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Gigante do pré-sal: plataforma P-70 da Petrobras mede 316 metros e produz 150 mil barris de petróleo por dia em alto-mar

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 18/09/2025 às 10:36
Conheça a P-70 da Petrobras, um gigante de 316 metros que produz 150 mil barris por dia no pré-sal brasileiro.
Conheça a P-70 da Petrobras, um gigante de 316 metros que produz 150 mil barris por dia no pré-sal brasileiro.
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A P-70 opera no campo de Atapu, em lâmina d’água de 2.300 metros, com tecnologia de ponta e produção impressionante.

O FPSO P-70 é uma das maiores e mais modernas unidades flutuantes de produção de petróleo e gás do planeta. Operado pela Petrobras, ele está instalado no campo de Atapu, na Bacia de Santos, a cerca de 200 quilômetros da costa do Rio de Janeiro e em lâmina d’água de 2.300 metros — um dos ambientes offshore mais desafiadores do mundo.

Dimensões e capacidades principais

A P-70 integra a série de plataformas “replicantes” desenvolvida pela Petrobras para padronizar projetos e acelerar o desenvolvimento do pré-sal. Isso permite ganhos de escala e economia de tempo e custos em engenharia, construção e operação.

  • Comprimento: 316 metros
  • Largura: 74 metros
  • Peso total estimado: 80 a 90 mil toneladas
  • Capacidade de produção: 150.000 barris de óleo por dia
  • Capacidade de processamento de gás: 6 milhões de m³ por dia
  • Capacidade de armazenamento: cerca de 1,6 milhão de barris de petróleo

A unidade opera com previsão de até oito poços produtores e oito injetores, embora tenha alcançado sua capacidade plena usando apenas quatro poços — um indicador direto da elevada produtividade dos reservatórios de Atapu.

Principais sistemas de engenharia a bordo

Módulos de processamento (topside)

O convés superior concentra diversos módulos integrados de processo, responsáveis por:

  • Separação de óleo, gás e água produzida;
  • Tratamento do óleo para atender especificações de exportação;
  • Compressão e tratamento do gás natural;
  • Sistema de queima de gás em flare de emergência.

Os módulos foram fabricados e integrados na China (estaleiros Cosco e COOEC) antes do transporte ao Brasil, em uma operação de dry tow sobre um navio semi-submersível.

⚓ Sistema de ancoragem e posicionamento

A P-70 utiliza um sistema de ancoragem por linhas de aço e poliéster, dispostas em configuração espalhada (spread mooring).

Esse tipo de ancoragem é fixo e permite que a unidade mantenha posição estável mesmo sob correntes, ventos e ondas intensas, condição essencial para operações em águas ultraprofundas.

Sistema de reinjeção e controle de reservatório

Para manter a pressão dos reservatórios e melhorar a recuperação de petróleo, a P-70 possui:

  • Bombas de alta pressão para injeção de água no reservatório;
  • Compressores para reinjeção de gás excedente;
  • Malha de umbilicais submarinos que fornecem energia, produtos químicos e controle aos poços no leito marinho.

⚙️ Automação e segurança operacional

O FPSO opera com um sistema de controle distribuído (DCS/SCADA) que monitora em tempo real mais de 10 mil pontos de processo.

Há também sistemas redundantes de detecção de gases e incêndio, isolamento de áreas críticas, válvulas de emergência, evacuação e combate a incêndio, conforme exigências da Marinha do Brasil e do IBAMA.

Comparação com outros FPSOs do pré-sal

A P-70 é parte da mesma “família” de unidades replicantes como as P-66, P-67, P-68, P-74, P-75 e P-76, mas ela se destaca por sua produtividade inicial e pelo campo altamente promissor onde opera:

UnidadeCampoCapacidade (barris/dia)Início de operação
P-66Lula Sul150.0002017
P-67Lula Norte150.0002019
P-68Berbigão/Sururu150.0002019
P-74Búzios150.0002018
P-75Búzios150.0002018
P-76Búzios150.0002019
P-70Atapu150.0002020

Mesmo com a mesma capacidade nominal das demais, a P-70 chamou atenção por atingir rapidamente esse patamar usando apenas quatro poços, enquanto as outras normalmente precisaram de seis ou mais.

Licenciamento e operação ambiental

A licença de operação da P-70 foi emitida pelo IBAMA em junho de 2020, sob o número 1574/2020, após aprovação do Estudo de Impacto Ambiental do Polo Pré-sal da Bacia de Santos – Etapa 3.

Entre as principais exigências ambientais, destacam-se:

  • Monitoramento contínuo de água do mar, fauna e resíduos;
  • Sistemas de contenção e tratamento de óleo e água produzida;
  • Plano de resposta a emergências ambientais e vazamentos.

A operação também gera recursos expressivos para estados e municípios por meio de royalties e participações especiais.

Importância estratégica e perspectivas

A P-70 consolida a posição do Brasil entre os maiores produtores offshore do mundo. O sucesso de seu projeto reforça três pontos estratégicos para a Petrobras:

  1. Domínio tecnológico em águas ultraprofundas, área em que o país é referência mundial.
  2. Padronização e ganho de escala, que reduzem custos e riscos.
  3. Aumento de produção e exportações, fortalecendo a balança comercial brasileira e a arrecadação de estados e municípios.

Nos próximos anos, com a completa interligação de todos os poços e possível expansão de sistemas submarinos, a expectativa é que a P-70 mantenha taxas de produção elevadas e permaneça como uma das plataformas mais rentáveis do portfólio da Petrobras.

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Miqueias Vinicius
Miqueias Vinicius(@miqueiasvinicius-com)
Admin
18/09/2025 10:40

Muito bom

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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