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População brasileira tem interesse em energia renováveis, mas esbarra na falta de informação

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 23/07/2025 às 06:09
Técnicos instalando painéis solares em telhado industrial sob céu limpo
Dois profissionais instalam painéis solares em um telhado industrial, representando diversidade na energia renovável
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Descubra por que a população brasileira tem interesse em energia renováveis, mas ainda enfrenta obstáculos como desinformação e falta de acesso prático.

Desde os últimos anos, o desejo por um futuro mais sustentável vem crescendo entre os brasileiros. Embora o país conte com vastos recursos naturais, ainda assim, o acesso à energia limpa enfrenta barreiras significativas.

A verdade é que a população brasileira tem interesse em energia renováveis, porém, frequentemente encontra dificuldades para transformar esse interesse em ação concreta.

Por um lado, o Brasil possui uma matriz energética reconhecidamente mais limpa do que a média mundial. Por outro lado, apesar desse protagonismo histórico, a falta de informações claras e acessíveis sobre energia solar, eólica ou biomassa ainda impede avanços mais rápidos.

Além disso, muitas famílias desconhecem alternativas práticas de acesso a essas fontes. Consequentemente, o entusiasmo com a sustentabilidade acaba perdendo força diante da insegurança e da dúvida.

Mesmo sendo um país tropical, com alta incidência de sol durante o ano inteiro, muitos brasileiros ainda não sabem que poderiam gerar a própria eletricidade em casa. Portanto, há um grande abismo entre o potencial técnico e o conhecimento popular.

Ainda que existam políticas públicas, elas não chegam com a clareza necessária à maioria da população.

O desejo existe, mas falta conhecimento prático

Conforme revelou uma pesquisa da plataforma LUZ em parceria com a consultoria Futuros Possíveis, 86% dos brasileiros gostariam de ter alternativas às distribuidoras tradicionais de energia.

Ainda assim, 84% afirmam que sabem pouco ou nada sobre fontes renováveis, o que confirma que o interesse da população brasileira em energia renováveis não se converte, na mesma proporção, em ações práticas.

Em outras palavras, existe vontade, mas não se sabe por onde começar.

Além disso, apenas 17% buscaram alternativas energéticas no último ano, enquanto somente 13% monitoram seu consumo com frequência. Mesmo com o avanço da tecnologia e com o acesso crescente a aplicativos e plataformas digitais, muitos brasileiros continuam lidando com a energia de forma analógica.

Isso mostra que, apesar da conectividade digital, a energia ainda ocupa um lugar invisível na rotina de consumo consciente.

Adicionalmente, faltam iniciativas públicas e privadas que levem informação até os lares. Embora algumas empresas ofereçam painéis solares e consultorias, os custos e a linguagem técnica afastam consumidores de baixa renda.

Ainda que as possibilidades existam, não basta que elas estejam disponíveis: é necessário que sejam compreendidas. Portanto, investir em educação energética se torna urgente e estratégico.

Economia como motivador e o meio ambiente em segundo plano

Sobretudo, a questão financeira continua sendo o principal incentivo. Para 77% dos entrevistados, a adoção de fontes renováveis só faz sentido se resultar em economia na conta de luz.

Em contrapartida, apenas 21% se preocupam com o desperdício de energia por razões ambientais, o que revela uma preocupação prática muito maior do que ecológica.

Em virtude disso, nota-se que a sustentabilidade ainda não entrou no coração da maioria das decisões energéticas. Apesar do discurso ambiental circular com força nas redes sociais, o cotidiano ainda gira em torno do orçamento apertado.

Por conseguinte, qualquer solução energética precisa dialogar com essa realidade. Afinal, quando o impacto financeiro é visível, a mudança se torna mais aceitável.

Além do mais, o Brasil convive com desigualdades históricas no acesso à energia e à informação. Regiões mais afastadas, especialmente nas áreas rurais e nas periferias urbanas, têm menos acesso a dados técnicos e programas de incentivo.

Mesmo quando as políticas públicas existem, frequentemente não são divulgadas de forma adequada. Como resultado, comunidades inteiras continuam distantes da transição energética.

Ademais, poucos municípios promovem ações consistentes para aproximar a população das energias limpas. Embora existam leis estaduais e federais, sua aplicação local costuma ser ineficaz.

Portanto, é fundamental que estados e prefeituras assumam um papel mais ativo, integrando a população em processos de conscientização e capacitação.

População brasileira tem interesse em energia renováveis: Juventude e tecnologia como agentes de transformação

Entretanto, nem tudo é obstáculo. Felizmente, a juventude se mostra cada vez mais interessada em soluções sustentáveis.

De acordo com o levantamento, 45% da população pretende adotar tecnologias inteligentes nos próximos dois anos. Entre jovens de 25 a 29 anos, esse número sobe para 52%, o que revela uma abertura maior às inovações energéticas.

Em razão disso, a tecnologia aparece como uma ponte possível entre o desejo e a prática. Contudo, sozinha ela não basta. É preciso que as pessoas entendam como utilizá-la de maneira eficiente e segura.

Sendo assim, investir em plataformas intuitivas, tutoriais simples e atendimento acessível se torna essencial para democratizar as opções energéticas.

Além disso, a confiança nas distribuidoras continua baixa. Apenas 10% dos consumidores afirmam confiar plenamente nas empresas de energia. Isso indica que o brasileiro ainda enxerga o setor com desconfiança, o que atrapalha a adoção de novas soluções.

Portanto, para que a transformação aconteça, é fundamental reconstruir essa relação e oferecer mais transparência ao consumidor.

Com o apoio de escolas, universidades, ONGs e empresas sociais, é possível transformar a informação técnica em conhecimento popular. Desde que o conteúdo seja simples, prático e diretamente relacionado ao dia a dia, a energia renovável deixará de ser uma ideia distante e passará a ser vista como uma oportunidade real.

O futuro da energia renovável no Brasil depende da informação

De modo geral, o Brasil reúne todas as condições necessárias para liderar a transição energética. Contudo, isso só será possível se a informação circular com clareza e propósito.

Ainda que a infraestrutura exista, sem conhecimento acessível, ela continuará restrita a poucos.

A mudança começa pela comunicação. Ou seja, é preciso transformar dados técnicos em conteúdo compreensível. Ao fazer isso, o país não apenas amplia o acesso às fontes renováveis, mas também fortalece a cidadania energética.

Quando o cidadão compreende o sistema, ele ganha poder de escolha.

Portanto, a população brasileira precisa de caminhos simples, seguros e viáveis. À medida que esses caminhos forem construídos com base na informação e no diálogo, a energia limpa deixará de ser uma promessa para se tornar uma realidade presente em todos os lares.

Nesse sentido, o futuro da energia no Brasil depende menos da tecnologia e mais do acesso ao conhecimento. Ao democratizar o saber, amplia-se a consciência. E onde há consciência, há mudança.

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Qual é o papel das fontes renováveis na transição energética?| Um Brasil de Energia – Petrobras

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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