Plano Clima divide governo e agronegócio antes da COP 30 em Belém. Impasse pode afetar produção e exportação brasileiras.
Plano Clima divide governo e agronegócio às vésperas da COP 30
O Plano Clima, que será o tema central da COP 30 em Belém, colocou o governo e o agronegócio em rota de colisão.
A menos de um mês da conferência, representantes do setor rural contestam pontos do documento que atribuem ao agro grande parte da responsabilidade pelas emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com o texto, as principais emissões brasileiras vêm do desmatamento e, em seguida, da pecuária, principalmente pelo processo digestivo do gado.
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No entanto, lideranças rurais argumentam que o setor não pode ser tratado como vilão, já que o país é líder mundial em produção e exportação de alimentos.
Por que o agronegócio contesta o Plano Clima
O impasse nasce porque o Plano Clima responsabiliza diretamente a agropecuária por problemas como desmatamento ilegal, queimadas e invasão de terras.
Para figuras históricas do setor, como o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, essa abordagem desconsidera os avanços do agro em sustentabilidade e coloca em risco a imagem internacional do Brasil.
Rodrigues, criador do Plano Safra no primeiro governo Lula, já havia deixado o ministério em 2006 após divergências com a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Agora, quase 20 anos depois, os dois voltam a se encontrar em lados opostos. Marina é considerada a “mãe do Plano Clima” e defende a cobrança mais dura do setor, enquanto Rodrigues pressiona por mudanças no texto.
COP 30: palco da disputa entre agro e governo
A COP 30, que acontecerá em Belém, será o espaço onde esse embate poderá ganhar proporções internacionais.
O agronegócio quer mostrar que o Brasil é “o maior produtor e exportador de alimentos do mundo” e não aceita carregar sozinho a culpa pelas emissões.
Segundo Rodrigues, se o governo não alterar o Plano Clima, terá que encontrar alguém que represente o agro dentro da conferência.
Caso contrário, diz ele, o Brasil corre o risco de “entregar de bandeja tudo o que europeus e americanos querem para bloquear nossa agropecuária”.
Impactos na produção e exportação brasileira
Especialistas alertam que, se não houver consenso, a disputa pode afetar diretamente a produção e exportação brasileiras.
Isso porque países compradores, especialmente da União Europeia, vêm endurecendo suas regras ambientais e podem usar o Plano Clima como justificativa para impor barreiras ao agronegócio.
Assim, o Brasil corre o risco de perder espaço no mercado internacional justamente em um momento em que a demanda global por alimentos cresce.
Ao mesmo tempo, o setor teme que medidas mal calibradas desestimulem investimentos e travem a expansão produtiva.
Caminhos para um acordo no Plano Clima
Apesar do clima de tensão, há espaço para negociação. O governo busca equilibrar compromissos ambientais com a importância econômica do agro.
O desafio é encontrar um ponto de convergência que permita ao Brasil apresentar resultados concretos na COP 30 sem prejudicar sua posição como potência agrícola.
Por isso, interlocutores acreditam que ajustes de última hora no Plano Clima podem ser a saída para evitar um desgaste maior.
Para o agro, reconhecer seus avanços em tecnologias sustentáveis e em aumento da produtividade sem ampliar o desmatamento seria um passo essencial.
O que esperar da COP 30
A conferência em Belém promete ser um divisor de águas para o Brasil. De um lado, o governo quer mostrar protagonismo climático. Do outro, o agronegócio exige que sua relevância na produção e exportação global seja respeitada.
No centro dessa disputa está o Plano Clima, que pode se transformar em bandeira política ou em ponto de conciliação.
A resposta só virá quando a COP 30 abrir suas portas e o mundo voltar os olhos para o papel do Brasil no equilíbrio entre preservação ambiental e força produtiva.