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Por que a FAB vai pagar US$ 230 milhões por helicópteros Black Hawk sem licitação? Entenda a negociação com os EUA

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 21/10/2025 às 16:21
FAB vai adquirir 11 helicópteros UH-60L Black Hawk por cerca de US$ 230 milhões em operação sem licitação. Entenda os detalhes da negociação.
FAB vai adquirir 11 helicópteros UH-60L Black Hawk por cerca de US$ 230 milhões em operação sem licitação. Entenda os detalhes da negociação.
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A compra direta de 11 helicópteros Black Hawk pela Força Aérea Brasileira, sem licitação, envolve negociações com os Estados Unidos e promete impacto imediato na frota militar e nas relações comerciais entre os dois países.

A Força Aérea Brasileira pretende adquirir 11 helicópteros UH-60L Black Hawk dos Estados Unidos por cerca de US$ 229,9 milhões (aproximadamente R$ 1,2 bilhão), com inexigibilidade de licitação.

Segundo o governo, a compra será feita diretamente de um fornecedor exclusivo autorizado, dentro do programa BEST (Blackhawk Exchange Sales Team), do Exército americano.

O anúncio ocorre no momento em que Brasil e EUA negociam a retirada de tarifas adicionais de 40% aplicadas sobre produtos brasileiros e discutem um encontro entre Lula e Donald Trump.

Por que sem licitação

A operação foi classificada como inexigível porque, de acordo com a administração federal, não há competição viável para o objeto pretendido.

No caso dos Black Hawk usados do programa BEST, o canal de fornecimento é centralizado pelo governo dos EUA e pela ACE Aeronautics, empresa americana autorizada a disponibilizar aeronaves desativadas do Exército com pacotes de modernização.

A legislação brasileira permite esse formato quando há fornecedor exclusivo e a seleção por concorrência se mostra impraticável para o bem específico.

Na prática, essa estrutura evita um certame tradicional e possibilita negociar diretamente o lote disponível, com configuração e cronograma definidos pelo lado americano.

Esse é o mesmo arranjo adotado por outros países que compram meios militares via governo dos Estados Unidos.

O que está incluído no pacote

FAB vai adquirir 11 helicópteros UH-60L Black Hawk por cerca de US$ 230 milhões em operação sem licitação. Entenda os detalhes da negociação.
FAB vai adquirir 11 helicópteros UH-60L Black Hawk por cerca de US$ 230 milhões em operação sem licitação. Entenda os detalhes da negociação.

O lote contempla 11 UH-60L provenientes do Exército americano, considerados aeronaves usadas e revisadas.

Além da aquisição, o contrato abrange atualizações e padronização de parte da frota já existente no Brasil, elevando o número total de Black Hawk da FAB para 24 unidades.

A fase de modernização inclui integração de aviônicos e padronização logística, medida que reduz custos de manutenção e facilita o treinamento de tripulações e mecânicos.

Pelo valor divulgado, a compra ocorre “abaixo do preço de mercado” de aeronaves novas, mas traz como contrapartida a necessidade de revisão estrutural e integração de sistemas, etapa que costuma ser contratada com o mesmo integrador autorizado.

Impacto operacional para a FAB

A ampliação da frota Black Hawk tem efeito direto em busca e salvamento (SAR), transporte de tropas e cargas, apoio humanitário, evacuação aeromédica e operações em áreas remotas.

O UH-60L é um helicóptero de médio porte com desempenho conhecido em missões de alta disponibilidade.

Ao dobrar a quantidade de células, a FAB ganha margem para manter parte da frota em manutenção sem comprometer a prontidão de alas de helicópteros em diferentes regiões do país.

Outro benefício é a padronização.

Uma frota maior do mesmo tipo simplifica cadeia de suprimentos, treinamento e doutrina, evitando pulverização de modelos.

Em termos de interoperabilidade, o Black Hawk facilita exercícios combinados com forças armadas parceiras da região e de fora dela.

Como será feita a compra

A negociação será realizada por meio de órgão logístico da Aeronáutica e da Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington, que centraliza aquisições com fornecedores americanos.

O processo cita o programa BEST, que disponibiliza aeronaves retiradas de serviço para venda a governos parceiros, com revisão e customização.

A ACE Aeronautics aparece como fornecedora autorizada para esse canal, justificando a inexigibilidade.

O cronograma de entrega, a distribuição das células entre as unidades da FAB e o detalhamento do pacote de peças e treinamentos serão definidos nas fases seguintes do processo e publicados nos atos oficiais correspondentes.

Relação com a agenda Brasil–EUA

FAB vai adquirir 11 helicópteros UH-60L Black Hawk por cerca de US$ 230 milhões em operação sem licitação. Entenda os detalhes da negociação.
FAB vai adquirir 11 helicópteros UH-60L Black Hawk por cerca de US$ 230 milhões em operação sem licitação. Entenda os detalhes da negociação.

A decisão ocorre em paralelo às tratativas comerciais entre Brasília e Washington.

Após a elevação de tarifas americanas — com acréscimo de 40% sobre itens brasileiros, além de alíquotas já existentes —, o chanceler Mauro Vieira vem mantendo diálogo com o secretário de Estado Marco Rubio para buscar a reversão das sobretaxas.

As equipes discutem também a realização de um encontro entre Lula e Trump, ainda sem data e local divulgados publicamente.

Autoridades brasileiras afirmam que a compra dos helicópteros segue planejamento de defesa e critérios técnicos, não devendo ser condicionada a avanços na frente comercial.

Ainda assim, a coincidência de agendas reforça o pano de fundo diplomático que cerca a aquisição e as conversas sobre comércio e investimentos.

Aspectos legais e de transparência

A inexigibilidade de licitação está prevista na Lei de Licitações quando a competição é inviável — por exemplo, em fornecimento exclusivo.

Nesses casos, a Administração é obrigada a motivar o ato, publicar os extratos e manter a documentação disponível para controle dos órgãos de fiscalização.

A Aeronáutica informou o valor estimado da operação em US$ 229,9 milhões e indicou a origem do material como o programa BEST, cumprindo a etapa de publicidade.

Demais anexos técnicos e o cronograma serão divulgados nas fases seguintes.

Especialistas ouvidos por publicações do setor apontam que a alternativa BEST tende a ser mais rápida que compras de aeronaves novas, além de aproveitar estoques de células e peças já existentes, o que acelera a entrada em serviço.

Em contrapartida, exige planejamento de manutenção e gestão de vida útil para garantir disponibilidade e segurança ao longo do ciclo.

Quanto custa e o que explica o preço

O montante de US$ 229,9 milhões cobre a transferência das 11 aeronaves, kits e serviços de modernização e padronização — incluindo, conforme divulgado por veículos especializados, a atualização de 13 Black Hawk já operados pela FAB.

Como referência, helicópteros médios novos da mesma classe costumam superar esse valor por unidade, dependendo da configuração.

A opção por células usadas, entretanto, demanda inspeções aprofundadas e adequações para o padrão brasileiro, o que justifica um pacote robusto de suporte e integração.

O que vem a seguir

Com a autorização de inexigibilidade e a indicação do fornecedor, as partes avançam para a formalização contratual, etapa que detalha escopos, garantias, treinamentos e prazos.

A partir da assinatura, a ACE e os órgãos americanos iniciam o processo de recuperação, integração e testes, enquanto a FAB prepara infraestrutura, ferramental e curso de conversão para tripulações e equipes de manutenção.

A expectativa operacional é elevar a disponibilidade de asas rotativas para missões diárias e operações sazonais, como apoio a desastres naturais.

Enquanto isso, o Itamaraty e o Departamento de Estado seguem em diálogo sobre tarifas e agenda de alto nível.

O governo brasileiro afirma que a revisão das sobretaxas é prioridade, mas não a condiciona à cooperação em defesa.

O desfecho dessas frentes poderá influenciar custos logísticos, prazos e futuras parcerias tecnológicas entre os dois países.

A ampliação da frota Black Hawk atende a uma demanda objetiva de capacidade e ocorre em um momento sensível da política comercial; na sua avaliação, a compra deveria esperar um acordo tarifário ou a prioridade é garantir prontidão imediata para missões críticas?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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