Matcha ultrapassa a tradição japonesa e ganha espaço em lattes, bolos e cosméticos. Descubra os bastidores dessa febre global.
O consumo global de matcha disparou, pressionando a produção japonesa tradicional e levando à escassez do produto.
Redes sociais, turismo e condições climáticas adversas têm impulsionado a demanda. Agricultores sofrem com colheitas menores e os estoques diminuem rapidamente, elevando os preços.
Enquanto produtores correm para atender o mercado, especialistas defendem o consumo consciente para preservar a tradição e qualidade do chá.
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Matcha em alta: tradição japonesa pressionada pela febre global
O que era um ritual tradicional japonês virou um fenômeno global. O matcha, chá verde em pó cultivado de forma milenar, está sendo consumido em larga escala ao redor do mundo.
Impulsionada pelas redes sociais, principalmente no TikTok com a hashtag #MatchaTok, a demanda explodiu em 2024.
Turistas, influenciadores e consumidores em busca de saudabilidade impulsionaram a procura por matcha no Reino Unido, Estados Unidos, Singapura e Brasil.
Com isso, os estoques estão ficando escassos. Acontece que o matcha não é um produto de produção rápida: seu cultivo exige tempo, técnica e condições específicas. E é exatamente aí que mora o problema.
Clima extremo e falta de mão de obra afetam a produção
Na região de Kyoto, berço do matcha mais valorizado do Japão, as ondas de calor têm prejudicado colheitas inteiras.
Em Uji, cidade famosa pelo chá, lojas têm prateleiras esvaziadas antes do meio-dia. Segundo a diretora da loja Camellia Tea Ceremony, Atsuko Mori, o número de visitantes dobrou em um ano, obrigando o comércio a limitar a venda a uma lata por pessoa.
A escassez de agricultores é outro agravante. Com a população japonesa envelhecendo e poucos jovens dispostos a seguir na agricultura, a produção é insuficiente para atender à nova demanda global.
Preços sobem e exportações disparam
Com a oferta comprometida, os preços do matcha dispararam. Na rede de lojas Chazen, os valores subiram 30% apenas neste ano.
A mestra do chá Rie Takeda afirma que hoje os pedidos demoram semanas para serem entregues, algo impensável antes.
Segundo o Ministério da Agricultura do Japão, a produção de matcha triplicou entre 2010 e 2023. As exportações também subiram 25% no último ano, somando 36,4 bilhões de ienes (aproximadamente R$ 1,39 bilhão).
O matcha virou um dos principais produtos japoneses de exportação no segmento de alimentos.
Consumo consciente e proteção da tradição
Com o boom, um movimento paralelo surge para frear o desperdício e valorizar o consumo consciente. Especialistas e associações japonesas alertam para o uso inadequado do matcha premium em receitas ou revendas.
A Associação Global do Chá Japonês recomenda que o matcha culinário, feito com folhas de colheitas tardias e mais abundantes, seja priorizado para receitas.
Isso ajuda a proteger o matcha cerimonial, que deve ser saboreado puro, em rituais tradicionais.
Tarifas dos EUA devem agravar a crise
Outro fator que pode agravar o cenário é a nova tarifa de importação de 15% que os Estados Unidos passarão a aplicar sobre produtos japoneses.
Lauren Purvis, distribuidora de matcha em Oregon, relata que os pedidos cresceram 70% no início de julho, antes da aplicação da tarifa.
“Esperamos que haja um reconhecimento de que o chá especial deveria ser isento.”, argumenta. A medida pode elevar ainda mais os preços para o consumidor final.
O futuro do matcha: entre a moda e a tradição
O matcha conquistou o mundo com sua cor vibrante, sabor complexo e promessas de bem-estar. Mas agora enfrenta o desafio de se manter fiel às suas raízes, ao mesmo tempo em que atende uma demanda global crescente.
O caminho é o equilíbrio entre a produção consciente, o respeito à tradição japonesa e o consumo responsável.
Enquanto isso, produtores e consumidores seguem buscando o ponto ideal entre saborear e preservar o matcha.
tomaria matcha todo dia sabe
nossa que maravilha, eu amo tanto matcha