Distância, tecnologia e demanda são fatores que tornam inviável a conexão aérea direta entre essas regiões, apesar da importância econômica de ambas
A América do Sul é um subcontinente com rotas aéreas importantes, de acordo com o vídeo do Capital Financeiro, como as que conectam São Paulo a Nova York, ou Buenos Aires a Madrid. No entanto, uma região permanece desconectada por voos diretos: o Leste da Ásia. Apesar de haver conexões com a Oceania e até com a Antártida, a falta de voos diretos entre a América do Sul e o Leste da Ásia, cruzando o Oceano Pacífico, levanta questionamentos.
Conexões aéreas inexistentes
O Leste da Ásia é um dos principais centros do mercado aéreo global. Não é à toa que oito das dez melhores companhias aéreas do mundo são asiáticas, e quatro das cinco rotas aéreas mais movimentadas têm destino ou partida na Ásia. No entanto, não há voos diretos entre o Leste da Ásia e a América do Sul, mesmo que o continente asiático lidere o mercado aéreo mundial. Na América Latina, os únicos voos diretos para a Ásia partem do México, operados por companhias como Aeroméxico e All Nippon Airways (ANA), com destino a Tóquio.
Para quem parte da América do Sul e deseja chegar à Ásia, a única opção é fazer uma conexão na América do Norte ou na América Central.
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Desafios técnicos e geográficos
O principal desafio para a existência de voos diretos entre a América do Sul e o Leste da Ásia é a distância. O voo mais longo do mundo atualmente liga Nova York a Cingapura, com uma distância de cerca de 15 mil quilômetros e duração de 18 horas. No entanto, para uma rota direta entre a América do Sul e a Ásia, a distância seria ainda maior, exigindo aeronaves com maior autonomia.
Os modelos de aviões mais utilizados atualmente, como o Airbus A320 e o Boeing 787, não têm a capacidade de percorrer distâncias tão longas sem escalas. Por exemplo, a autonomia do Airbus A320 é de cerca de 7 mil quilômetros, enquanto o Boeing 787 pode voar até 5.700 quilômetros. Para cobrir a distância entre a América do Sul e o Leste da Ásia, seria necessário um avião com capacidade de voo superior a 17 mil quilômetros. Até o momento, apenas o Airbus A350-900 XWB Ultra Long Range tem autonomia para percorrer distâncias de até 18 mil quilômetros, mas a adoção dessa tecnologia em larga escala não é vantajosa para as companhias aéreas.
Questões econômicas e comerciais
Outro fator que impede a operação de voos diretos entre essas regiões é a baixa demanda. Apesar de a Ásia e a América do Sul terem importantes parceiros comerciais, como a China, o Japão e a Coreia do Sul, a demanda por voos de passageiros entre essas regiões é pequena. As principais rotas aéreas no mercado Ásia-Pacífico, como Hong Kong a Taipei e Jacarta a Cingapura, são muito mais movimentadas e lucrativas para as companhias aéreas.
Além disso, voar diretamente entre a América do Sul e o Leste da Ásia seria mais caro, tanto em termos de investimento em aeronaves com maior autonomia quanto no custo adicional de combustível. Por isso, as companhias aéreas preferem realizar escalas em outras regiões, como Europa ou América do Norte, onde a distância até a Ásia é cerca de 42% menor.