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Por que o governo dos EUA tem 400 milhões de barris de petróleo bruto em cavernas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 04/04/2025 às 14:28
Foto: IAS
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Nos Estados Unidos, milhões de barris de petróleo bruto estão guardados em cavernas subterrâneas. Essa reserva estratégica foi criada durante a década de 1970 para proteger o país de crises no fornecimento de energia. Hoje, ela continua sendo um dos maiores estoques emergenciais do mundo, funcionando como um seguro nacional em tempos de instabilidade global.

Quase 400 milhões de barris de petróleo estão guardados em cavernas sob o solo do Texas e da Louisiana. Isso mesmo. Petróleo, embaixo da terra. Não é um depósito qualquer.

Trata-se da Reserva Estratégica de Petróleo dos Estados Unidos, conhecida pela sigla SPR. Ela existe desde os anos 1970 e é considerada um trunfo importante na política energética e geopolítica dos EUA.

Uma reserva gigante e subterrânea

A SPR está distribuída em 61 cavernas, todas ao longo da Costa do Golfo. São domos de sal, formações naturais que se formaram há milhões de anos. Essas estruturas estão localizadas entre 600 e 1.200 metros de profundidade.

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Mas por que usar cavernas de sal? Porque elas são seguras. Impedem vazamentos, não contaminam o meio ambiente e ainda são mais baratas do que construir tanques gigantes na superfície. Isso faz delas um local ideal para armazenar petróleo cru.

A capacidade total da SPR é de 714 milhões de barris. Atualmente, segundo dados de 28 de março de 2025, há 396,4 milhões armazenados. Já houve mais. O recorde foi em dezembro de 2009, com 726,6 milhões de barris.

A origem: crise e escassez

A ideia da SPR nasceu de uma crise. Em 1973, uma coalizão de países árabes impôs um embargo de petróleo contra os EUA e outras nações que apoiaram Israel durante a Guerra do Yom Kippur. Resultado: caos no mercado, preços nas alturas e filas enormes nos postos.

O susto foi tão grande que o governo americano decidiu criar uma reserva estratégica. A missão era clara: proteger o país contra novas interrupções no fornecimento de petróleo, seja por guerras, desastres naturais ou crises internacionais.

O controle da SPR é feito pelo Departamento de Energia dos EUA. A reserva pode liberar petróleo para o mercado interno, ajudando a baixar os preços. Também pode vender parte do estoque para outros países, se for do interesse do governo.

Petróleo entra e sai

A SPR não é um cofre trancado. O petróleo entra e sai com frequência. O objetivo é manter a reserva funcional, pronta para ser usada quando necessário. E isso já aconteceu várias vezes.

Um exemplo foi em 2005. Após o furacão Katrina, que causou grande destruição na região da Costa do Golfo, a SPR liberou 20,8 milhões de barris. Era preciso estabilizar o fornecimento e evitar aumentos nos preços.

Outro episódio importante ocorreu em março de 2022. Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, os EUA e outros 30 países liberaram juntos 60 milhões de barris.

Os americanos contribuíram com metade desse total. A ideia era frear a instabilidade no mercado de energia causada pelo conflito.

Críticas ao sistema

Apesar de sua importância estratégica, a SPR também tem críticos. Alguns dizem que o sistema é mal gerido. Outros apontam falhas em decisões políticas.

Em outubro de 2000, por exemplo, a reserva leiloou grandes quantidades de petróleo para empresas pequenas, com pouca experiência no setor. Isso gerou questionamentos.

Também houve críticas em 2022, quando o presidente Joe Biden ordenou liberações da SPR. Muitos afirmaram que o objetivo era político: baixar os preços da gasolina para ajudar nas eleições de meio de mandato.

Reformular ou manter?

Com as mudanças no cenário energético global, surgem novas perguntas. A SPR ainda funciona bem? Precisa ser atualizada?

Alguns especialistas dizem que sim, que é hora de revisar o modelo. Outros defendem a manutenção da estrutura como está. O debate segue aberto.

Mas uma coisa é certa: enquanto houver risco de crises internacionais e dependência do petróleo, os barris continuarão ali, guardados sob o solo do Texas e da Louisiana.

Atualmente, os EUA seguem com quase 400 milhões de barris prontos para uso — uma garantia de que, diante de qualquer turbulência, haverá uma carta na manga para jogar.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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