Plantas podem concentrar ouro de solos já mineralizados. Isso não é cultivo doméstico, e sim fitomineração, uma técnica ambiental com usos específicos.
A ideia de cultivar uma “planta que produz ouro em casa” circula nas redes. Saiba que a ciência por trás disto existe, porém com outro nome e outra escala: fitomineração.
Trata-se do uso de plantas para extrair e concentrar metais presentes no solo em quantidades muito baixas. O alvo pode ser ouro, níquel ou paládio, entre outros.
O método interessa porque é menos agressivo que a mineração convencional em áreas pobres ou rejeitos. Mas requer áreas já mineralizadas, manejo agronômico e protocolos químicos sob controle. Não é prática caseira.
-
Youtuber invade hotel 5 estrelas abandonado no paraíso dos cassinos da China e acha coleção de luxo com Rolls-Royce, Porsche e até um Hummer H2 esquecidos no local em cenário de arrepiar
-
A praia que brilha no escuro é um dos fenômenos mais impressionantes da natureza, onde o mar se transforma em um céu estrelado e as ondas parecem feitas de luz sob o silêncio da noite
-
Bilionários, artistas e atletas seguem os passos de Neymar em Balneário Camboriú: youtuber mostra como é morar em apartamentos de R$ 25 milhões com piscinas panorâmicas, suítes de 80 m² e vista para o mar
-
Uma ilha artificial de U$12 bilhões em forma de palmeira, construída com 85 milhões de m³ de areia dragada, que adicionou 56 km à costa de Dubai
Estudos clássicos e recentes explicam como isso funciona e onde faz sentido aplicar. A seguir, o que é consenso entre pesquisadores.
O que é fitomineração e por que importa
Fitomineração é o processo de plantar espécies capazes de absorver e acumular metais e, depois, processar a biomassa para recuperar o metal. A técnica se apoia em hiperacumuladoras, plantas com fisiologia especializada para lidar com metais.
Em termos ambientais, a proposta é reaproveitar áreas degradadas ou rejeitos com teores baixos, reduzindo movimentação de solo e consumo de água da mineração convencional.
Revisões recentes indicam que a rota mais viável já demonstrada em escala piloto é a de níquel, enquanto o ouro está em fase de pesquisa aplicada e demonstrações localizadas.
É importante destacar que a planta não cria ouro. Ela concentra o que já existe no solo, em níveis traço, até chegar a teores economicamente recuperáveis.
As plantas que “encontram” ouro
Um estudo de 2013 mostrou partículas nanométricas de ouro em folhas de eucalipto que cresciam sobre depósitos enterrados na Austrália. A interpretação não foi “árvore produz ouro”, mas sim biogeoquímica para prospecção.
Em ensaios de fitomineração, a mostarda-indiana (Brassica juncea) tem sido a espécie modelo para aumentar a captação de ouro em condições controladas. Resultados de campo indicaram concentrações elevadas após indução química do solo.
Outro grupo relevante são espécies do gênero Alyssum, famosas por hiperacumular níquel e base de projetos comerciais de fitomineração de Ni, referência para o desenho agronômico da técnica.
Como o ouro entra na planta e como é recuperado
O ouro no solo é pouco solúvel. Pesquisadores usam agentes lixiviantes para “mobilizar” o metal, como tiossulfato ou cianeto em concentrações controladas, permitindo que as raízes absorvam o ouro. É etapa técnica e regulada.
Uma vez absorvido, o ouro se acumula como nanopartículas em tecidos, especialmente folhas e caules. Não são pepitas visíveis. A planta é então colhida e incinerada; as cinzas ricas em metal seguem para processos metalúrgicos.
Esse fluxo de “grow–harvest–burn–refine” é o cerne da fitomineração. Eficiência depende do teor no solo, da espécie e do manejo químico.
Atenção: por envolver reagentes e emissões, o processo exige licenças ambientais e infraestrutura. Não é indicado nem permitido como hobby doméstico.
O que já foi testado e quais os limites
Ensaios de campo no início dos anos 2000, incluindo o uso de Brassica juncea, relataram teores de ouro vegetais dezenas de mg/kg após indução do solo. Esses estudos validaram a prova de conceito, mas também mostraram variação alta e desafios de escala.
Revisões técnicas destacam que a rota do ouro ainda enfrenta limitações econômicas e de segurança operacional quando comparada à rota de níquel, hoje considerada a mais madura em termos de fitomineração.
Há também restrições geológicas: é preciso que o solo tenha ouro, mesmo que em traços, e condições adequadas de pH, matéria orgânica e drenagem. Em climas áridos, há resultados promissores, porém dependentes de manejo preciso.
Brasil: onde a técnica se encaixa
No Brasil, grupos acadêmicos estudam fitotecnologias para recuperar áreas contaminadas por mineração. Revisões em português apontam o potencial da fitomineração e reforçam a viabilidade maior para níquel hoje.
Aplicações prioritárias incluem rejeitos e áreas degradadas, com foco em remediação ambiental e possível coprodução de metais. Para ouro, a tendência é usar a fitomineração de forma complementar em ambientes com teor baixo e logística favorável.
Para o público geral, o recado é simples: não existe “vaso de planta que fabrica ouro” em casa. Existe pesquisa séria que combina botânica, solo e metalurgia para recuperar valor onde a mineração convencional falha.
Você acha que o Brasil deve incentivar pilotos de fitomineração em rejeitos para recuperar áreas e gerar renda, ou o risco químico e o retorno incerto ainda não justificam políticas públicas específicas?