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Poeira do Saara chega à Amazônia após cruzar o Atlântico trazendo minerais que ajudam na recuperação de áreas queimadas

Publicado em 31/07/2025 às 08:34
Saara, Floresta, Amazônia, Poeira
Poeira foi identifica por torre de pesquisa na Amazônia. Crédito: Divulgação
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Eventos registrados entre janeiro e março mostram chegada de poeira rica em fósforo, ferro e cálcio à Amazônia, vinda diretamente do Saara

Entre janeiro e março de 2025, pesquisadores brasileiros registraram a chegada de poeira do deserto do Saara à floresta amazônica. Foram três episódios documentados nesse período. A poeira percorreu mais de 5 mil quilômetros e trouxe nutrientes como fósforo, ferro, potássio e cálcio.

Esses minerais são considerados essenciais para o ecossistema da Amazônia, principalmente após queimadas que prejudicam a qualidade do solo.

A detecção foi feita pela Torre Alta de Observação da Amazônia (ATTO), localizada em São Sebastião do Uatumã, no Amazonas.

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A estrutura tem 325 metros de altura e sensores que monitoram a composição do ar. Durante os episódios, os níveis de partículas finas (PM2.5) ficaram até cinco vezes acima da média registrada na estação chuvosa.

Fósforo e produtividade da floresta

O coordenador da pesquisa, Alberto Quesada, doutor em Ecologia Florestal, destacou a importância do fósforo para a floresta.

Ele explicou que os solos amazônicos apresentam baixos níveis naturais desse nutriente. A poeira do Saara, ao trazer pequenas quantidades de fósforo e outros minerais, ajuda a compensar essa deficiência.

A poeira do Saara entra nesses eventos com pequenas quantidades de nutrientes. Isso não resolve a carência, mas ajuda a manter a produtividade da floresta”, afirmou Quesada.

Viagem da poeira e influência dos ventos

A poeira viaja em altitudes entre 2 e 5 quilômetros, sendo transportada por ventos fortes gerados por tempestades no Saara.

A travessia do Oceano Atlântico é favorecida pela Zona de Convergência Intertropical, uma faixa de baixa pressão atmosférica.

Durante o verão no hemisfério sul, essa zona se desloca mais para o sul, facilitando o caminho da poeira até a Amazônia.

O pesquisador Rafael Valiati explicou que a presença da poeira depende de vários fatores, como a quantidade de partículas geradas no Saara, os padrões de vento e a chuva ao longo da rota.

Ele ressaltou que ainda não é possível afirmar se o fenômeno está se intensificando. “Não é possível afirmar que o fenômeno está se intensificando apenas pelo número de ocorrências em 2025”, disse.

Impactos na saúde e clima

Apesar das concentrações elevadas de partículas, os pesquisadores garantem que não há risco à saúde da população local.

A quantidade observada não é suficiente para causar impactos respiratórios, como já ocorreu em partes da Europa”, explicou Valiati.

Além da fertilidade do solo, a poeira também pode influenciar a formação de nuvens. Os efeitos atmosféricos desses eventos ainda estão sendo analisados.

A torre que vê longe

A Torre ATTO é a maior estrutura de pesquisa atmosférica do mundo. Ela foi construída com recursos do Brasil, da Alemanha e do estado do Amazonas.

O investimento foi de aproximadamente 8,4 milhões de euros. Segundo Quesada, a torre funciona como um prédio de 80 andares e é essencial para entender o funcionamento da floresta e suas relações com o clima global.

Primeira detecção clara

Os três episódios de chegada de poeira ocorreram entre 13 e 18 de janeiro, 31 de janeiro a 3 de fevereiro, e 26 de fevereiro a 3 de março.

Para Quesada, esta é a primeira vez que o fenômeno é registrado com clareza pela Torre ATTO. Ele afirma que, embora não seja possível cravar uma ligação direta com as mudanças climáticas, os episódios indicam alterações em andamento.

É difícil afirmar com certeza que já se trata de uma consequência das mudanças climáticas, mas esses eventos indicam alterações em curso. Precisamos continuar monitorando”, concluiu.

Com informações de Tempo.com.

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Romário Pereira de Carvalho

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