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Planta que “produz ouro” em casa? Fitomineração é real, mas exige solos auríferos e controle técnico, entenda a ciência, limites e usos ambientais

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 24/09/2025 às 12:50
Planta que “produz ouro” em casa Fitomineração é real, mas exige solos auríferos e controle técnico, entenda a ciência, limites e usos ambientais
Fitomineração é o processo de plantar espécies capazes de absorver e acumular metais.
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Plantas podem concentrar ouro de solos já mineralizados. Isso não é cultivo doméstico, e sim fitomineração, uma técnica ambiental com usos específicos.

A ideia de cultivar uma “planta que produz ouro em casa” circula nas redes. Saiba que a ciência por trás disto existe, porém com outro nome e outra escala: fitomineração.

Trata-se do uso de plantas para extrair e concentrar metais presentes no solo em quantidades muito baixas. O alvo pode ser ouro, níquel ou paládio, entre outros.

O método interessa porque é menos agressivo que a mineração convencional em áreas pobres ou rejeitos. Mas requer áreas já mineralizadas, manejo agronômico e protocolos químicos sob controle. Não é prática caseira.

Estudos clássicos e recentes explicam como isso funciona e onde faz sentido aplicar. A seguir, o que é consenso entre pesquisadores.

O que é fitomineração e por que importa

Fitomineração é o processo de plantar espécies capazes de absorver e acumular metais e, depois, processar a biomassa para recuperar o metal. A técnica se apoia em hiperacumuladoras, plantas com fisiologia especializada para lidar com metais.

Em termos ambientais, a proposta é reaproveitar áreas degradadas ou rejeitos com teores baixos, reduzindo movimentação de solo e consumo de água da mineração convencional.

Revisões recentes indicam que a rota mais viável já demonstrada em escala piloto é a de níquel, enquanto o ouro está em fase de pesquisa aplicada e demonstrações localizadas.

É importante destacar que a planta não cria ouro. Ela concentra o que já existe no solo, em níveis traço, até chegar a teores economicamente recuperáveis.

As plantas que “encontram” ouro

Um estudo de 2013 mostrou partículas nanométricas de ouro em folhas de eucalipto que cresciam sobre depósitos enterrados na Austrália. A interpretação não foi “árvore produz ouro”, mas sim biogeoquímica para prospecção.

Em ensaios de fitomineração, a mostarda-indiana (Brassica juncea) tem sido a espécie modelo para aumentar a captação de ouro em condições controladas. Resultados de campo indicaram concentrações elevadas após indução química do solo.

Outro grupo relevante são espécies do gênero Alyssum, famosas por hiperacumular níquel e base de projetos comerciais de fitomineração de Ni, referência para o desenho agronômico da técnica.

Como o ouro entra na planta e como é recuperado

O ouro no solo é pouco solúvel. Pesquisadores usam agentes lixiviantes para “mobilizar” o metal, como tiossulfato ou cianeto em concentrações controladas, permitindo que as raízes absorvam o ouro. É etapa técnica e regulada.

Uma vez absorvido, o ouro se acumula como nanopartículas em tecidos, especialmente folhas e caules. Não são pepitas visíveis. A planta é então colhida e incinerada; as cinzas ricas em metal seguem para processos metalúrgicos.

Esse fluxo de “grow–harvest–burn–refine” é o cerne da fitomineração. Eficiência depende do teor no solo, da espécie e do manejo químico.

Atenção: por envolver reagentes e emissões, o processo exige licenças ambientais e infraestrutura. Não é indicado nem permitido como hobby doméstico.

O que já foi testado e quais os limites

Ensaios de campo no início dos anos 2000, incluindo o uso de Brassica juncea, relataram teores de ouro vegetais dezenas de mg/kg após indução do solo. Esses estudos validaram a prova de conceito, mas também mostraram variação alta e desafios de escala.

Revisões técnicas destacam que a rota do ouro ainda enfrenta limitações econômicas e de segurança operacional quando comparada à rota de níquel, hoje considerada a mais madura em termos de fitomineração.

Há também restrições geológicas: é preciso que o solo tenha ouro, mesmo que em traços, e condições adequadas de pH, matéria orgânica e drenagem. Em climas áridos, há resultados promissores, porém dependentes de manejo preciso.

Brasil: onde a técnica se encaixa

No Brasil, grupos acadêmicos estudam fitotecnologias para recuperar áreas contaminadas por mineração. Revisões em português apontam o potencial da fitomineração e reforçam a viabilidade maior para níquel hoje.

Aplicações prioritárias incluem rejeitos e áreas degradadas, com foco em remediação ambiental e possível coprodução de metais. Para ouro, a tendência é usar a fitomineração de forma complementar em ambientes com teor baixo e logística favorável.

Para o público geral, o recado é simples: não existe “vaso de planta que fabrica ouro” em casa. Existe pesquisa séria que combina botânica, solo e metalurgia para recuperar valor onde a mineração convencional falha.

Você acha que o Brasil deve incentivar pilotos de fitomineração em rejeitos para recuperar áreas e gerar renda, ou o risco químico e o retorno incerto ainda não justificam políticas públicas específicas?

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Geovane Souza

Especialista em criação de conteúdo para internet, SEO e marketing digital, com atuação focada em crescimento orgânico, performance editorial e estratégias de distribuição. No CPG, cobre temas como empregos, economia, vagas home office, cursos e qualificação profissional, tecnologia, entre outros, sempre com linguagem clara e orientação prática para o leitor. Universitário de Sistemas de Informação no IFBA – Campus Vitória da Conquista. Se você tiver alguma dúvida, quiser corrigir uma informação ou sugerir pauta relacionada aos temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: gspublikar@gmail.com. Importante: não recebemos currículos.

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