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Por que as pás de turbinas eólicas estão ficando pretas? Saiba como essa inovação pode transformar a geração de energia eólica!

Escrito por Lucas Carvalho
Publicado em 06/09/2024 às 09:11
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Foto: Reprodução

Pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon estão investigando o impacto da pintura de pás de turbinas eólicas de preto para reduzir colisões de aves, em um esforço para mitigar os efeitos negativos da energia eólica sobre a vida selvagem. Estudos iniciais sugerem que a alteração na cor das pás pode ajudar a evitar que pássaros, especialmente águias e outras aves de grande porte, se choquem contra as turbinas eólicas.

Esse projeto surgiu com base em um estudo realizado na Noruega em 2020, onde a pintura de uma das pás de turbinas eólicas de preto resultou em uma redução de quase 72% nas colisões de pássaros. Embora o estudo norueguês tenha envolvido apenas quatro turbinas, os pesquisadores do Oregon estão expandindo o experimento, utilizando 28 turbinas no parque eólico Glenrock, em Wyoming, operado pela PacifiCorp.

Christian Hagen, pesquisador sênior do Departamento de Pesca, Vida Selvagem e Ciências da Conservação da Universidade Estadual do Oregon, destaca a importância de replicar o estudo com uma amostra maior antes de adotar a prática como política. “Embora os resultados na Noruega tenham sido promissores, é crucial testar essa abordagem em uma escala maior e com diferentes espécies de pássaros, para garantir que seja realmente eficaz e que não haja consequências negativas inesperadas“, disse Hagen.

Credit: PacifiCorp.

A estudante de doutorado Natia Javakhishvili, que faz parte do projeto, está desenvolvendo um modelo que utiliza dados de movimentos de pássaros no local do estudo. O objetivo é avaliar se as aves demonstram maior evasão ao se aproximarem das turbinas com pás pintadas.

Javakhishvili está focada principalmente nas águias-reais, uma espécie particularmente vulnerável às turbinas eólicas. Ela pretende usar um vasto conjunto de dados, contendo milhões de registros de movimento dessas aves, para refinar o modelo e prever com maior precisão o comportamento de evasão.

Além das águias-reais, outros aspectos da pesquisa envolvem o impacto da energia eólica sobre espécies como o gavião-ferruginoso, nativo do oeste da América do Norte. Para isso, as equipes de campo utilizam cães farejadores para localizar carcaças de pássaros e morcegos, o que contribui para o banco de dados do estudo.

Turbinas eólicas: Como as pás pretas ajudam a prevenir colisões

A principal hipótese por trás da pintura das pás de preto é que essa técnica interrompe a uniformidade visual do espaço aéreo, tornando as turbinas eólicas mais visíveis para as aves. Isso poderia estimular um comportamento de evasão, especialmente entre aves de rapina, como águias e falcões, que têm excelente visão durante o dia.

No entanto, a eficácia dessa estratégia para morcegos, que dependem mais de sinais auditivos e têm uma percepção visual diferente, ainda é incerta. Um dos objetivos da pesquisa é justamente entender se a pintura das pás tem algum impacto sobre essa espécie.

Embora o projeto da PacifiCorp seja um dos mais amplos desse tipo nos Estados Unidos, iniciativas semelhantes estão em andamento em outros países. Na Holanda, a Vattenfall está conduzindo um experimento semelhante com sete turbinas.

Na Espanha, a Iberdrola também pintou pás de turbinas de preto como parte de um estudo que envolve outras técnicas visuais, como a aplicação de formas de vinil nas torres das turbinas.

Na África do Sul, está sendo testada a pintura das pás com listras vermelhas, após a South African Civil Aviation Authority rejeitar o preto como cor ideal. A decisão foi baseada no fato de que, em boas condições de luz, o vermelho é mais visível para aves de rapina.

Credit: Reprodução

Diferenças entre parques eólicos terrestres e offshore

Vale notar que a maioria desses projetos envolve parques eólicos terrestres e aves terrestres. No entanto, os impactos da energia eólica offshore nas aves marinhas ainda representam um grande desafio.

A energia eólica marítima envolve fatores adicionais, como mudanças no habitat e movimentos de embarcações em torno dos parques eólicos, o que pode impactar a vida das aves marinhas de maneira mais complexa. Por isso, é necessário um monitoramento detalhado antes, durante e depois da construção dos parques offshore para compreender os efeitos completos sobre essas espécies.

Em resumo, a pesquisa conduzida no Oregon tem como objetivo explorar maneiras de harmonizar o crescimento da energia eólica com a proteção da vida selvagem, especialmente aves ameaçadas pelas turbinas eólicas.

Caso as conclusões sejam positivas, a simples pintura das pás de turbinas eólicas de preto poderá se tornar uma solução eficaz e de baixo custo para reduzir as mortes de aves e morcegos, contribuindo para a sustentabilidade ambiental sem prejudicar a geração de energia limpa.

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Lucas Carvalho

Jornalista experiente com ampla atuação na cobertura de temas relacionados a petróleo, gás e energia renovável. Especialista em análises aprofundadas e tendências do setor, com enfoque em inovações tecnológicas e impacto ambiental. Autor de artigos relevantes na área.

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