Entenda a evolução histórica e cultural que levou diferentes países a adotar o sistema de trânsito com a mão inglesa ou francesa
Enquanto a maioria dos países, incluindo o Brasil, adota o sistema de trânsito onde os carros circulam pelo lado direito da via, a Inglaterra e outros 55 países mantêm a famosa “mão inglesa“, na qual os veículos trafegam à esquerda e o volante fica do lado direito. Mas, afinal, por que a Inglaterra e essas outras nações não seguem o “padrão” mais comum? A resposta envolve uma combinação de tradição, história militar e influências nobres que moldaram o trânsito moderno, de acordo com autopapo.
A origem histórica da mão inglesa
O costume de dirigir pela esquerda, conhecido como “mão inglesa”, tem suas raízes em práticas muito antigas. Os romanos, por exemplo, costumavam marchar à esquerda das estradas, mantendo a mão direita livre para empunhar armas e se defender de possíveis inimigos. Essa prática foi adotada pelos cavaleiros medievais na Inglaterra, que, ao segurar suas espadas ou lanças com a mão direita, preferiam se manter à esquerda para facilitar o combate.
Mais tarde, com a popularização das carruagens, esse hábito se manteve. Os cocheiros controlavam as rédeas com a mão esquerda e usavam a direita para o chicote. Assim, conduzir pela esquerda evitava o risco de chicotear pedestres que andavam ao lado da estrada, mantendo-os mais seguros. E como se não bastasse, os nobres também tinham uma certa preferência por circular à esquerda, enquanto o “povo comum” trafegava à direita, criando uma divisão social nas vias públicas.
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Por que o Brasil segue a mão francesa?
Apesar de a mão inglesa ter sido a norma por muito tempo, não se tornou o padrão mundial. E o principal responsável por isso foi ninguém menos que Napoleão Bonaparte. O imperador francês era canhoto e preferia que suas tropas, e os cavalos que as transportavam, circulassem pela direita, para que ele pudesse usar a mão esquerda em caso de combate. Esse “toque pessoal” acabou moldando o trânsito em boa parte da Europa.
Com a Revolução Francesa, os nobres, que antes circulavam pela esquerda, passaram a trafegar pela direita para se misturarem à população comum e evitarem represálias. Isso culminou na criação de uma lei, em 1794, que obrigava os parisienses a dirigir pela direita. O Brasil, por sua vez, seguindo a influência francesa e europeia, adotou o sistema de “mão francesa”, onde os carros circulam pela direita das vias e o volante dos veículos está à esquerda.
Mão inglesa hoje: onde é adotada?
Embora a mão inglesa seja menos comum em comparação com o sistema de trânsito adotado no Brasil, ela ainda é utilizada em diversos países ao redor do mundo. A Inglaterra, por exemplo, manteve essa tradição, que se espalhou por várias de suas ex-colônias, como a Austrália, Índia, África do Sul e Japão.
O motivo pelo qual esses países mantiveram o sistema de circulação à esquerda está profundamente ligado à influência britânica e à resistência cultural de alguns povos em abandonar uma tradição que remonta a séculos. Além disso, mudar o lado de circulação exigiria uma grande reformulação nas infraestruturas de trânsito, algo que, na prática, seria extremamente caro e complexo.
Curiosidades sobre a mão inglesa e o trânsito no mundo
Você sabia que a mudança de mão pode ser um desafio? Um dos maiores exemplos ocorreu na Suécia, que, até 1967, utilizava o sistema de mão inglesa. No entanto, o governo decidiu mudar para o modelo de circulação pela direita. A transição, que ficou conhecida como “H-Day“, foi um verdadeiro espetáculo nacional: no dia 3 de setembro, às 5h da manhã, todos os motoristas tiveram que parar seus carros e mudar de lado!
Além disso, há outros detalhes interessantes. No Japão, por exemplo, a adoção da mão inglesa não veio por influência europeia, mas sim por uma necessidade prática: as ferrovias construídas no país foram baseadas em padrões britânicos, o que acabou levando o país a seguir o mesmo sistema nas estradas.
Acha melhor ou mais complicado?
Portanto, a adoção da mão inglesa no trânsito está profundamente enraizada na história e nas tradições de cada país. Enquanto a Inglaterra manteve essa prática devido à sua cultura e às influências de combate, países como o Brasil seguiram o modelo francês, moldado por Napoleão. Hoje, o mundo segue dividido entre os dois sistemas, e, independentemente de qual lado da estrada dirigimos, é interessante perceber como a história moldou até mesmo os caminhos que percorremos.