Decisão histórica mudou rotina do país e segue gerando debates sobre economia de energia e qualidade de vida
A adoção do horário de verão no Brasil começou em 1931, quando o presidente Getúlio Vargas assinou o primeiro decreto. Desde então, a medida passou por suspensões e retornos.
Em 1933, apenas dois anos após sua criação, o horário especial foi suspenso. Contudo, ele voltou em 1985 e ganhou caráter oficial em 2008, com o Decreto nº 6.558.
Durante sua vigência, a mudança atingia os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal. Assim, o objetivo era reduzir o consumo de energia no horário de pico.
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Alteração no relógio e impacto direto no consumo
Tradicionalmente aplicada de novembro a fevereiro, a medida adiantava os relógios em uma hora. Dessa forma, aproveitava-se a maior duração dos dias de verão no Hemisfério Sul.
Em alguns estados, a luz solar permanecia até 19h, o que permitia reduzir o uso de iluminação artificial entre 18h e 19h, quando a demanda aumentava.
No entanto, em abril de 2019, o governo de Jair Bolsonaro (PL) decidiu suspender o horário de verão. Isso ocorreu devido à mudança nos hábitos de consumo.
Além disso, a nova configuração do setor elétrico brasileiro foi apontada como justificativa. Assim, o governo alegou que o impacto da medida já não era significativo.
Seca histórica e energia sob pressão
Entre 2022 e 2024, o país enfrentou uma das maiores secas de sua história. Apesar disso, a medida permaneceu suspensa, mesmo com os reservatórios em situação crítica.
Em setembro de 2024, o ministro de Minas e Energia do governo Lula, Alexandre Silveira, confirmou que não havia risco de apagão, ainda que houvesse seca intensa.
Segundo o ministro, os reservatórios foram mantidos estáveis graças ao planejamento energético. Portanto, a estratégia incluiu diversificação de fontes e melhor controle do consumo em períodos críticos.
Comparação com outros países
O Ministério de Minas e Energia lembrou que o Brasil era um dos poucos países tropicais a adotar a medida. Além disso, ela é comum em regiões acima do paralelo 30°.
Entre os países que ainda utilizam o horário de verão estão Canadá, Austrália, México, Nova Zelândia, Paraguai, Uruguai, Chile e Estados Unidos.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) destacou que o impacto da medida no Brasil seria pequeno. De fato, a redução máxima estimada seria de apenas 2,9%.
Esse percentual foi considerado baixo diante do tamanho do sistema elétrico brasileiro. Além disso, o país já conta com novas soluções de eficiência e alternativas modernas de geração.
Energia limpa e avanços tecnológicos substituem a medida
Nos últimos anos, o Brasil avançou em energias renováveis, com destaque para os parques eólicos e a expansão das usinas solares em várias regiões do território.
Além disso, a disseminação do uso de lâmpadas LED e a popularização de equipamentos de baixo consumo reduziram a necessidade de políticas como o horário de verão.
Consequentemente, esse conjunto de fatores possibilitou maior eficiência energética, dispensando a dependência de medidas sazonais. Assim, o país aposta em soluções duradouras e sustentáveis.
Riscos à saúde e alerta da comunidade médica
Outro argumento contrário está ligado à saúde da população. Afinal, o adiantamento artificial do relógio pode interferir no ciclo circadiano, responsável por regular sono, humor e concentração.
Estudos internacionais apontam aumento de cansaço e maior ocorrência de infartos e AVC durante os meses em que a mudança de horário é aplicada.
Embora não existam levantamentos específicos no Brasil, especialistas alertam que idosos e crianças são os grupos mais vulneráveis às alterações bruscas de rotina.
O futuro do horário de verão no Brasil
Com base em análises do ONS e do Ministério de Minas e Energia, a tendência é que o horário de verão permaneça suspenso nos próximos anos.
O debate, entretanto, continua aberto. Para alguns, a medida poderia ser útil em cenários de crise hídrica. Por outro lado, os impactos na saúde tornam sua volta inviável.
E você, acredita que o Brasil deve priorizar a eficiência energética moderna, baseada em inovação e sustentabilidade, ou retomar o horário de verão como reforço de economia?