A grandiosa ponte ferroviária sobre o rio Chenab redefine os limites da engenharia indiana e integra uma rota com quase mil pontes e dezenas de túneis, encurtando a viagem até Srinagar e estabelecendo um novo recorde mundial.
Entre os paredões do vale do Chenab, no norte da Índia, uma estrutura metálica de grandes proporções permite a passagem de trens sobre um dos terrenos mais acidentados da região da Caxemira.
Trata-se da Chenab Rail Bridge, considerada por órgãos oficiais do país a ponte ferroviária em arco mais alta do mundo, com 359 metros de altura em relação ao leito do rio Chenab.
A obra integra o Udhampur–Srinagar–Baramulla Rail Link (USBRL), projeto de 272 quilômetros planejado para conectar a região de Jammu ao vale de Srinagar.
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De acordo com o governo indiano, a ponte entrou em operação junto à liberação do tráfego de passageiros no corredor ferroviário, o que permitiu reduzir o tempo de viagem entre Katra e Srinagar para cerca de três horas, desempenho atribuído a novos trens e à regularidade do traçado em comparação com as rotas rodoviárias afetadas por neve e deslizamentos.
Engenharia em altitude e recorde mundial

Localizada no distrito de Reasi, em Jammu e Caxemira, a ponte tem 1.315 metros de extensão e combina um arco de aço principal com viadutos de aproximação que vencem o desnível do cânion.
Segundo dados oficiais, o título de “mais alta do mundo” decorre da diferença vertical entre o tabuleiro e o leito do rio.
O Ministério das Ferrovias da Índia informa que o projeto exigiu soluções específicas de fundação, proteção contra ventos e controle de vibração, fatores considerados essenciais para a operação segura de trens de passageiros e carga em ambiente montanhoso.
USBRL: obra complexa com 36 túneis e 943 pontes
O USBRL foi desenvolvido para garantir conexão ferroviária permanente entre as regiões de Jammu e Srinagar, superando condições climáticas severas e terreno instável.
O traçado inclui 36 túneis e 943 pontes, o que, segundo autoridades indianas, ilustra o grau de complexidade logística e geotécnica do projeto.
Especialistas em infraestrutura consultados pela imprensa local apontam que a integração do vale à malha ferroviária nacional tende a reduzir a dependência de rodovias e ampliar o transporte regular de bens, serviços e turistas.
Operação e impacto na mobilidade

Com o início das viagens regulares, o governo vinculou o novo padrão de transporte ao uso de trens elétricos Vande Bharat, fabricados na Índia.
A operação completa do corredor deve, segundo a autoridade ferroviária, oferecer deslocamentos mais previsíveis ao longo do ano, mesmo sob condições de inverno rigoroso.
A expectativa oficial é que o projeto favoreça a integração econômica da Caxemira e fortaleça o turismo local, tradicionalmente afetado por interrupções de tráfego rodoviário.
Estrutura metálica e parâmetros técnicos
A Chenab Rail Bridge utiliza um arco em aço sustentando o tabuleiro ferroviário por treliças e ligações projetadas para suportar cargas combinadas de vento, temperatura e sismos.
O projeto prevê vida útil de 120 anos e resistência a ventos superiores a 260 km/h, segundo documentos técnicos divulgados pelo governo indiano.
De acordo com engenheiros envolvidos na obra, o dimensionamento estrutural foi baseado em critérios internacionais de conforto e segurança para operação em altitude.
Montagem por etapas e acesso restrito

O método construtivo adotado envolveu montagem modular com fechamento progressivo do arco, precedido de ancoragens e estabilização por cabos.
Essa abordagem, segundo relatórios do Ministério das Ferrovias, permitiu reduzir intervenções diretas no leito do rio e minimizar riscos em um ambiente de acesso limitado.
Os viadutos de aproximação foram executados com pilares metálicos e concreto, adaptados ao traçado de túneis que emergem das encostas.
O modelo buscou compatibilizar segurança, logística e cronograma de execução em condições climáticas restritas.
Segurança e monitoramento contínuo
A operação no corredor é acompanhada por sistemas de comunicação permanente entre centros de controle e postos operacionais.
Autoridades destacam que o conjunto de obras do USBRL foi dimensionado para suportar eventos sísmicos e variações extremas de temperatura, fatores críticos para a manutenção da via permanente e dos equipamentos.
De acordo com técnicos do setor ferroviário, o arranjo sucessivo de túneis, pontes e viadutos em distâncias curtas exige protocolos reforçados de inspeção e monitoramento contínuo, especialmente nas fases iniciais de operação.

Repercussão internacional e referências técnicas
A ponte atraiu atenção internacional por combinar recorde de altura e importância prática para a conectividade da Caxemira.
Reportagens de veículos estrangeiros, como The Independent e The Times of India, classificaram o empreendimento como um marco de engenharia e integração regional.
Especialistas ouvidos pela imprensa indiana ressaltam que o projeto contribui para diversificar o transporte interno e servir de base técnica para futuras obras em regiões montanhosas.
Paralelo com a engenharia brasileira
No contexto brasileiro, uma comparação possível é com o Viaduto 13 (V13), localizado na Ferrovia do Trigo, no Rio Grande do Sul.
Com 143 metros de altura e 509 metros de extensão, o V13 é a estrutura ferroviária mais alta do país e da América do Sul.
Engenheiros brasileiros consultados por publicações técnicas afirmam que, embora em escala menor, o V13 apresenta desafios semelhantes de manutenção e segurança estrutural, o que permite contextualizar a dimensão do feito indiano.
Perspectivas e acompanhamento do projeto
A Chenab Rail Bridge passa a integrar o conjunto de grandes obras ferroviárias do século XXI e, segundo analistas de infraestrutura, deve servir como referência para países com geografia complexa e demandas logísticas crescentes.
A avaliação técnica e econômica do corredor indiano depende de dados de desempenho a médio prazo, como fluxo de passageiros, custos de manutenção e regularidade das viagens, que devem ser divulgados à medida que a operação avance.
Considerando o alcance do projeto e os benefícios apresentados, qual outra obra ferroviária no mundo você considera capaz de unir recorde técnico e impacto direto no tempo de viagem?



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