A P-70 opera no campo de Atapu, em lâmina d’água de 2.300 metros, com tecnologia de ponta e produção impressionante.
O FPSO P-70 é uma das maiores e mais modernas unidades flutuantes de produção de petróleo e gás do planeta. Operado pela Petrobras, ele está instalado no campo de Atapu, na Bacia de Santos, a cerca de 200 quilômetros da costa do Rio de Janeiro e em lâmina d’água de 2.300 metros — um dos ambientes offshore mais desafiadores do mundo.
Dimensões e capacidades principais
A P-70 integra a série de plataformas “replicantes” desenvolvida pela Petrobras para padronizar projetos e acelerar o desenvolvimento do pré-sal. Isso permite ganhos de escala e economia de tempo e custos em engenharia, construção e operação.
- Comprimento: 316 metros
- Largura: 74 metros
- Peso total estimado: 80 a 90 mil toneladas
- Capacidade de produção: 150.000 barris de óleo por dia
- Capacidade de processamento de gás: 6 milhões de m³ por dia
- Capacidade de armazenamento: cerca de 1,6 milhão de barris de petróleo
A unidade opera com previsão de até oito poços produtores e oito injetores, embora tenha alcançado sua capacidade plena usando apenas quatro poços — um indicador direto da elevada produtividade dos reservatórios de Atapu.
-
Mais petróleo encontrado no Rio Grande do Norte! Nova zona produtora é localizada no Campo de Andorinha pela Azevedo & Travassos Energia
-
Lula defende exploração de petróleo na Amazônia em meio a debate global sobre transição energética e pressões ambientais
-
ABESPetro confirma novo conselho de administração para o biênio 2026/2028 com reforço estratégico da Baker Hughes e Subsea 7
-
Estoques de Petróleo Bruto dos Estados Unidos caem em 9,3 milhões de barris: o impacto nos preços do WTI e Brent
Principais sistemas de engenharia a bordo
Módulos de processamento (topside)
O convés superior concentra diversos módulos integrados de processo, responsáveis por:
- Separação de óleo, gás e água produzida;
- Tratamento do óleo para atender especificações de exportação;
- Compressão e tratamento do gás natural;
- Sistema de queima de gás em flare de emergência.
Os módulos foram fabricados e integrados na China (estaleiros Cosco e COOEC) antes do transporte ao Brasil, em uma operação de dry tow sobre um navio semi-submersível.
⚓ Sistema de ancoragem e posicionamento
A P-70 utiliza um sistema de ancoragem por linhas de aço e poliéster, dispostas em configuração espalhada (spread mooring).
Esse tipo de ancoragem é fixo e permite que a unidade mantenha posição estável mesmo sob correntes, ventos e ondas intensas, condição essencial para operações em águas ultraprofundas.
Sistema de reinjeção e controle de reservatório
Para manter a pressão dos reservatórios e melhorar a recuperação de petróleo, a P-70 possui:
- Bombas de alta pressão para injeção de água no reservatório;
- Compressores para reinjeção de gás excedente;
- Malha de umbilicais submarinos que fornecem energia, produtos químicos e controle aos poços no leito marinho.
⚙️ Automação e segurança operacional
O FPSO opera com um sistema de controle distribuído (DCS/SCADA) que monitora em tempo real mais de 10 mil pontos de processo.
Há também sistemas redundantes de detecção de gases e incêndio, isolamento de áreas críticas, válvulas de emergência, evacuação e combate a incêndio, conforme exigências da Marinha do Brasil e do IBAMA.
Comparação com outros FPSOs do pré-sal
A P-70 é parte da mesma “família” de unidades replicantes como as P-66, P-67, P-68, P-74, P-75 e P-76, mas ela se destaca por sua produtividade inicial e pelo campo altamente promissor onde opera:
Unidade | Campo | Capacidade (barris/dia) | Início de operação |
---|---|---|---|
P-66 | Lula Sul | 150.000 | 2017 |
P-67 | Lula Norte | 150.000 | 2019 |
P-68 | Berbigão/Sururu | 150.000 | 2019 |
P-74 | Búzios | 150.000 | 2018 |
P-75 | Búzios | 150.000 | 2018 |
P-76 | Búzios | 150.000 | 2019 |
P-70 | Atapu | 150.000 | 2020 |
Mesmo com a mesma capacidade nominal das demais, a P-70 chamou atenção por atingir rapidamente esse patamar usando apenas quatro poços, enquanto as outras normalmente precisaram de seis ou mais.
Licenciamento e operação ambiental
A licença de operação da P-70 foi emitida pelo IBAMA em junho de 2020, sob o número 1574/2020, após aprovação do Estudo de Impacto Ambiental do Polo Pré-sal da Bacia de Santos – Etapa 3.
Entre as principais exigências ambientais, destacam-se:
- Monitoramento contínuo de água do mar, fauna e resíduos;
- Sistemas de contenção e tratamento de óleo e água produzida;
- Plano de resposta a emergências ambientais e vazamentos.
A operação também gera recursos expressivos para estados e municípios por meio de royalties e participações especiais.
Importância estratégica e perspectivas
A P-70 consolida a posição do Brasil entre os maiores produtores offshore do mundo. O sucesso de seu projeto reforça três pontos estratégicos para a Petrobras:
- Domínio tecnológico em águas ultraprofundas, área em que o país é referência mundial.
- Padronização e ganho de escala, que reduzem custos e riscos.
- Aumento de produção e exportações, fortalecendo a balança comercial brasileira e a arrecadação de estados e municípios.
Nos próximos anos, com a completa interligação de todos os poços e possível expansão de sistemas submarinos, a expectativa é que a P-70 mantenha taxas de produção elevadas e permaneça como uma das plataformas mais rentáveis do portfólio da Petrobras.
Muito bom