O Coliseu de Roma é uma das ruínas mais famosas do mundo. Mas por que metade da sua estrutura desapareceu? Novos estudos revelam as verdadeiras causas da destruição.
O Coliseu de Roma, uma das construções mais emblemáticas do mundo, chama atenção não apenas por sua grandiosidade, mas também por sua assimetria visível. Quem observa o monumento nota logo que parte dele está faltando.
Essa ausência desperta a curiosidade de milhões de turistas e estudiosos. Afinal, por que metade do Coliseu desapareceu e onde estão suas pedras?
Uma fundação impressionante
O Coliseu foi inaugurado no ano 80 d.C. Para isso, foi necessário drenar um lago artificial construído pelo imperador Nero.
-
Nem crocodilo, nem cobra: o animal mais letal da Austrália não é venenoso e não possui dentes afiados; apesar de ser conhecido por seus animais exóticos, o mais “perigoso” do país é o cavalo
-
Rio de Janeiro dispara em ranking de destinos mais temidos por turistas brasileiros em 2025
-
Como é por dentro a linha de montagem da Volkswagen? Visita inédita e gratuita revela cada etapa da produção de carros emblemáticos em SP
-
Foi cargueiro, navio militar e até biblioteca — hoje, navio mais antigo do mundo é hotel de luxo de US$ 18 mi na Indonésia
Com formato elíptico, a estrutura media 188 metros de comprimento por 155 de largura e comportava até 50 mil espectadores.
Suas fundações eram feitas com opus caementicium, uma técnica romana semelhante ao concreto moderno.
Com 12 metros de profundidade e mais de 50 metros de largura, elas sustentavam três anéis concêntricos de arcos e colunas de travertino.
Por dentro, uma rede complexa de corredores, arquibancadas e sistemas hidráulicos permitia o funcionamento dos espetáculos.
Assimetria evidente
A parte que falta no Coliseu está concentrada no lado sul. Esse lado apresenta colapsos tanto na fachada quanto na parede intermediária.
Já o lado norte está quase intacto. Durante séculos, o terremoto de 1349 foi apontado como o principal responsável pelo desabamento.
Porém, estudos recentes indicam que a explicação vai além disso.
Duas hipóteses principais se destacam: a ação dos terremotos e a desmontagem sistemática da estrutura para reaproveitamento de materiais em outras obras.
Solos diferentes, efeitos diferentes
Embora Roma não seja uma região altamente sísmica, terremotos já ocorreram ali ao longo da história. O mais forte foi mesmo o de 1349, que atingiu fortemente o setor sul do Coliseu.
Isso ocorreu porque esse lado foi construído sobre depósitos aluviais antigos, que são menos compactos. Já o lado norte repousa sobre areia e cascalho, que oferecem maior estabilidade.
Esses solos mais frágeis do lado sul amplificaram as ondas sísmicas. O resultado foi um movimento mais intenso e prolongado no terreno, o que contribuiu para o colapso parcial da estrutura.
Ainda assim, os pesquisadores afirmam que a própria massa do Coliseu teria absorvido parte dos efeitos. Portanto, os terremotos por si só não explicam tudo. Já havia fragilidades estruturais que contribuíram para os danos.
Reaproveitamento dos materiais
A segunda explicação envolve o saque progressivo do Coliseu, que se transformou, ao longo dos séculos, em uma verdadeira pedreira urbana. Desde o século VI, pedras começaram a ser retiradas para uso em outras construções.
Durante a Idade Média e o Renascimento, o travertino, o mármore e até o ferro do Coliseu foram reaproveitados em obras por toda Roma. Muitos desses materiais foram parar na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e em edifícios como o Palazzo Venezia e o Palazzo Barberini.
Inclusive papas como Nicolau V, Sisto IV e Pio II autorizaram a retirada desses materiais. A partir do século XV, essa prática virou norma. Fábricas de cal chegaram a ser montadas dentro do Coliseu, onde o mármore era queimado para virar gesso. Esse processo exigia a demolição de partes inteiras da estrutura.
Desabamento planejado?
Pesquisas estruturais feitas com o programa DIANA indicam que a remoção de duas pilastras no primeiro nível do Coliseu seria suficiente para provocar um colapso em cadeia no anel externo. Já a retirada de uma única pilastra não geraria danos maiores, pois a estrutura redistribuiria o peso entre os elementos restantes.
Esse dado sugere que o colapso do lado sul pode ter sido provocado de forma intencional. O objetivo seria facilitar a extração dos blocos mais valiosos para outras construções.
Início da restauração
Somente no século XIX começou a restauração do que restava do Coliseu. Papas como Pio VII, Gregório XVI e Pio IX iniciaram projetos de reforço estrutural. As obras foram lideradas por arquitetos como Giuseppe Valadier e Raffaele Stern.
Eles construíram grandes contrafortes visíveis até hoje. O foco era evitar que o restante da estrutura também ruísse. Já no século XX, foram adotadas novas tecnologias, como resinas e reforços metálicos.
Apesar desses esforços, a parte colapsada do Coliseu não pôde ser reconstruída. As pedras já estavam espalhadas por toda a cidade.
O Coliseu espalhado por Roma
Hoje, o Coliseu continua sendo um dos maiores símbolos da Roma Antiga. Mas ele não está presente apenas em sua estrutura visível. Suas pedras estão nos palácios, nas igrejas, nas pontes que cruzam o rio Tibre e em diversos pontos da cidade.
O Coliseu de Roma é uma ruína. Mas também é um monumento vivo. Uma parte dele está de pé. A outra parte está por toda Roma.