de tensão”. Quando dois prédios estão muito próximos, o solo entre eles sofre mais pressão, fazendo com que ambos comecem a se inclinar. Esse fenômeno é conhecido como recalque, e é uma das maiores dores de cabeça da engenharia.

O que a engenharia pode (ou não) fazer para corrigir isso?

Para muitos dos prédios de Santos, tentar corrigir essas inclinações foi um grande desafio da engenharia. Algumas técnicas, como a sangria de areia sob as fundações e a injeção de concreto para reforçar a estrutura, conseguiram estabilizar alguns edifícios. No entanto, nem todos tiveram a mesma sorte. Um dos exemplos mais famosos é o Edifício Lúcio Malzoni, que sofreu com recalques desde sua construção nos anos 1960. Diversas intervenções foram realizadas, mas apenas o bloco A do prédio foi estabilizado – o bloco B, por falta de verba, permanece inclinado até hoje.

O lado curioso do problema: turismo e desvalorização dos prédios de Santos

Enquanto para os moradores o problema dos prédios de Santos é um verdadeiro pesadelo, para os turistas virou uma atração. Apesar da engenharia torta, as pessoas tiram fotos ao lado dos prédios tortos, muitas vezes brincando com a perspectiva, como se estivessem “segurando” os edifícios. Por outro lado, a desvalorização desses imóveis é brutal. Apartamentos que, em condições normais, poderiam valer centenas de milhares de reais, são vendidos a preços muito abaixo do mercado. Um exemplo disso foi um apartamento com vista para o mar que, devido à inclinação do prédio, foi vendido por apenas 40 mil reais, quando o preço real seria em torno de 350 mil.

Lições para o futuro da construção civil

Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil. A famosa Torre de Pisa, na Itália, também foi vítima de um solo instável e erros de engenharia. No caso de Santos, a solução definitiva para os prédios tortos seria extremamente cara e complexa. No entanto, o caso serve de lição para construtoras ao redor do mundo: é imprescindível investir em estudos geológicos e em fundações adequadas antes de levantar qualquer grande estrutura.

E aí, já conhecia essa história curiosa sobre os prédios de Santos? Deixe nos comentários sua opinião!

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Rafaela Fabris

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