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Por que não sabemos quase nada sobre o fundo do mar?

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 16/07/2025 às 18:40
Conheça os desafios que impedem a exploração do fundo do mar e por que 80% dele ainda é desconhecido
Conheça os desafios que impedem a exploração do fundo do mar e por que 80% dele ainda é desconhecido
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Enquanto exploramos galáxias distantes, a maior parte do nosso próprio planeta permanece um mistério. Entenda os desafios que fazem do fundo do mar a última grande fronteira da Terra.

É um paradoxo fascinante: a humanidade enviou sondas para Marte e telescópios que observam o nascimento de estrelas, mas ainda sabe surpreendentemente pouco sobre o fundo do mar. Cobrindo mais de 70% da superfície terrestre, os oceanos guardam segredos que mal começamos a desvendar. Estima-se que mais de 90% das espécies marinhas ainda sejam desconhecidas pela ciência, vivendo em um mundo de escuridão e pressão extremas.

A verdade é que explorar as profundezas do nosso planeta é, em muitos aspectos, mais desafiador do que viajar para o espaço. As condições no fundo do mar são tão hostis que exigem tecnologias extremamente avançadas e investimentos massivos. Este ambiente inóspito, combinado com a vastidão dos oceanos, é a principal razão pela qual a maior parte da nossa “casa” continua sendo um grande ponto de interrogação.

Um ambiente mais hostil que o espaço

Por que não sabemos quase nada sobre o fundo do mar?

Descer até o fundo do mar não é uma tarefa simples. Os exploradores, sejam humanos ou robôs, enfrentam três grandes desafios que testam os limites da engenharia e da resistência.

Pressão esmagadora: A cada 10 metros de profundidade, a pressão aumenta em uma atmosfera. Na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo da Terra, a cerca de 11.000 metros, a pressão é mais de 1.000 vezes maior do que na superfície. É o equivalente a ter o peso de um elefante em cada centímetro do seu corpo. Essa força é capaz de esmagar a maioria dos submersíveis como uma lata de refrigerante.

Escuridão absoluta: A luz do sol penetra apenas nos primeiros 200 metros do oceano, uma região conhecida como “zona eufótica”. Abaixo disso, a escuridão é total. Para explorar o fundo do mar, os veículos precisam levar sua própria iluminação, que alcança apenas alguns metros à frente, tornando a navegação e a observação extremamente difíceis.

Temperaturas congelantes: Nas profundezas abissais, a temperatura da água fica permanentemente próxima de 4°C, um frio intenso que exige sistemas de proteção térmica para os equipamentos eletrônicos e, claro, para qualquer tripulação humana.

A lenta conquista das profundezas

Por que não sabemos quase nada sobre o fundo do mar?

A exploração do fundo do mar é uma história de coragem e inovação. O marco mais importante aconteceu em 1960, quando o batiscafo Trieste, tripulado por Jacques Piccard e Don Walsh, se tornou o primeiro veículo a levar seres humanos ao ponto mais profundo do planeta.

No entanto, esse feito foi tão complexo que se repetiu poucas vezes. Por décadas, mais pessoas haviam pisado na Lua do que visitado a Fossa das Marianas. Foi somente em 2012 que o cineasta James Cameron realizou a segunda descida tripulada. Hoje, graças a submersíveis ultramodernos como o Limiting Factor, o número de exploradores que chegaram ao fundo do mar aumentou, mas ainda é um grupo extremamente seleto.

Mapeando o desconhecido: o Projeto Seabed 2030

Por que não sabemos quase nada sobre o fundo do mar?

Um dos maiores desafios é simplesmente saber como é o relevo do fundo do mar. Atualmente, apenas cerca de 25% do leito oceânico foi mapeado em alta resolução. Para mudar essa realidade, foi criado o projeto Seabed 2030, uma iniciativa global que reúne governos, empresas e instituições de pesquisa com um objetivo ambicioso: mapear 100% do fundo do mar até o final desta década.

Usando tecnologias de sonar em navios, drones aquáticos e outros veículos autônomos, o projeto está compilando dados para criar o primeiro mapa completo e detalhado do nosso planeta.

Por que explorar o fundo do mar é tão importante?

Mapear e entender o fundo do mar não é apenas uma questão de curiosidade. Esse conhecimento tem implicações diretas na nossa vida. Ele é crucial para:

  • Prever tsunamis e terremotos com mais precisão.
  • Entender as correntes marítimas e seu impacto no clima global.
  • Descobrir novas formas de vida e compostos bioquímicos que podem levar a novos medicamentos.
  • Gerenciar de forma sustentável os recursos naturais, como minerais e fontes de energia.

Explorar o fundo do mar é, em essência, explorar a nós mesmos e o funcionamento do nosso planeta. É a última grande fronteira na Terra, um lugar de mistérios que, aos poucos, estamos começando a iluminar.

O que você acha que ainda vamos descobrir nos segredos do fundo do mar? Deixe sua opinião nos comentários!

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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