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Pix do Banco Central: rival da Visa e Mastercard movimenta R$ 26,5 trilhões por ano com só 30 pessoas, 9 na segurança e custo quase simbólico

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 22/10/2025 às 15:58
Pix movimenta trilhões com equipe enxuta e baixo custo. Banco Central reforça segurança e enfrenta aumento de fraudes.
Pix movimenta trilhões com equipe enxuta e baixo custo. Banco Central reforça segurança e enfrenta aumento de fraudes.
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Sistema criado pelo Banco Central movimenta trilhões por ano com equipe enxuta e orçamento simbólico, enquanto enfrenta alta de fraudes e debate sobre autonomia financeira para ampliar investimentos em segurança e infraestrutura.

O Pix, sistema de pagamento instantâneo do Banco Central (BC), movimentou R$ 26,5 trilhões em 2024 e, entre janeiro e setembro de 2025, somou R$ 25,1 trilhões, segundo dados da própria autarquia.

Toda a operação é mantida com um orçamento anual de R$ 68 milhões e uma equipe de 30 servidores, dos quais 9 trabalham na prevenção de fraudes.

Conforme informações do portal Poder 360, o montante representa 0,0003% do valor total movimentado em 2024 e equivale a R$ 10,54 por ocorrência, considerando as 6,45 milhões de fraudes registradas no mesmo ano.

Custo e escala do sistema

O Pix foi criado para permitir transferências e pagamentos instantâneos, disponíveis 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Desde o lançamento, em 2020, o sistema se consolidou como uma das principais formas de movimentação financeira do país.

De acordo com o Banco Central, os R$ 68 milhões anuais são destinados à manutenção, segurança e desenvolvimento da plataforma, incluindo atualizações tecnológicas e ajustes nas normas operacionais.

Especialistas em regulação financeira apontam que o orçamento é baixo em proporção ao volume movimentado, mas destacam que o modelo do Pix distribui parte relevante dos custos entre os bancos e instituições de pagamento participantes, que são responsáveis pela infraestrutura operacional, autenticação dos usuários e monitoramento das transações.

Estrutura humana e risco operacional

A gestão do Pix está concentrada no Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro (Decem), por meio da Gerência de Gestão e Operação do Pix (Gepix).

Segundo o BC, são 30 servidores alocados na área, com 9 dedicados à prevenção de fraudes.

Para o advogado Luciano Timm, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-secretário nacional do Consumidor, a estrutura reduzida pode representar um risco operacional para o Estado.

Ele afirma que “a União, por meio do Banco Central, pode acabar sendo responsabilizada pelos danos causados às vítimas — sejam pessoas físicas ou jurídicas — em razão de eventuais falhas na estrutura de segurança e supervisão do sistema”.

O BC, em resposta, informou que “a segurança é um dos pilares do Pix” e que o sistema se apoia em seis dimensões de proteção: autenticação dos usuários, rastreabilidade das operações, tráfego seguro, cooperação com autoridades públicas, regras de funcionamento e diálogo permanente com especialistas.

O órgão acrescenta que as instituições financeiras e de pagamento devem se responsabilizar por fraudes que ocorram devido a falhas em seus próprios mecanismos de gerenciamento de risco.

Fraudes e aprimoramento do MED 2.0

O aumento no uso do Pix tem sido acompanhado por crescimento no número absoluto de fraudes.

De acordo com o BC, 6,45 milhões de ocorrências foram registradas em 2024, média de aproximadamente 500 mil por mês.

Para enfrentar o problema, a autarquia afirma ter aperfeiçoado o Mecanismo Especial de Devolução (MED 2.0), que permite a recuperação de valores em casos de fraude, e implementado o bloqueio automático de chaves Pix marcadas como suspeitas.

Entre janeiro e setembro de 2025, o índice de solicitações de devolução via MED foi de 5 fraudes a cada 100 mil transações.

O Banco Central informa que acompanha continuamente esses indicadores e realiza ajustes quando necessário.

Responsabilidade e fiscalização

O modelo regulatório do Pix define que as instituições participantes — como bancos e fintechs — são responsáveis por indenizar usuários quando as fraudes resultam de falhas em seus controles internos.

O Banco Central atua como gestor do arranjo e fiscalizador, estabelecendo regras, monitorando o funcionamento do sistema e aprimorando mecanismos como o MED 2.0 e o bloqueio preventivo de chaves.

Especialistas em direito digital observam que há divergências judiciais sobre a responsabilidade em casos de golpes, principalmente quando as fraudes envolvem engenharia social ou redes criminosas complexas.

Segundo essas análises, a cooperação entre instituições financeiras e autoridades de segurança é considerada essencial para reduzir o tempo de resposta e aprimorar as investigações.

Eficiência e desafios de segurança

A operação do Pix com baixo custo administrativo é vista por analistas como um exemplo de eficiência na gestão pública, especialmente em um sistema que movimenta trilhões de reais anualmente.

Especialistas em segurança cibernética alertam que a sofisticação dos golpes exige investimentos contínuos e monitoramento constante para manter a confiança dos usuários.

Fontes ligadas ao setor financeiro afirmam que a padronização de boas práticas, a integração com bases de dados públicas e a interoperabilidade entre sistemas antifraude podem reforçar a proteção sem elevar significativamente os custos das operações.

Autonomia do Banco Central e a PEC 65/2023

A discussão sobre o financiamento do Pix se relaciona à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/2023, que amplia a autonomia financeira, fiscal e orçamentária do Banco Central.

O relator da proposta, senador Plínio Valério (PSDB-AM), argumenta que a medida é necessária para modernizar a instituição e garantir recursos próprios para investimentos em infraestrutura e pessoal.

O texto ainda aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

De acordo com o parlamentar, “a proposta serve para blindar o Pix ao fortalecer a gestão do BC”.

Especialistas em política monetária afirmam que, caso a PEC seja aprovada, o BC poderia ter mais flexibilidade orçamentária para investir em áreas estratégicas, como segurança digital e inovação tecnológica.

Segurança do usuário e cooperação institucional

O Banco Central reforça que a segurança do Pix depende também da colaboração dos usuários.

A recomendação é verificar o destinatário antes de confirmar transferências, não clicar em links suspeitos e manter os aplicativos bancários atualizados.

As instituições financeiras complementam essas medidas com sistemas de detecção de anomalias e limites dinâmicos de transação, que variam conforme o perfil de cada cliente.

Segundo o BC, as chaves Pix associadas a fraudes são bloqueadas temporariamente até a conclusão das análises.

O órgão destaca ainda a importância da cooperação com órgãos de segurança pública para reduzir o tempo de resposta e evitar reincidências.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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