Conheça os poços de petróleo dos EUA que podem ser ativados em semanas ajudam a conter choques de oferta e estabilizar o preço do petróleo em momentos de crise.
Pouca gente sabe, mas parte da força dos Estados Unidos no mercado global de energia vem de uma estratégia bem pensada: manter milhares de poços de petróleo dos EUA já perfurados, mas ainda não finalizados, prontos para entrar em operação quando necessário. São os chamados DUCs (Drilled but Uncompleted Wells), ou poços perfurados, mas não completados. Essa reserva técnica funciona como um verdadeiro trunfo para ajudar o país a responder a choques de oferta e a estabilizar o preço do petróleo no mercado mundial.
O que são os poços que podem ser ativados em semanas?
Os DUCs são poços que já tiveram toda a fase inicial de perfuração feita. Isso significa que o furo no subsolo está pronto, o poço está estruturado, mas falta a etapa final: a conclusão, que normalmente envolve processos como o fraturamento hidráulico e a instalação dos equipamentos de extração. Como essa fase final pode ser realizada em poucas semanas, esses poços são como uma carta na manga para as empresas e para o próprio governo americano quando é preciso aumentar rapidamente a produção.
Atualmente, os Estados Unidos têm entre 5 mil e 6 mil desses poços espalhados principalmente pelo Texas, Novo México e Dakota do Norte, em regiões como o Permiano e a Bacia de Bakken. Essa estrutura garante ao país uma flexibilidade que poucos produtores no mundo possuem.
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Como os DUCs ajudam a controlar o preço do petróleo
Quando ocorrem choques de oferta — seja por crises internacionais, sanções a países produtores ou desastres naturais que impactam a produção global — o mercado reage quase instantaneamente, e o preço do petróleo dispara. É nesse cenário que os poços de petróleo dos EUA prontos para ativação entram em jogo. Eles permitem que as empresas ampliem rapidamente a produção nacional, o que alivia a pressão sobre o mercado e ajuda a conter a alta dos preços.
Foi o que aconteceu, por exemplo, em momentos de tensão no Oriente Médio ou durante os primeiros meses da recuperação econômica pós-pandemia. A capacidade dos EUA de colocar mais barris no mercado em pouco tempo virou peça central na estabilidade dos preços.
Por que os EUA mantêm esse estoque de poços prontos?
Ter um “estoque” de poços não completados é uma estratégia que atende a diferentes interesses. Do ponto de vista das empresas, perfurar poços com antecedência e deixar para completá-los no momento mais vantajoso ajuda a otimizar custos. Como completar um DUC custa menos do que perfurar um novo poço do zero, as operadoras conseguem ajustar a produção ao ritmo do mercado com mais eficiência.
Já para o governo, esses poços reforçam a segurança energética do país. Eles funcionam como uma espécie de colchão de proteção diante de variações bruscas no mercado global, ajudando a manter o abastecimento e, por consequência, a economia estável.
Quem é dono dos poços de petróleo prontos para ativação nos EUA?
Os poços de petróleo dos EUA prontos para ativação, conhecidos como DUCs, pertencem majoritariamente a empresas privadas. São companhias de petróleo e gás, como ExxonMobil, Chevron, ConocoPhillips e diversas operadoras independentes, que perfuram os poços e decidem o momento mais estratégico para completá-los e iniciar a produção.
Embora muitos desses poços estejam em terras federais — especialmente em regiões como o Texas, Novo México e Dakota do Norte —, isso significa apenas que o governo é proprietário do terreno e concede o direito de exploração às empresas por meio de contratos e licenças.
O governo não é dono dos poços nem da produção de petróleo em si, mas atua como regulador e fiscalizador, garantindo que as operações estejam de acordo com as normas ambientais e de segurança. Esse modelo garante ao setor privado flexibilidade para ajustar a produção ao ritmo do mercado e às variações no preço do petróleo.
Limites e impactos do uso dos DUCs
Apesar de serem uma ferramenta poderosa, os DUCs também têm limitações. Eles não são um recurso infinito: se um grande volume desses poços for ativado de uma só vez, o estoque pode se esgotar em pouco tempo. Além disso, a conclusão dos poços exige mão de obra especializada, equipamentos e materiais que nem sempre estão disponíveis de imediato, o que pode gerar gargalos em momentos de alta demanda.
Outro ponto de atenção é o impacto ambiental. Os DUCs, enquanto aguardam para serem completados, já podem representar riscos se não forem devidamente selados e monitorados, como vazamentos de metano ou outros gases. Por isso, a fiscalização e a regulamentação desses poços são temas que ganham cada vez mais espaço no debate público.
Poços prontos para ativação
Com o mercado de energia cada vez mais volátil e a transição para fontes renováveis avançando, o papel dos DUCs na estratégia dos Estados Unidos pode passar por mudanças nos próximos anos. Ainda assim, no curto e médio prazo, os poços de petróleo dos EUA que podem ser ativados em semanas seguem como um dos elementos mais importantes para a segurança energética do país e para evitar picos no preço do petróleo em momentos de crise.
Esse modelo mostra como o setor de óleo e gás dos EUA combina agilidade, planejamento e capacidade técnica para responder aos desafios de um mercado global marcado por incertezas. E, enquanto o mundo se adapta às novas matrizes energéticas, os DUCs continuarão como uma peça-chave no xadrez da geopolítica do petróleo.