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Por que os bombeiros de Los Angeles são proibidos usar água salgada do oceano para combater incêndios florestais

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 15/01/2025 às 17:46
água salgada, bombeiros, incêndios
Foto: Reprodução
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Apesar da proximidade com o Oceano Pacífico, os bombeiros de Los Angeles evitam o uso de água salgada no combate a incêndios florestais. Quais são os motivos por trás dessa decisão e quais os desafios enfrentados pelas equipes de emergência?

A temporada de incêndios florestais em Los Angeles começou de forma devastadora, dando muito trabalho para os bombeiros. Enquanto colinas de Pacific Palisades queimam intensamente,, milhares de pessoas são forçadas a abandonar suas casas, fugindo das chamas vorazes.

No final de semana, o incêndio em Palisades havia consumido mais de 36 mil acres e tirado pelo menos 25 vidas, enquanto a fumaça tingia o céu de cinza.

O cenário é desolador. Hidrantes secos, recursos esgotados e uma pressão crescente sobre os bombeiros levantam uma pergunta intrigante: por que, com o Oceano Pacífico tão próximo, não usar sua abundante água para combater os incêndios? A resposta é mais complicada do que parece.

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Água salgada: por que não é a solução para os bombeiros?

Nas áreas afetadas, como Pacific Palisades, a falta de água tornou o combate aos incêndios ainda mais desafiador.

Segundo Ryan Babroff, bombeiro voluntário envolvido na luta contra o Eaton Fire, a ausência de água nos hidrantes cria um dilema crítico. “Como você combate um incêndio sem água?”, questiona ele.

A infraestrutura de água da cidade, projetada para incêndios urbanos, mostra-se inadequada para megaincêndios de rápida propagação.

Cerca de 20% dos hidrantes em Los Angeles ficaram secos, conforme relatado pela prefeita Karen Bass. Janisse Quiñones, engenheira chefe do Departamento de Água e Energia de Los Angeles (LADWP), admitiu que o sistema foi levado ao extremo.

A água é essencial no combate a incêndios, pois resfria materiais e umedece áreas para prevenir novas chamas.

Mas o uso de água salgada traz desafios ambientais e logísticos que complicam sua aplicação em grande escala.

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Impactos ambientais da água salgada

Quando a água do mar evapora após ser usada em incêndios, o sal que fica para trás causa salinização do solo, um processo que torna o terreno infértil.

Tim Chavez, ex-chefe assistente do Cal Fire, explica: “Água salgada é um esterilizador do solo. Depois de usá-la, você não consegue cultivar nada naquela área por anos.

Além disso, o sal prejudica o movimento de nutrientes no solo e pode ser tóxico para plantas menos tolerantes.

O problema não para no solo. A salinização pode atingir fontes de água doce próximas, contaminando suprimentos e interrompendo ecossistemas sensíveis. O impacto ambiental a longo prazo seria devastador.

Corrosão de equipamentos dos bombeiros

Os equipamentos usados pelos bombeiros — como mangueiras e caminhões — não são projetados para suportar a exposição prolongada à água salgada.

O sal corrói metais como ferro e aço, comprometendo a eficácia e a segurança dos equipamentos. “Atualizar toda a frota para lidar com água salgada seria extremamente caro”, afirma Ping Furlan, químico e professor da US Merchant Marine Academy.

Embora existam materiais resistentes à corrosão, como o aço de grau marítimo, seu custo é inviável para uso em larga escala. Assim, o uso de água do mar seria mais uma solução paliativa do que prática.

Desafios logísticos

Mesmo que os problemas ambientais e de corrosão fossem resolvidos, acessar e transportar água do oceano é uma tarefa monumental.

Caminhões de bombeiros não conseguem operar diretamente na costa, e a infraestrutura atual não foi projetada para extrair água do mar em emergências.

Helicópteros e aviões, por outro lado, são capazes de usar água do oceano em situações específicas. Durante o incêndio de Palisades, aviões Bombardier CL-415, conhecidos como “super scoopers”, coletaram água diretamente do mar para despejá-la sobre as chamas.

Cada aeronave transporta cerca de 1.600 galões por viagem, mas esse processo é limitado por fatores como vento forte e a precisão necessária para evitar danos colaterais.

Despejar água do ar sobre áreas residenciais pode causar danos por impacto, dado o peso da água”, explica Thomas, especialista em combate a incêndios aéreos. Por isso, essa estratégia é geralmente reservada para áreas selvagens e desabitadas.

Casos em que a água salgada é usada

Apesar das dificuldades, a água do mar já foi usada em situações de extrema necessidade. No entanto, mesmo nesses casos, ela é aplicada de forma limitada e estratégica. Durante o incêndio em Palisades, a água do oceano ajudou a conter o avanço das chamas em áreas críticas, mas não foi suficiente para resolver o problema como um todo.

Além disso, o uso de água salgada é sempre uma medida emergencial, e não uma solução sustentável. O transporte, o risco ambiental e os custos associados tornam impraticável sua adoção em grande escala.

O futuro dos incêndios florestais na Califórnia

Os incêndios florestais em Los Angeles são um reflexo de problemas maiores, como mudanças climáticas e crescimento urbano desordenado.

A intensidade e a frequência desses eventos estão aumentando, colocando pressão sobre sistemas que já estão no limite.

Governos locais e estaduais enfrentam a difícil tarefa de investir em infraestrutura resiliente e tecnologias inovadoras para enfrentar essa nova realidade.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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