O Brasil avança na transição energética com novos projetos do Plano Nacional, que somam investimentos bilionários em biometano, gasodutos e hubs energéticos
Publicado em setembro de 2025, o primeiro Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano (PNIIGB), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), representa um marco na política energética brasileira.
Com previsão de R$ 42 bilhões em investimentos, o plano contempla 14 projetos estratégicos que visam expandir a malha de gasodutos e hubs energéticos, além de integrar o biometano ao sistema nacional de transporte de gás.
O que é o Plano Nacional de Infraestruturas de Gás e Biometano?
O Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano é um documento técnico que estabelece diretrizes para o desenvolvimento coordenado da oferta, demanda e infraestrutura desses insumos no Brasil. Coordenado por Heloisa Borges, diretora da EPE, o plano está em consulta pública até 28 de outubro de 2025.
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São 14 projetos com potencial de transformar o setor energético nacional. A proposta inclui estações de compressão, unidades de processamento de gás natural (UPGNs), gasodutos de transporte e escoamento, além de hubs de biometano. A extensão total dos gasodutos ultrapassa 2.300 km.
Investimentos bilionários e impacto econômico
O plano prevê investimentos superiores a R$ 42 bilhões, com expectativa de gerar mais de 90 mil empregos e impacto de R$ 20 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) durante os períodos de implantação.
Esses números evidenciam o potencial transformador do plano. Além de fortalecer a infraestrutura energética, os projetos impulsionam o desenvolvimento regional e a descarbonização da matriz energética.
Projetos estratégicos: gasodutos e hubs energéticos em destaque
Gasoduto Conexão Brasil-Argentina
Um dos projetos mais ambiciosos é o gasoduto Conexão Brasil-Argentina, que visa aproveitar o gás de folhelho produzido no país vizinho — a segunda maior reserva mundial. O duto terá:
- 24 polegadas de diâmetro
- 593 km de extensão
- Capacidade de transporte de 15 milhões de m³/dia
- Pressão de projeto de 75 kgf/cm²
- Investimento estimado em R$ 8,9 bilhões
Esse projeto fortalece a integração energética regional e amplia a segurança do abastecimento nacional.
Corredor Pré-Sal Sul da NTS
Outro destaque é o Corredor Pré-Sal Sul, que prevê:
- Duplicação dos gasodutos GASJAP e GASCAR
- Expansão de três estações de compressão
- Construção da nova estação em Piracaia (SP)
- Criação do gasoduto GASDUT com 294,5 km de extensão
- Investimento de R$ 7,7 bilhões
A proposta melhora a capacidade de escoamento do gás do pré-sal, otimizando o aproveitamento dos recursos naturais.
Escoamento dos campos de Bacalhau e Aram
Na Bacia de Santos, o plano contempla o escoamento e processamento do gás dos campos de Bacalhau e Aram até Cubatão (SP). Sem infraestrutura adequada, parte do gás precisaria ser reinjetada, reduzindo seu valor energético.
- Gasoduto de 360 km
- Investimento de R$ 5 bilhões
Esse projeto evita desperdícios e maximiza o retorno econômico do gás natural associado.
Biometano como vetor de sustentabilidade
O plano também propõe alternativas para conectar hubs de biometano à malha de transporte nacional. A ideia é integrar polos de produção ao sistema, permitindo que consumidores tenham acesso ao insumo renovável.
Nesta primeira edição, foram incluídos dois projetos:
- São Carlos (SP)
- Porecatu (PR), ligado ao sistema por gasoduto até Bilac (SP)
O biometano é peça-chave na transição energética brasileira. Ao viabilizar sua distribuição, o plano contribui para a descarbonização dos portfólios energéticos industriais.
Além disso, o uso do biometano reduz emissões de gases de efeito estufa, promove o reaproveitamento de resíduos orgânicos e fortalece a economia circular.
Infraestrutura e logística: desafios técnicos e regulatórios
A execução dos projetos exige soluções técnicas robustas. Entre os principais desafios estão:
- Licenciamento ambiental
- Viabilidade econômica
- Integração com sistemas existentes
- Seleção pública dos projetos mais vantajosos
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) será responsável pelas próximas etapas, incluindo a outorga das autorizações por meio de processo seletivo público.
A governança regulatória será essencial para garantir a transparência e a eficiência na implementação dos projetos.
Expansão dos gasodutos e hubs energéticos: oportunidades regionais
A expansão da infraestrutura de gás e biometano abre oportunidades para diversas regiões do país. Estados como São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo estão entre os mais beneficiados.
A interiorização da malha de gasodutos promove inclusão energética e desenvolvimento local. Municípios antes isolados passam a ter acesso a fontes energéticas mais limpas e competitivas.
Além disso, a criação de hubs energéticos estimula a instalação de indústrias, reduz custos logísticos e atrai novos investimentos privados.
Benefícios econômicos e ambientais do Plano Nacional
A implementação do Plano Nacional trará benefícios diretos e indiretos para o Brasil:
Benefício | Detalhes |
Geração de empregos | Mais de 90 mil postos durante a implantação dos projetos |
Expansão da infraestrutura | Mais de 2.300 km de novos gasodutos e hubs energéticos |
Crescimento do PIB | Impacto superior a R$ 20 bilhões na economia nacional |
Segurança energética | Diversificação da oferta e redução de gargalos logísticos |
Sustentabilidade | Integração do biometano e incentivo à descarbonização industrial |
Esses resultados reforçam a importância de políticas públicas bem estruturadas e alinhadas com os objetivos de longo prazo do setor energético.
O papel estratégico do Plano Nacional para o futuro energético do Brasil
O Plano Nacional de Infraestruturas de Gás e Biometano representa uma virada estratégica na forma como o Brasil planeja e executa sua política energética. Ao integrar o biometano e expandir os gasodutos e hubs energéticos, o país fortalece sua competitividade, reduz vulnerabilidades e avança na direção de uma matriz mais limpa e eficiente.
A consulta pública aberta até outubro de 2025 é uma oportunidade para a sociedade contribuir com esse processo. Participar desse debate é essencial para garantir que os projetos atendam às necessidades reais da população e do setor produtivo.
Com investimentos robustos, visão de longo prazo e foco na sustentabilidade, o plano tem potencial para transformar o Brasil em referência global em infraestrutura energética integrada.