Descubra uma técnica inesperada que mistura improvisação e tecnologia para proteger aviões modernos em meio a ataques com drones sofisticados no atual cenário bélico da Rússia e Ucrânia.
A estratégia russa de cobrir aviões com pneus para protegê-los de ataques de drones ucranianos tem chamado atenção e gerado questionamentos no campo militar e tecnológico.
No último fim de semana, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) divulgou novas imagens que mostram drones se aproximando de diversas aeronaves russas dentro do território do país e explodindo ao entrarem em contato.
Segundo o SBU, os alvos incluíam modelos como o A-50, bombardeiros estratégicos Tu-95, Tu-22 e Tu-160, além de aviões de carga militar como o An-12 e o Il-78.
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A resposta russa para tentar minimizar os impactos desses ataques envolve uma tática inusitada: cobrir partes das aeronaves com pneus usados, principalmente sobre a fuselagem e áreas sensíveis.
Defesa improvisada com pneus
De acordo com Sandro Teixeira, professor de Ciências Militares da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, “os pneus representam uma solução simples, de baixo custo e improvisada para reduzir os danos causados por drones, que geralmente utilizam explosivos que detonam apenas com o contato direto.”
Além disso, Teixeira destaca que a camada de pneus pode atuar como um amortecedor para diminuir os efeitos do impacto direto dos drones nas superfícies dos aviões.
Mas não é apenas a proteção física que motiva essa estratégia.
Os pneus também podem confundir os sensores embarcados nos drones, que dependem de tecnologia avançada para identificar e atacar alvos específicos.
Tecnologia e sensores de drones
Com o crescimento do uso de drones em conflitos recentes, principalmente na guerra entre Rússia e Ucrânia, a inteligência artificial tem sido aplicada no treinamento desses dispositivos para aprimorar a identificação visual dos alvos e evitar interferências inimigas.
“Os sensores dos drones funcionam a partir de vários espectros de imagem e dados, como infravermelho, radar e reconhecimento óptico. A cobertura com pneus pode dificultar a identificação de pontos vulneráveis na aeronave, confundindo os sistemas que alimentam a inteligência artificial,” explica Teixeira.
Leandro Consentino, especialista em Relações Internacionais e professor do Insper, corrobora essa visão, acrescentando que a manobra pode também complicar a identificação dos aviões por satélites de reconhecimento.
De acordo com Consentino, “a tática pode atrapalhar a leitura visual dos satélites, dificultando a localização exata dos aviões e, consequentemente, a precisão dos ataques.”
Uma prática antiga e limitada
Essa prática não é exatamente novidade.
Conforme noticiado anteriormente pela CNN, desde 2023 já foram observadas imagens de satélite da empresa Maxar mostrando bombardeiros estratégicos Tu-95 cobertos com pneus na Base Aérea de Engels, na Rússia.
Naquela época, especialistas já avaliavam que a proteção improvisada poderia ter efeitos limitados, especialmente diante do avanço da tecnologia militar.
“Embora a camada de pneus possa reduzir a assinatura térmica dos aviões, dificultando sua detecção em espectros infravermelhos, sensores mais avançados conseguem identificar alvos mesmo com essas barreiras,” alertavam os analistas à época.
Além disso, os sistemas de orientação de mísseis modernos utilizam diversas fontes de dados para rastrear e atacar seus alvos, reduzindo a eficácia de camuflagens visuais ou físicas simples.
Avanço tecnológico e limitações
Nos meses seguintes, a tecnologia dos drones evoluiu significativamente, tornando-os ainda mais precisos, resistentes e letais.
A Rússia, por sua vez, tem buscado estratégias rápidas e econômicas para tentar minimizar as perdas no cenário do conflito, o que explica o uso dos pneus como uma solução imediata.
A adoção de pneus em aeronaves expõe uma face pouco conhecida da guerra tecnológica: a criatividade e improvisação na defesa contra armas modernas.
Especialistas em defesa e tecnologia ressaltam que, embora não seja uma solução definitiva, essa tática indica a crescente complexidade dos conflitos contemporâneos, em que ataques de drones e contramedidas eletrônicas definem o rumo das batalhas.
Além da proteção física, o uso de pneus pode ser entendido como um movimento para reduzir a visibilidade noturna das aeronaves, dificultando sua detecção por sistemas ópticos e sensores térmicos durante operações noturnas ou em condições de baixa luminosidade.
Entretanto, mesmo com essa estratégia, os ataques ucranianos continuam a atingir alvos russos com frequência, mostrando que as medidas improvisadas têm limitações evidentes.
Com o avanço contínuo da inteligência artificial, sensores multispectrais e guerra eletrônica, a corrida tecnológica entre ofensores e defensores se intensifica, obrigando as forças militares a desenvolverem soluções cada vez mais sofisticadas e inovadoras.
Nesse cenário, a criatividade na defesa pode envolver desde coberturas físicas até interferências digitais e uso de contramedidas eletrônicas para enganar drones e mísseis guiados.
A utilização de pneus em aviões é um exemplo emblemático de como a guerra moderna se adapta rapidamente às ameaças, usando recursos inesperados para tentar preservar equipamentos valiosos em meio a um conflito que combina tecnologia avançada e improvisação.
Você acha que essa tática improvisada da Rússia pode evoluir para técnicas mais eficazes contra drones ou será apenas uma medida temporária diante do avanço tecnológico dos armamentos?